Foto – Origem – Wikipédia, a enciclopédia livre. Dia da Consciência Negra, por Latuff
Por Adinaldo Souza
De um lado há um candidato que cujo plano de governo promoverá Políticas de Igualdade Racial deixando de ser retórica partidária em épocas eleitoreiras para materializar-se em uma agenda nacional de governo que contempla demandas históricas da população negra brasileira que hoje perfaz 54% da demografia brasileira, conforme registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.
Foto – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Números da pesquisa atualizados no texto.
O Plano invoca a promoção da igualdade racial e a garantia de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais dos povos indígenas e negros. Igualdade secularmente negada e sem a qual não se pode admitir a existência de um Estado Democrático de Direito e sim um Estado Faz de Conta de Democracia. Iniciado a partir da abolição da escravidão e a conseqüente proclamação da república e só. Só, aqui figurado, significa tudo que há de pior existente em uma sociedade, que nunca vê a sua população negra como humana, como merecedora de direitos, impõem à ela ser mera destinadora de obrigações e desta forma naturalizar os maus tratos à ela dirigidos.
Foto – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O conjunto de políticas afirmativas interagir-se-á na administração direta, autárquica, fundacional e empresas estatais. Também discorre da imperativa necessidade de combater a discriminação racial no Sistema Único de Saúde (SUS), pois é escandalosamente sabido que as mulheres negras em trabalho de parto recebem menos anestesias que as mulheres brancas, sob a convenção de que as mulheres negras são mais resistentes a dor; ora veja, a implacabilidade do racismo brasileiro despreza qualquer limite humano na sua ação. Haverá também, entre outras, iniciativas de aumentar significativamente a presença de mulheres e homens negros nas instâncias de decisão do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Ministério Público; bem como haverá a proposição para a elaboração e implementação do Plano Nacional de Redução da Mortalidade da Juventude negra.
Foto – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre – Comemorações do Dia da Consciência Negra no Quilombo dos Palmares.
Do outro lado há um candidato que em palestra recentemente proferida no Clube Hebraica no Rio de Janeiro disse que em visita a um Quilombo o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Que não fazem nada e acha que nem pra procriador ele serve mais. Que mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles. Prometeu que caso seja eleito presidente não vai ter dinheiro pra ONG e que estes vagabundos vão ter que trabalhar. Que não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola. Ele perguntou à platéia se já viu um japonês pedindo esmola por aí? E o próprio respondeu que não porque é uma raça que tem vergonha na cara, que não é igual a essa raça que ta aí embaixo…
Foto – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Trata-se, portanto, de uma eleição com dois lados fundamentalmente demarcados entre a civilidade e a barbárie. Para além da população negra, é verdade. Mas principalmente para com a população negra.
Por Adinaldo Souza
O brilhante artigo de Adinaldo Souza demonstra a ambiguidade em que se encontra a sociedade brasileira contemporânea. De um lado a opção oferecida por um partido politico inexpressivo e igual candidato, o qual sem nenhum recato apregoa abertamente seu ideal politico com vistas a adoção de praticas racistas e homofóbicas, com questionável legalidade. De outro a possibilidade de a população negra brasileira conseguir preservar parte de suas poucas, porem muito importantes conquistas sociais. Não se tratando portando de uma eleição regular para a investidura de postulantes aos Poderes constituídos, mas sim tratando-se de uma eleição que inscreve um divisor de paradigmas visando-se especialmente não trocar a democracia pela barbárie. A população negra brasileira não pode tornar-se útil para eleger candidatos que irão trabalhar contra os seus próprios interesses. Parabéns ao Jornal Vida Brasil Texas por promover o debate em torno deste importante assunto para a comunidade brasileira.
As eleições, após a Constituição de 88 ,é uma ferramenta importante na construção da emancipação da cidadania do povo negro no Brasil. A partir dela todos os negros passaram a ter o direito ao voto porque garantiu-se o direito do voto ao analfabeto.O fortalecimento institucional do combate ao racismo e a promoção da igualdade racial ampliou-se com a pressão que os diversos setores do movimento negro fez e faz ao Estado Brasileiro exigindo reformas que objetivam a efetiva igualdade racial.
A luta entre a civilização e a barbárie definem bem as atuais eleições atuais no Brasil porque expressa disputa entre o avanço e o retrocesso do combate ao racismo.
Quanto conhecimento e clareza nas explanações, parabéns pelo artigo!
Adinaldo, este texto define bem o contraste entre os dois candidatos. Infelizmente está muito difícil levar este diálogo a quem precisa dele. Tempos difíceis se aproximam, independente do vencedor das urnas. Nunca foi fácil, nem seria agora. Lutar sempre.
Adinaldo, excelente e muito oportuna a matéria, pena que em nosso próprio meio ainda exista resistência à nossas conquistas, que aliás são poucas pelo muito que nos devem.
Mas como dizia minha avó, o que não nos mata nos fortalece.
Brilhante texto estou encaminhando para aos companheiros do COMPIR de Sumaré, Campinas e Região, tamanha a importância dele
Excelente e triste constatação. Uma pena que conteúdo de propostas e possibilidades de futuro estejam sendo deixados de lado em nome do egocêntrico e simplista ódio, o que evidencia que a preocupação de muitos (muitos negro inclusive) sobre questões relacionadas à igualdade material nunca passou de uma mera retorica vazia. Não se importam com a própria realidade . Talvez nunca tenham se importado efetivamente.
Ótima matéria, Adinaldo. Política de Igualdade Racial é coisa séria e não apenas uma retórica vazia em tempos
eleitoreiros. É preciso colocá-la em prática após as eleições, através de uma agenda nacional de governo.
Parabéns, Adinaldo e o Jornal Vida Brasil Texas pela brilhante matéria,o Pais foi construído da exploração de uma população que hoje tem pouco acesso a educação, a cargos de chefia, enfim, previlégios que a população branca tem, até quando vamos suportar, não devemos desistir nunca das nossas conquistas. I HAVER DREAM