Um dos direitos da Constituição Americana é o de liberdade de expressão. E os americanos sempre se orgulharam desse direito – e deveriam – podendo, inclusive, falar abertamente contra o seu presidente, o homem mais poderoso do planeta. Em outros regimes políticos, isso poderia ter sérias consequências, mas não aqui.
Fazendo-se valer desse direito, durante a execução do Hino Nacional americano na temporada de futebol americano de 2016, o jogador Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, se ajoelhou sozinho em protesto contra a brutalidade policial, a injustiça social e racial em relação às pessoas negras dos Estados Unidos. Sua ação surpreendeu e ofendeu os conservadores que viram o ato como antipatriótico.
Na época, Colin citou o crescente número de assassinatos de homens negros nos Estados Unidos por policiais e o fato de que muitos dos envolvidos, se não a maioria, são sempre considerados inocentes. Ele mencionou que “Há corpos nas ruas e policiais afastados sendo pagos seus salários, sem nenhuma consequência.” E, que “Seria egoísta de minha parte olhar para o outro lado.” Argumentou, também, de que seu ato não foi antipatriótico, mas que se recusava a “Honrar uma música ou mostrar orgulho a uma bandeira de um País que oprime pessoas negras.”
Embora a NFL (National Football League), Liga do Futebol Nacional, não admita, Colin Kaepernick acabou sendo despedido por sua manifestação e não foi contratado por nenhum outro time.
Em um de suas coletivas, o presidente Donald Trump disse que a NFL deveria despedir todos os “filhos da p… que desrepeitam a nossa bandeira.” Isso criou uma grande revolta entre os atletas dos esportes mais importantes desse País.
Em suporte a Colin Kaepernick, jogadores de outros times como os Miami Dolphins e Cleveland Browns, se ajoelharam durante o Hino Nacional antes de seus jogos. Alguns jogadores de outros times nem sequer entraram em campo. Os que não se ajoelharam, ficaram atrás dos manifestantes com os braços cruzados como outro sinal de apoio.
Um dos jogadores da NBA (National Basketball Association), Associação Nacional de Basketball, o Stephen Curry , que foi eleito o melhor jogador da liga por dois anos seguidos, recusou o convite do Presidente Trump à Casa Branca, como se é de costume aos times vencedores de seus campeonatos. O Presidente Trump em retaliação, ‘desconvidou’ o jogador, através de uma mensagem por Twitter. A princípio não ficou claro se o presidente estava também ‘desconvidando’ todo o Golden State Warriors, time para o qual o Stephen Curry joga.
A estrela do Cleveland Cavaliers, Lebron James, saiu em defesa do Curry, assim como muitos outros jogadores de alto nível da NBA e também da Fórmula 1, que, teóricamente, nada têm a ver com essa controvérsia.
Os Warriors disseram em um comunicado que “Acreditamos que não há nada mais americano do que os nossos cidadãos ter o direito de expressar-se livremente sobre questões importantes para eles. Estamos decepcionados por não ter tido a oportunidade, durante esse processo, de compartilhar nossas opiniões ou ter um diálogo aberto sobre questões que impactam nossas comunidades.” E acrescentaram: “Em vez de uma visita à Casa Branca, decidimos que usaremos nossa viagem para a capital em fevereiro para celebrar a igualdade, diversidade e inclusão — os valores que abraçamos como uma organização,” agregaram.
Uma nova onda de protestos, que ocorreu no décimo quinto aniversário do 11 de setembro, teve muita repercusão. A supermodelo Kate Upton decidiu que era hora de protestar contra os protestos do Hino Nacional. Ela twitou a sua revolta com os jogadores, criticando-os, pois deveriam “Se orgulhar de serem americanos e apoiar as pessoas que protegem a nossa liberdade”.
Em sinal de protesto contra jogadores e seus times, torcedores fiéis de vários times de futebol americano queimaram camisetas e outras parafernálias dos seus times. Alguns, inclusive, juraram nunca mais ir aos estádios ou torcer para o seu time de coração outra vez.
Todas essas manifestações têm causado um certo temor entre as pessoas. Alguns acham que tudo isso pode causar uma maior separação racial que há séculos se tentam eliminar neste País. Outros dizem que o Presidente dos Estados Unidos deveria se preocupar com assuntos de maior relevância, tais comos resolver os estragos causados pelos últimos furacões que arrasaram dezenas de cidades americanas; os conflitos com a Coreia do Norte e os diversos problemas domésticos, incluindo a previdência social, dentre outros.
Contribuição de Valter Aleixo