Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Oferenda sendo feita no Lago Paranoá, em Brasília .
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Oferendas, nas religiões afro-brasileiras, é o nome dado a sacrifícios ritualísticos, em que, assim como em outras religiões, os praticantes se desfazem de um bem material em homenagem a um orixá ou entidade espiritual. Possuem variações de acordo com cada uma das religiões , e mesmo dentro de cada uma dessas religiões, pode receber diversos nomes de acordo com o tipo de ritual específico.
Na religião iorubá e no Candomblé, por exemplo, existem o ebori, o ebó, o padê e o despacho. Na Umbanda, as oferendas normalmente também são conhecidas por despachos . Em ambas as religiões, também há o conceito de comida ritual , pratos típicos feitos para agradar determinado orixá.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Oferenda em Ilhéus, 2019.
Candomblé
Casa Branca do Engenho Velho
O terreiro da Casa Branca do Engenho Velho (em lingua yoruba , ILê Axé Iyá Nassô Oká), mantido pela Sociedade São Jorge do Engenho Velho, é um templo de candomblé do município de Salvador, no estado brasileiro da Bahia.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Terreiro da Casa Branca
(Ilê Axé Iyá Nassô Oká)
Fundado na década de 1830, é o terreiro de culto afro-brasileiro mais antigo do qual se tem registros na capital baiana, e possivelmente o mais antigo em funcionamento no Brasil. Constituído de uma área aproximada de 6.800 m², com as edificações, e áreas verdes, é o primeiro monumento da cultura negra considerado Patrimônio histórico do Brasil, tombado pelo IPHAN em 1986.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Vista interior do barracão.
No candomblé, uma oferenda é necessariamente um sacrifício de origem animal . Também serve para alimentar uma comunidade inteira, pois, nas casas de candomblé não é permitido a compra em supermercados, de frangos empanados para oferecer aos Orixás. Candomblé é uma religião afro-brasileira derivada de cultos tradicionais africanos, na qual há crença em um Ser Supremo ( Olorum, Mawu, ou Nzambi, dependendo da nação) e culto dirigido a forças da natureza personificadas na forma ancestrais divinizados: orixás, voduns ou inquices, dependendo da nação. De origem totêmica e familiar, é a religião declarada de 0,3% da população brasileira, segundo dados do Censo 2010 do IBGE. Também é possível encontrar praticantes em outros países como Uruguai, argentina, Áustria, Suíça, Italia, Alemanha, Portugal, e Espanha.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Representação de inquice congolês no Museu Etnologico de Berlim.
Inicialmente reprimido pela sociedade escravocrata, pela Igreja Católica, pelo Estado e rejeitado pela sociedade; o candomblé (como outros cultos de matriz africana), “formavam, até meados do século XX, uma espécie de instituição de resistência cultural, primeiramente dos africanos, e depois dos afro-descendentes … muita coisa mudou, fazendo dessas religiões organizações de culto desprendidas das amarras étnicas, raciais, geográficas e de classes sociais”. Dessa forma, os elementos culturais que compõem o candomblé são, na atualidade, uma parte integrante da cultura do folclore brasileiros.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Vista do Obelisco da Praça de São Paulo e da Basílica de São Pedro, no Vaticano .
O candomblé não deve ser confundido com a umbanda ou com outras religiões afro-brasileiras e afro-americanas com similar origem ( tambor de mina, omolokô, xangô pernambucano ou batuque brasileiros; vodu haitiano , a santeria cubana, o obeah e o Kumina jamaicanos, o winti surinamês, dentre outras), as quais foram desenvolvidas independentemente do candomblé e são virtualmente desconhecidas no Brasil.
Umbanda
A Umbanda é uma religião brasileira, que sintetiza vários elementos das religiões africanas e cristãs , porém sem ser definida por eles. Formada no início do século xx no sudeste do Brasil a partir da síntese com movimentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Um exemplo de sincretismo entre candomblé e catolicismo é a Lavagem do Bonfim, que ocorre anualmente em Salvador, na Bahia, no Brasil.
É considerada uma “religião brasileira por excelência” com um sincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos e os espíritos de origem indígena.
Wikipédia, a enciclopédia livre – Bastão de dança para discípulo de Xangô no LACMA – Los Angeles County Museum of Ar.
A religião surgiu no território que hoje faz parte do município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. O dia 15 de novembro , já considerado pelos adeptos como a data do surgimento da Umbanda, foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644.
Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a Umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais, por meio de decreto.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – São Gonçalo, Rio de Janeiro .
Tipos
Ebori
Nota: Para a cidade da Nigéria veja Ebori.
Ebori ou Borí é um ritual das religiões tradicionais africanas e diáspora africana como culto de Ifá, Candomblé e outras, que harmoniza e diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza trazendo a esperança, alegria e a harmonia. É através do jogo de Búzios que o babalorixá recebe as instruções para realizar este ato ritualístico. Desta forma, o é um Borí a das oferendas mais importantes que visa o bem estar individual no Candomblé.
O Ritual de Bori é muito sério, complexo e profundo. Ori (Yoruba) significa, literalmente, cabeça e é, misticamente, o primeiro Orixá a ser cultuado. Seu objetivo é o de alimentar o Ori Eledá , seja qual for o sexo, raça, profissão, idade, nível social da pessoa. Omi (água) e obi (semente africana), por exemplo, são elementos indispensáveis no Bori. Ver também Ori (Yoruba). Borí é um ritual da religião tradicional yorùbá e consequentemente das suas afrodescendentes, como o candomblé , e principalmente os da nação Keto (Ketu). É um rito elaborado a quem se propõe a ingressar na religião dos Òrìṣà.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Igbá-Orí tradicional yorùbá. Este é um dos muitos modelos, mas basicamente são compostos desta forma. Não usam qta (pedra).
O homem e a Mulher yorùbá cultuam o seu elemento mais sacro, o Orí, sua cabeça. Borí é o rito de oferenda à cabeça (ẹbọ Orí), que consiste em assentar, sacralizar, reverenciar e ofertar o òrìṣà Orí, portanto, cultuar e louvar Orí e assim estabelecer o elo entre a cabeça material (orí) do neófito e sua cabeça espiritual, ou seja, criar a harmonia e equilíbrio necessários à vida. A coexistência do orí físico e do orí espiritual de quem se submete ao Bori perfaz o òrìṣà Orí, e, é através dos ritos próprios do Borí, que se estabelece essa comunhão, é assim que se busca a estabilidade espiritual.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Icone Oya Candomblé.
É desta forma que se consegue optar e viver melhor, o mais próspero possível. Orí é quem sempre está mais próximo do ser humano, portanto é fundamental harmonizar a coexistência. Somente o òrìṣà Orí, é assentado, sacralizado, reverenciado (ver Igba Ori) e ofertado no cerimonial do Borí, esse é um dos mais importantes rituais da religião, pois abrange todos os adeptos de forma igualitária e sem distinções. Assim sendo, deve-se sempre rogar e ofertar antes de qualquer outro Òrìṣà. Como diz um verso religioso yorùbá (ẹsẹ ifá): “Nenhuma divindade poderá ser adorada, sem o consentimento do seu próprio Orí.”
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Yoruba mask for King Obalufon II; circa 1300 CE; copper; height: 29.2 cm; discovered at Ife; Ife Museum of Antiquities (Ife, Nigeria)
É também digno de nota, que os elementos usados para simbolizar o Orí em seu assento são únicos, pois, diferem e nem tampouco se assemelham, nem externamente e tampouco interiormente com nenhum dos outros assentamentos dos òrìṣà que comumente geram transe, ou seja: não é simbolizado, por exemplo, com um òkúta e/ou “ọta” (pedra ou seixo) e nem em irin (ferro).” (Barretti Fº, (1984) 2012 (dados e recortes).) De forma que o assentamento de Orí não tem pedra de nenhuma forma, finalidade ou propósito.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre
No caso de padê, a oferenda não é feita em encruzilhada, mas na porta da casa de candomblé . No caso de ebó , usa-se dizer levar o carrego do ebó, cujo local deverá ser designado pelo jogo de búzios no mar, rio, mata etc. É um procedimento que não é exclusivo das classes mais baixas, tendo esse expediente sido usado por políticos de renome.
Link para ver artigo principal: Ipadê de Exu
Ebó
Ebó (do iorubá ẹbọ, oferta ou oferenda) é uma oferenda das religiões afro-brasileiras dedicada a algum orixá, podendo ou não envolver o sacrifício animal. “Ebó” é derivado do termo iorubá egbó, que significa “raiz”. O ebó nada mais é do que uma limpeza espiritual contendo vários tipos de comida ritual . Como alguns dizem, é uma limpeza da aura de uma pessoa, de uma casa, de um local de comércio. Transfere-se, para os alimentos , a energia maléfica que está na pessoa ou no local, com a ajuda de Exu e dos orixás .
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Sacrificio para Exu, no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi.
Não adianta só oferecer as comidas, o segredo está nas cantigas e na receita:
algumas podem ser conhecidas mas a maioria faz parte do segredo do candomblé . Pode-se fazer ebó para abrir os caminhos para emprego, ebó de saúde , ebó de prosperidade , o que varia é a receita. Existem vários tipos de ebós, mas sempre será feito de acordo com a determinação do jogo de búzios merindilogun.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Búzio ou cowri, várias espécies.
No jogo de búzios, define-se a qual orixá será oferecido o ebó, sendo que cada um leva seus ingredientes especiais, tais como: a canjica de Oxalá, a batata-doce de Oxumarê ou o inhame de Ogum. Há, ainda, aqueles ebós para espíritos desencarnados que ainda atrapalham a vida de alguns, chamado de “ebó de egum “, e outros para curar traumas e ajudar no esquecimento e superação de experiências ruins. O “ebó de susto” é para prevenir problemas no futuro.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Oxumarê.
Não são em todos eles que ocorre a sangria de animais, pois há os chamados ebós brancos ou secos, nos quais não é permitido qualquer sacrifício e os animais utilizados, geralmente neste caso os frangos e galos, são soltos na natureza com vida. Após o ritual do ebó, as folhas sagradas são usadas de forma ordenada nos banhos litúrgicos, podendo ser necessário o uso de água sagrada. Existe uma rígida cartilha a ser seguida para que se tenha resultados e o sacrifício seja aceito.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Ebô
As proibições denominadas ewo são, por exemplo: a não ingestão de qualquer tipo de carne vermelha nem tampouco frutas vermelhas ou ácidas (incluindo seus sucos); a abstinência principalmente de práticas sexuais como também de beijos e abraços; a ida a velórios, hospitais, cemitérios ou mesmo a passagem sob arames farpados ou escadas; e a bebida alcoólica é um verdadeiro tabu.O ritual é largamente praticado em diversas casas e centros religiosos de candomblé.
Awolalu idetifica seis tipos de sacrifícios entre os Yourubas:
- Ebo Ope ati Idapo, oferta de agradecimento e comunhão
- Ebo Eje, oferta votiva
- Ebo Etutu, sacrifício propiciatório
- Ebo Ojukoribi, sacrifício preventivo
- Ebo Ayepinnu, sacrifício substitutivo
- Ebo Ipile, sacrifício para fundações
O Ebo Eutu, o sacrifício expiatório, é o mais significante de todos para pacificar a ira dos deuses ou compensar por mal feitos.
Despacho
Despacho, nas religiões afro-brasileiras, é a realização de oferendas a Exu como pagamento antecipado pela realização de favores. É depositado em lugares como encruzilhadas (cruzamento de estradas , ruas ou caminhos), cruzeiro das almas, matas, rios, descampados, mares etc. As oferendas podem consistir, por exemplo, em algo que não mais pode ser usado: por exemplo, uma roupa de Obaluaê (na umbanda, feita com palha de mariô, que é um tipo de palmeira; no candomblé , feita com palha da costa). Se, por algum motivo, não se pode mais usar algo nas religiões afro-brasileiras, deve ser despachado.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Obaluayê dançando Opaniné no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi.
Comida ritual
Comida ritual são alimentos específicos ofertados a cada orixá, e cujo preparo requer o uso de ritual.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre
Comidas rituais
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- Abará
- Abalá
- Abadô
- Aberém
- Abóbora de caboclo
- Acaçá
- Acarajé
- Ado
- Ajebo
- Amalá
- Amió
- Angu
- Arroz de hausa
- Axoxô
- Bobó
- Carurú
- Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Deburu ou doburu
- Dibô
- Ebô
- Ebôya
- Efó
- Erã peterê
- Ekuru
- Farofa
- Fubá
- Furá
- Imbé
- Ipeté
- Ixé
- Jacuba
- Jurema
- Lelê
- Mukunza
- Ori
- Omolocum
- Vatapá
Xinxim
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Por Sergio Lima
Fonte texto – Wikipédia, a enciclopédia livre. -