Uso do narguilé por adolescentes será igualado ao consumo de cigarros e bebidas alcoólicas
Proposta pode ir para voto no Senado se não houver recurso ao plenário
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, nesta terça-feira (3), projeto que proíbe a venda de cachimbos, narguilés, piteiras, papéis para enrolar cigarro e outros produtos fumígenos a crianças e adolescentes. Caso não tenha recurso para análise pelo plenário, a matéria segue para apreciação do Senado.
O PL 4431/16 altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para incluir a proibição desse tipo de produto. Atualmente, a lei já impede comercialização de itens cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, como os cigarro comum e bebidas alcoólicas, mas ainda deixa brechas com relação ao uso de cachimbos e cigarros artesanais por menores de idade.
Ao justificar sua iniciativa, o deputado Antônio Bulhões (PRB-SP) afirmou que a difusão do hábito de fumar narguilé tem tornado essa forma de tabagismo sedutora para os adolescentes, criando uma nova geração de dependentes.
Segundo o deputado, especialistas apontam que uma sessão de narguilé pode equivaler ao consumo de 100 cigarros, com relação à absorção de nicotina, alcatrão e outras substâncias
Compartilhamento pode acarretar transmissão de doenças
Publicado em 03/09/2015 – Por Aline Leal – Repórter da Agência Brasil Brasília
Arthur Chioro apresenta dados da Pesquisa Nacional de Saúde sobre o uso do narguilé, malefícios do consumo e perfil de uso dos brasileiros
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde indicam que mais de 212 mil brasileiros maiores de 18 anos admitem usar narguilé. Muito difundido entre os jovens, o uso desse tipo de fumo entre 20 e 80 minutos é equivalente a fumar 100 cigarros. Nos últimos cinco anos, mais que dobrou o uso de narguilé entre homens jovens (entre 18 e 24 anos).
Assim como o uso de cigarros, o uso de narguilé contribui para o surgimento de doenças respiratórias, coronarianas e tipos de câncer de pulmão, boca, bexiga e leucemia. O compartilhamento do produto, algo que pode ser considerado uma atrativo para os jovens, também pode acarretar a transmissão de doenças infectocontagiosas como herpes, hepatite C e tuberculose.
Segundo o coordenador de Ensino do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Felipe Ribeiro, diferentemente do que é dito por quem usa e por quem comercializa, o filtro de água do narguilé não tem nenhum efeito de diminuição dos malefícios.
“É como se você pegasse 100 cigarros e consumisse todos eles sem qualquer filtro”, afirmou Ribeiro. Para o especialista, este tipo de fumo é mais perigoso do que o cigarro por causa do nível de exposição.
“Parece inofensivo, mas fumar narguilé é como fumar 100 cigarros”, é o tema da campanha de combate ao hábito. De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o narguilé é extremamente preocupante, nocivo e seus malefícios têm de ser divulgados. Segundo o coordenador do Inca, o mesmo composto que provoca o vício do cigarro (a nicotina) está presente e em doses bem maiores no narguilé.
Na pesquisa, entre os que afirmaram que fumam diriamente o “cachimbo de água”, 63% tem entre 18 e 29 anos. Com esta informação, a campanha do Ministério da Saúde será voltada para o público jovem e será divulgada pela internet, rádio e cartazes.
Arthur Chioro destacou que as regras do cigarro também valem para o narguilé. “A ele se imprime todas as regras de restrição ao uso de tabaco e seus derivados, particularmente ao uso deles em locais fechados.”
Entre os que usam narguilé, 53% disseram que o fazem esporadicamente, 13% uma vez por mês, 27% semanalmente e 7% afirmaram consumir diariamente.
Valter Campanato/Agência Brasil) Publicado em 03/07/2018 – Por Heloisa Cristaldo Repórter da Agência Brasil Brasília
Narguilés
Etimologia
A palavra “narguile” é originária dopersa nargileh ou nārgila, coco. Em francês , é pronunciada de forma oxítona, forma que influenciou a grafia oxítona registrada em dicionários, “narguilé“, mais comumente pronunciada, no Brasil, “narguilê”. A palavra “arguile” – que reflete a pronúncia mais comum em países árabes – também provém de “narguile”, com a perda do “n” inicial. O nome alternativo “xixa” (em inglês, shisha) provém do árabe e, em alguns lugares, é usada para se referir apenas ao fumo usado; em outras, a todo o aparato. Em inglês, é também chamado water pipe (literalmente, “cachimbo de água”), sendo também usual o nome hookah, originário da Índia .
Origem
O narguilé tem origem no Oriente . Uma das versões da história de sua origem é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século pelo médico Hakim Abul Fath como um método para retirar as impurezas da fumaça. Quando chegou à China, passou a ser utilizado para fumar o ópio, e assim permaneceu até a revolução comunista chinesa, no fim da década de 1940. Na mão dos árabe, o cachimbo de água foi rapidamente incorporado para ser apreciado em grupo, acompanhado de café eprosa. Existem evidências históricas de narguilés na Pérsa e na Mesopotâmia. As peças mais primitivas eram feitas com madeira e um coco que fazia o lugar do corpo (o nome origina-se do persa nargileh ou nārgila, que significa “coco”).
Partes
O narguile é formado pelas seguintes peças:
Base (jarro ou vaso): peça central do narguilé; assemelha-se a um vaso. É onde se coloca a água (ou, embora não seja tradicional, com outros líquidos, como árabe, sucos ou essêcias naturais). Geralmente, é feita de vidro, metal ou cerâmica; algumas são ornamentadas com desenhos.
Corpo: peça cilíndrica que sustenta o fornilho e conecta-se à base. Na base, projeta um tubo para dentro da água, que conduz a fumaça.
Fornilho (rosh, cabeça ou cerâmica): peça de barro ou cerâmica onde coloca-se o tabaco aromatizado (também chamado de essência) e, por cima deste, o carvão em brasa.
Abafador (laminito): Artefato em metal (muitas vezes descartados), geralmente alto para proteger a brasa do vento , evitando o consumo rápido do carvão.
Mangueira (condutor): é por onde se aspira a fumaça. Uma ponta termina numa piteira, e a outra encaixa-se na parte superior do corpo do narguilé (acima da água). Pode haver mais de uma mangueira para que várias pessoas fumem juntas (porém estes com válvulas especiais, ou do contrário os usuários não poderão “puxar” a fumaça simultaneamente). Em narguilés usados em locais públicos como bares, frequentemente usa-se uma peça plástica removível na ponta da piteira que pode ser lavada ou descartada a cada uso, ao contrário da mangueira em si, que não deve nunca ser lavada, pois pode oxidar, criando, assim, partículas de fuligem que atrapalham a aspiração da fumaça
Funcionamento
Quando se aspira o ar pela mangueira, reduz-se a pressão no interior da base: isso faz com que ar aquecido pelo carvão passe pelo tabaco (essência), produzindo a fumaça. Ela desce pelo corpo até a base e passa pela água, onde é resfriada e filtrada, retendo-se as partículas sólidas. A fumaça segue pela mangueira até ser aspirada pelo usuário e expirada logo em seguida.
Diagrama de funcionamento do narguilé
Fumo
Conhecido popularmente como essência, o fumo para narguilé é feito com tabaco,melaço (um subproduto do açúcar) e frutas ou aromatizantes. Os aromas são bastante variados: encontra-se de frutas (como pêssego, maçã verde, coco), flores, mel e até mesmo coca-cola, vinho e Red Bull. Também é possível encontrar essências não aromatizadas, embora estas progressivamente tenham perdido espaço para as aromatizadas, que, hoje, são muito mais populares.
Limpeza
A limpeza de um narguilé deve ser feita com aparatos especiais, facilmente encontrados em lojas especializadas. Contudo, é possível fazer a manutenção do narguilé utilizando ar comprimido nas peças individuais, como a mangueira. Não é recomendado utilizar água para a limpeza.
Presença na cultura
“ | As tendas abertas por diante deixavam ver os grandes lustres pendentes, os tapetes da Meca e de Damasco, onde se encruzavam as soberbas figuras dos xeques, fumando gravemente o narguilé. | ” |
No livro Alice no País das Maravilhas, a personagem da lagarta azul aparece fumando um narguilé.