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Por Adinaldo Souza
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Isto não terá fim?
Desde o século dezesseis é assim!
Negros humilhados, torturados, assassinados; sem fim!
Está naturalizado Brasil? O teu regozijo não tem fim?
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Não há mais que derramar lágrimas; basta.
Tampouco rezar rezas para o nada; basta.
Quantos filhos ainda à ser enterrados? basta.
Tantas dores, dissabores, corações dilacerados; basta.
A vida negra faz quinhentos anos que não importa; basta.
Santo Deus dos cristãos! Na tua vontade não existe um basta?
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A Casa Grande com seus capitães do mato; mata
A Segurança que assegura a Casa Grande; mata
O Estado que acoberta a Segurança; mata
Não há ilusão, quando a vontade é matar; mata
*
Negro brasileiro, construístes este Brasil
Cujas costas varonil a ti chicotearam
Não tens ideia da riqueza que produzistes
Pra estes mesmos que até hoje te achincalham
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Ouças o som do clarão nunca apagado, ainda que tentado
E o eterno retumbar sincronizado das vozes d’um passado
Que se faz saudar num completo alegrar a ancestralidade
Que desde sempre o rufar dos tambores faz avistar a liberdade.
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Liberdade tanto querida, nunca esquecida, todavia nunca vivida
A quinhentos anos tem sido assim e assim sempre tenderá
A casa grande nunca foi perseguida e se achando querida, querida se achará
Povo negro, meio milênio, não há milagre a esperar; dignidade preta já.
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Por Adinaldo Souza