O Dentista Alexandre de Almeida participando em um discurso
Por Dr. Alexandre de Almeida – Dentista.
Inicio este texto afim de apresentar dados relativos à situação dos negros no Brasil devido a um debate que ocorreu entre mim e um interlocutor a quem eu agradeço por não se abster de indagar-me sobre o assunto. Parabenizo-o pelo debate! Por que faço isso? Porque sabemos que muitos não tem a hombridade e, muito menos, a honestidade de debater às claras e preferem trabalhar na escuridão e no silêncio do preconceito, colaborando para a cristalização da ideia de escravidão e subserviência.
Fonte foto – Dr. Alexandre Almeida
A perpetuação do racismo está justamente na negação de que ele existe. Não aceitar que ainda existe esse câncer social é base para que a ferida continue aberta. Alguns acreditam que os negros promovem o vitimismo ou tratam o tema como um jargão do mi mi mi. Parece-me que o opressor, até de forma inconsciente, quer minimizar o seu sofrido desconhecimento, alegando que o racismo parte do próprio negro. Essa desculpa, consciente ou não, que serve de argumento de defesa, é extremamente cruel.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre
Não é fatalismo afirmar que os negros sempre foram vítimas de uma tirania do estado brasileiro e suas instituições discriminatórias. Desse modo, a Liberdade que nos sonharam, realmente, nunca foi significativa para os ex-escravos e seu descendentes. Essa constatação advém estatisticamente, da falta de oportunidade de mobilidade social ou do não acesso a uma melhoria de vida, pois o acesso a terras é escasso, bem como, a conquista de bons empregos, moradias decentes, educação com equidade, assistência à saúde e outras oportunidades disponíveis para os demais da sociedade brasileira.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre Fonte foto
Só para termos uma ideia, quatro em cada dez alunos negros do ensino médio abandonam a escola por variados motivos sociais. Os resultados que aparecem nas estatísticas nos mostram uma profunda e perigosa desigualdade social no nosso país onde os negros são: 78% dos mais pobres, 62% dos que estão nos presídios, 75% das vítimas de homicídios e 48% dos que são analfabetos. Lembrando que a nossa legislação eleitoral impede analfabetos de ocupar cargos eletivos, mas o Estado não se importa que os mesmos possam votar. Entre os 1.626 deputados distritais, estaduais, federais e senadores eleitos, apenas 65 (ou 4%) são negros.
Fonte foto – Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Reunião do Congresso Nacional – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Plen%C3%A1rio_do_Congresso_(32685850488).jpg
Em Minas Gerais, pela primeira vez na história, três mulheres negras ocupam legislativo estadual. Isso é muito incipiente ainda, diante de todo histórico dos negros nesse país.
Fonte foto – https://www.almapreta.com/editorias/realidade/mulheres-negras-ocupam-legislativo-estadual-de-mg-pela-primeira-vez-na-historia – 3 mulheres negras, Ana Paula Siqueira (Rede), Andreia de Jesus (PSOL) e Leninha (PT)
O salário do negro no Brasil equivale, em média, a 1570 reais por mês e a renda média de trabalhador branco é quase o dobro, 2814 reais ao mês. Uma análise do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2010 e 2017, com o grupo de professores que autodeclararam uma raça ou cor mostra que apenas 23% de professores com mestrado são negros e 17,6%, possuem doutorado.
Dr. Fabiano Dorneles Ramos, Doutor em Ingenharia, formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo realizado a parte prática no HZG- Helmholtz Zentrum Geesthacht, em Geesthacht, na Alemanha, na área de Soldagem no Estado Sólido – Dr. Jorge Alberto Soares, Doutor Dr. Jorge Oftemologista e Coronel do Corpo de Bombeiros. Possui Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Graduação em Direito pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas, Mestrado em Oftalmologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em Oftalmologia pela Universidade Federal. Dra. Waldete Tristão, Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Numa nação em que 54% de sua população se declara como parda e negra, os dados da desigualdade mostram que temos dois tipos de Brasil porque os brancos possuem mais benesses e, por isso, parece que moram num país totalmente diferente. Como exemplo, a maioria das profissões de alta qualificação e rendimentos financeiros, os brancos são: 90% dos engenheiros, 89% dos professores de medicina, 83% dos médicos veterinários, 79% dos advogados e 88% dos pilotos.
Fonte foto – Dr. Ivan Manoel de Oliveira, (Badeco), Advogado, ex-Delegado da Polícia Federal “aposentado”e Excelente, ex-Jogador de futebol.
Não estou querendo promover uma segregação, mas relatar a realidade com dados estatísticos, porque uma das formas que podemos fazer para acabar com o racismo é dialogar e questionar para que a sociedade brasileira reconheça que é discriminatória. Joaquim Nabuco dizia que os brasileiros estariam condenados a permanecer no atraso enquanto não resolvessem, de forma satisfatória, a herança escravocrata. Esse regime escravocrata impera até hoje e deixou como consequência, o racismo estrutural e moral. Isso nos impede de evoluirmos em humanização. Num país que se considera cristão em maioria, é, no mínimo, contraditório, não? Precisamos nos tornar de fato uma sociedade organizada, que preza por suas, sua identidade e alicerces.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Favela de Manhuaçu MG
A falta de coragem de debatermos, nos atravanca de sairmos da decadência de eliminar, de segregar, de marginalizar o povo o africano que foi trazido sem o seu consentimento. Foi ele quem construiu, que produziu e formou essa nação chamada Brasil, os demais povos que aqui estiveram ou chegaram trouxeram a cultura da exploração por meio do contrabando e usurpação da riqueza moral e estrutural do país.
Fonte foto – Arquivo pessoal do Dr. Alexandre Almeida
Que as manifestações que estão ocorrendo agora possam nos dar força rumo à justiça social.
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Por Alexandre Almeida
Olá, tudo bem?
Gostaria muito de estabelecer um contato com o prezado Alexandre Almeida. Pois, temos um projeto que reúne Dentista pretos e pretas, e seria um prazer falar do nosso projeto para ele.
Parabéns,grande amigo, seu exemplo de vida é muito importante para nossa sociedade, parabéns elo estudo apresentado.👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Parabéns Dr Alexandre de Almeida, tenho orgulho do ser humano que és, e do seu projeto.
Obrigada por abrir portas, pro nosso povo.