Fonte foto – Imagem pertencente à Sociedade de Veteranos MMDC, núcleo de Jaguariúna
PROJETO DE LEI N° 99/2015
A presente propositura visa homenagear Maria José Bezerra, realizando o devido reconhecimento pela força, coragem, patriotismo e abnegação dessa mulher limeirense, pela sua participação na revolução constitucionalista de 1932, tendo dado sua contribuição ativa na construção da história do país.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre. – Vista parcial de Limeira a partir do Jardim Planalto
Maria José Bezerra, negra filha de escravos, paulista da cidade de Limeira, nascida aos 9 de dezembro de 1885, trabalhava como cozinheira, mas, após a casa onde trabalhava ter sido alvejada durante a revolução de 1932, esta trocou o avental por uma farda e juntou-se aos seus irmãos negros nessa batalha, abandonando assim os quitutes de caçarola em favor das armas.
Fonte foto – https://ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/3646/os-negros-na-revolucao-constitucionalista-de-1932–uma-reflexao –
Marcou a passagem feminina na revolução de 1932, alistou-se como enfermeira, mas acabou de fuzil na mão, tendo combatido no setor Sul do Estado e lutado nas cidades de Buri, Ligiana e Itararé, como integrante da Legião Negra. No calor da luta, alinhou-se à frente de combate, tendo lutado arduamente pela caus constitucionalista; a proeza de combatente lhe valeu o apelido de “Maria Soldado”.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Mapa ilustrado dos combates em São Paulo.
Sobre Maria Soldado falou o jornal A Gazeta, na sua edição de 05 de setembro de 1932 “Uma mulher de cor, alistada na Legião Negra, vencendo toda a sorte de obstáculos e as durezas de uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno entrincheiramento na frente do sul, descrevendo a página mais profundamente comovedora, mais cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos para o inimigo, MARIA DA LEGIÃO NEGRA! Mulher abnegada e nobre da sua raça.”
Fonte foto – http://renovacaonegra.blogspot.com/2012/07/revolucao-constitucionalista-de-1932-o.html
Foi escolhida como a “Mulher Símbolo de 32” no Jubileu de Prata da Revolução de 32, a mais alta honraria que uma mulher podia almejar, o que demonstrava a admiração e respeito dos ex-combatentes. Maria Soldado trabalhava para família Penteado Mendonça e
o Sr. Antônio Penteado Mendonça relata em entrevista ao Jornal da Tarde em 13 de dezembro de 1998:
[…] a minha cozinheira era a famosa Maria Soldado. Maria Soldado é uma das figuras mais bonitas da Revolução de 32. Era uma negra, que estava cozinhando para minha tia Nicota Pinto Alves. Um dia Maria Soldado desapareceu. Ninguém sabia dela. E eis que ela retorna, vestida de soldado, com uns 20 ou 30 companheiros, índios e negros, e disse: „Nós vamos ingressar na Legião Negra”, e foram todos, inclusive Maria Soldado, lutar com bravura nas trincheiras paulistas. Depois disso, Maria Soldado ficou sendo um símbolo de 32 e está hoje enterrada no Mausoléu da Revolução. (MENDONÇA apud DOMINGUES, 2003 p. 225) 2
Fonte – http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,M1204015,61044-Participacao+da+mulher+na+Revolucao+de+32+e+marco+importante+para
Fato ou folclores, há relatos que Maria José Bezerra alistou-se como homem, mas sua identidade feminina só foi descoberta somente após ter combatido na linha de frente e ter sido ferida Após a revolução de 1932, Maria Soldado voltou à sua vida de empregada doméstica, mas sempre se manteve presente nas manifestações estudantis contra a Ditadura. Terminou sua vida vendendo doces e salgados no Hospital das Clínicas, na cidade de São Paulo. Apesar de sua importante participação na história do Estado e do país, em 11 fevereiro de 1958.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Seus restos mortais repousam no panteão dos heróis da Revolução, simbolizado pelo grande obelisco no Parque do lbirapuera, na cidade de São Paulo e parte de sua história é contada no livro “A Legião Negra — a luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932” do jornalista Oswaldo Faustino. A presente homenagem que se busca instituir, se faz necessária, fundamental, pois resgata a história de uma mulher, negra e limeirense que contribuiu de forma heroica para a história brasileira, que no entanto, permanece desconhecida para a cidade de Limeira e seus munícipes.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Ribeirão Tatuíbi com a cidade de Limeira ao fundo.
São merecidas todas as homenagens e honrarias possíveis de serem dispensas, devendo-se avaliar ainda a possibilidade de Maria Soldado figurar ao lado do combatente Alberto Pierrotti, o “Sargento Pierrotti”, que hoje possui um monumento à sua memória e dos combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932 no largo do Cemitério Saudade.
PROJETO DE LEI N° 99/2015
(Autor: Wilson Nunes Cerqueira — Partido dos Trabalhadores)
(Cidadão Legislador: José Galdino de Souza Clemente)
“Perpetua o nome de ‘MARIA SOLDADO’ (Maria José Bezerra) em uma das ruas, avenidas, praças ou logradouros públicos no Município de Limeira”.
Fonte foto – Imagem pertencente à Sociedade de Veteranos MMDC, núcleo de Jaguariúna
Art. 1° – Fica perpetuado o nome de ‘MARIA SOLDADO”
(Maria José Bezerra) em uma das ruas, avenidas, praças e logradouros
públicos do Município de Limeira.
Art. 2° – As despesas decorrentes com a presente Lei
correrão por conta de verbas próprias do orçamento vigente, suplementadas se necessário.
Art. 3° – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
revogando as disposições contrário.
Plenário “Vereador Vitório Bortolan”, aos oito dias do mês de maio do
ano de dois mil e quinze.
Fonte – http://siave.limeira.sp.leg.br/arquivo?id=47262
Data | 9 de julho de 1932 – 2 de outubro de 1932 |
Local | Todo o estado de São Paulo e o sul do Mato grosso (atual Mato grosso do Sul), Minas Gerais e Rio grande do Sul |
Desfecho | Vitória militar do Governo Provisório; Constituição brasileira de 1934 |
Fonte – http://siave.limeira.sp.leg.br/arquivo?id=47262