Fonte foto – A estudante Fatou Ndiaye Imagem: Reprodução/Instagram – https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/05/20/aluna-racismo-escola-rio-de-janeiro.htm
A aluna do colégio Franco-Brasileiro, nome Fatou Ndiaye de 15 anos, filha de senegaleses, foi surpreendida no último domingo ao saber por um amigo que seus colegas de colégio, uma escola de elite do Rio de Janeiro, trocavam mensagens racistas sobre ela por meio de um aplicativo de conversas.
Entre o conteúdo racista, havia mensagens que diziam
“dou dois índios por um africano”, “1 negro vale uma jujuba, 1 negro vale um pedaço de papelão, 1 negro vale um Trident”, entre outras frases de violência e apologia à escravidão e ao tráfico humano que Universa optou por não reproduzir.
Leonora Claudia Glasper
Crônica
Agora eles estão acordando? Já passei por tudo isso e muito pior, por isso estou aqui hoje nos Estados Unidos. Os Mauricinhos e as Patricinhas do Brasil não irão mudar, porque eles não querem mudar e também não são obrigados a mudar. Eles são o verdadeiro vírus, um COVID que já existe há centenas de anos e nada muda, pois nada jamais acontecerá com eles. Eles se sentem seres superiores e a sociedade brasileira os dá a plataforma e a oportunidade de se manifestar de tal forma.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Supremo Tribunal Federal
Há alguns meses atrás fui convidada para ir ao aniversário de um brasileiro loiro que vive aqui no Texas, mas foi nascido no sul do Brasil. Ele tem o discurso “Leonora, você acha mesmo que o racismo existe no Brasil? Eu por exemplo, não vejo cor”.
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Na casa dele os que atendiam à festa eram mais ou menos 90% brancos brasileiros. Alguns outros de diversos países latinos e somente uns três americanos. Negros, somente eu e meu marido. Eu, uma negra brasileira e meu marido, um negro americano. Por eu já viver aqui nos EUA há mais de trinta anos, estou bem mais adaptada à cultura daqui. Com isso se eu não abro a boca eles não têm a mínima ideia se sou uma negra brasileira ou americana.
Fonte foto – Arquivo pessoal de Leonora Glasper
A maioria das pessoas que atendiam à festa vivem aqui por somente dez anos ou menos. Era a primeira vez que eu os conhecia. Não tenho muitos amigos brasileiros aqui. Observei que quando descobriram que eu era brasileira, me olhavam da cabeça aos pés e me perguntavam como que eu vim parar aqui. O que eu fazia como profissão. O que meu marido fazia como profissão. Enfim, um verdadeiro interrogatório como quem diz “Como é possível ela aqui entre nós?”
Parece mentira, em pleno ano 2020. Mas infelizmente não é mentira não. Agora dizem, que os EUA é um país muito racista. Na verdade o mundo é racista. Deixe eu te dar uma analogia. “A diferença entre o Brasil e o resto do mundo é que o resto do mundo pela maior parte mostra a sua tatuagem quando são entrevistados, então quem os contrata para exercer o trabalho sabe com quem eles estão lidando. Porém o Brasil usa blusas de mangas compridas para esconder a tatuagem na hora da entrevista.
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Quando são contratados e chega o verão e o tempo aquece, eles não aguentando mais o calor, esquecem e vão trabalhar de manga curta, e aí todo mundo vê. O problema é que a tatuagem é uma coisa permanente. Você pode tentar esconder de baixo das roupas limpas, caras e luxuosas que um veste por um certo tempo. Mas um dia, você fica pelado e aparece para o mundo inteiro ver. ”Essa é a diferença entre o racismo que eu experimentei no Brasil e o racismo que experimento aqui nos EUA. Aqui nos EUA o racismo é declarado, no Brasil ele é enrustido.
Fonte foto – https://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/01/lei-que-define-crimes-de-racismo-completa-25-anos
Se você me perguntar qual eu prefiro, eu diria nem um, nem outro. Porém, como ser humano eu tenho que viver em algum lugar, não é mesmo? Então eu diria, eu prefiro mil vezes viver aqui. Aqui eu sou Mrs. Glasper, sou uma Orientadora Educacional Senior em um High School com mais de três mil alunos. Sou admirada, apreciada, mas acima de tudo respeitada. No Brasil, quem eu era? A “neguinha” que falava inglês.
Fonte foto – Arquivo pessoal de Leonora Glasper
Nada mudará até que a nossa perspectiva mude. Temos que entender que o Brasil ainda é um país muito atrasado em todos os aspectos, seja ele social, religioso, político ou econômico. Até que os Mauricinhos e as Patricinhas reconheçam que a raça negra é uma raça de uma fibra, inteligência, vitalidade, eloquência, pulso e força inexplicável o nosso Brasil continuará vivendo a triste realidade que vive hoje.
Engenheiros Baiano André e Antonio Rebouças
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Túnel Antônio Rebouças
A diferença entre o Brasil e os Estados Unidos é que apesar de todo o racismo, preconceito e descriminação que ainda existe aqui hoje. Aqui eles reconhecem a raça negra pelo o que ela é, e o que ela tem à oferecer.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Justiça – Bridges escoltada pelos delegados federais até a Escola Elementar William Frantz
Então eles decidiram que para se tornar a primeira potência mundial os Mauricinhos e as Patricinhas daqui tiveram que trocar o seu egoísmo, racismo, preconceitos e falso senso de supremacia pelo progresso, evolução e prosperidade de seu país.
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By Mrs. Leonora Claudia Glasper
A narrativa de Mrs. Glasper, foi feita sobre o episódio abaixo que aconteceu no Rio de Janeiro, em Maio 2020.
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Estudante do Franco-Brasileiro
Orgulhoso do desempenho escolar da filha, o pai, Mamour Ndiaye, doutor e professor de engenharia elétrica no Cefet-RJ, conta que Fatou estuda há dez anos na mesma instituição e já ganhou vários prêmios internos de poesia.
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