A educação é a base da vitória e ninguém pode tirar.
Fabiano Dornelles Ramos, possui graduação em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003), em parceria com o IWT (Stiftung Institut für Werkstofftechnik) em Bremen, Alemanha. Fez doutorado sanduíche na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo realizado a parte prática no HZG- Helmholtz Zentrum Geesthacht, em Geesthacht, na Alemanha. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Estrutura dos Metais e Ligas, engenharia de superfícies e processos de soldagem por fricção. Atualmente é professor adjunto no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRS) campus Caxias do Sul, onde também atua como coordenador do curso Superior de Tecnologia de Processos Metalúrgicos.
Fabiano? Fabiano? Tchê, é um sujeito extraordinário, inteligente, guerreiro, vencedor, que viaja brilhantemente por todas as vertentes da metalurgia, é tímido quando solicitado para falar dele, mas se torna extremamente extrovertido quando está no ambiente familiar e entre amigos, é super divertido e querido por todos . Adora fazer as pessoas rirem e onde está sempre forma uma roda de amigos em volta dele para ouvir suas histórias engraçadas.
Em um jantar da UFRGS na PUC onde estava presente seu pai Sarão ex craque do America do Rio dos anos 70, o querido mestre Telmo que tinha extrema admiração pelo Fabiano disse o seguinte para o Sarão: Olha como seu filho esta rodeado de colegas rindo do que ele fala e era real. O mestre Telmo volta e meia o convidava para fazer viagens de trabalhos na Europa.
Fabiano gosta de uma cervejinha gelada é churrasqueiro de primeira linha, não passa um fim de semana sem assar uma carne, joga futebol com seu time de amigos migrantes colorado doente.
Ele é um profissional respeitado e sempre requisitado para participar de bancas de avaliações de mestrado e doutorado no Rio Grande do Sul. O professor Telmo citado acima, era grande amigo do Fabiano e faleceu precocemente e isso muito o abalou, pois o considerava seu segundo pai e o professor Telmo, o tinha como um filho.
Professor Telmo Roberto Strohaecker e Dr. Fabiano – Origem: Foto Wikipédia, a enciclopédia livre.
Quanto a família, o pai Gilberto Ramos Sarão, ex jogador defutebol a mãe a senhora Neiva Dornelles Ramos, irmão Rafael Dornelles Ramos, Acadêmico de Engenharia e a irmã Luciana Dornelles Ramos, formada em Educação Física, atuando como Professora do estado do RS, e também Personal Trainer.
Gilberto Ramos Sarão, Rafael , Luciana , Fabiano e Neiva Dornelles Ramos
Fabiano é apaixonado pela sua “Moa” a Francine e moram juntos a 10 anos mais ou menos.
Fabiano e Francine
Entrevista
VB: O senhor usou o benefício das cotas para estudantes Afrodescendente para alcançar seus objetivos?
F: Não usei, na época em que fiz o vestibular não existiam cotas. Quando passei no concurso para professor do IFRS também não existia esta opção. Tanto cotas sociais quanto cotas raciais.
DR. Fabiano Dornelles Ramos
VB: Qual a sua opinião a respeito das Cotas?
F: Em um primeiro momento achei que as cotas seriam injustas, hoje tenho uma opinião diferente. Acredito que o país realmente foi construído a partir da exploração de uma população que hoje tem pouco acesso a educação, cargos de chefia, enfim, privilégios que a população branca tem naturalmente em um país com metade da população negra/parda. Cotas sociais em nem comento, a educação é um direito básico de todos, e é dever do estado providenciar uma educação com o mínimo de qualidade.
Enquanto estes problemas não forem sanados, as cotas serão necessárias. Antes que pensem que estudei em escola pública desde a quarta série e consegui me graduar, deixo claro que meu caso não pode ser usado como baliza, pois enquanto eu precisava me dedicar apenas à escola, eu tinha colegas que precisavam trabalhar para ter como se alimentar e se deslocar até a escola, muitos ficaram pelo caminho (a grande maioria).
VB: Porque a sua escolha para Engenharia Metalúrgica?
F: Escolhi o curso por influência do meu primo que estava cursando. Ao entrar no curso entrei em um laboratório de pesquisa onde acabei encontrando uma verdadeira paixão pela profissão e pela pesquisa. Se responsabilizo alguém pela escolha, posso citar meu primo Marcelo e o meu eterno orientador, Telmo.
Professor Telmo Roberto Strohaecker – Origem: Foto Wikipédia, a enciclopédia livre
VB: Qual sua visão a respeito da situação política atual do Brasil ?
F: FORA TEMER. O Brasil politicamente está uma caos. Posso citar como exemplo uma discussão que tive com um amigo do meu cunhado, educador físico, que me dizia que o pré-sal era uma jogada de marketing, que o óleo de lá extraído não era bom pra refino aqui no Brasil. Tive oportunidade de trabalhar em dois projetos que estavam diretamente ligados à extração de petróleo do pré-sal. É bem ao contrário do que o rapaz falava, aquele óleo é excelente para nossas usinas, mas as pessoas são muito facilmente manipuladas atualmente, seja por fake news, ou pela própria televisão que age muito em interesse próprio. Hoje vemos no mínimo três países interessados no óleo do pré sal, estranho né . Então as pessoas polarizam sem levar em conta as reais conseqüências que as decisões tomadas farão com o povo e com o país. O brasileiro precisa ser mais politizado e parar de tratar política como uma partida de futebol.
VB: Conte como foi chegar e se formar Engenheiro Metalúrgico?
F: Eu consegui me formar muito rápido, graças aos meus pais, que possibilitaram eu estudar sem precisar trabalhar (exceto o importante trabalho como bolsista em laboratório, o que foi fundamental na minha carreira). Esta é uma realidade bem difícil atualmente (principalmente aqui em Caxias do Sul, onde culturalmente os adolescentes já trabalham desde cedo). Nunca tive intenção de entrar para indústria então meu caminho para a pesquisa e pós graduação já estavam bem planejados.
VB: Fale sobre seus primeiros dias como Professor do IFRS: Instituto Federal do Rio Grande do Sul e como foi recebido pelos alunos.
F: Os primeiros dias de Instituto Federal foram de bastante estudo e também de muita construção. A maioria dos campi estavam em implantação, tínhamos 20% do quadro de funcionários e 10% da infraestrutura. Então tivemos que atuar em várias frentes. Desde construir instruções normativas e regulamentos estudando bastante as leis do funcionalismo público, como construir projetos pedagógicos de cursos, preparara as aulas para as disciplinas e, até mesmo, realizar cálculos para necessidades de instalações elétricas em laboratórios e salas de aula. Dar aula era a parte boa e mais fácil.
Reitoria do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) Origem: Foto Wikipédia, a enciclopédia livre
VB: Qual é o seu sentimento hoje, após atingir seu ponto máximo ao Doutorado ?
F: Eu não consigo sentir ainda que atingi o ponto máximo, este acredito que virá através de algum aluno. Certamente isto que plantamos hoje dando aula e orientando dará frutos excelentes em um futuro próximo. O doutorado foi muito importante para aprendizado e para meu concurso, também me proporcionou uma vivência fora do país por um longo tempo, o que foi fundamental para ter uma visão diferente a partir de outras culturas, temos muito a aprender, mas também muito a ensinar, o brasileiro é bom demais no que faz.
VB: É recomendável procurar antecipadamente um professor orientador?
F: Com certeza, a relação orientador/ orientando deve ser estabelecida a partir de confiança e muita sinceridade
VB: Os cursos de Mestrado e Doutorado exigem dedicação em tempo integral?
F: Doutorado e mestrado acadêmicos exigem muita dedicação. Mas se vai ser necessária a dedicação exclusiva depende da disciplina do candidato. Participei de mais de 40 bancas de mestrado/doutorado, e me alegra muito ver pessoas com filhos/ emprego finalizando com sucesso esta etapa. É possível conciliar sim.
DR. Fabiano Dornelles Ramos
VB: Tem bolsa de estudos? Quantas?
F: Atualmente não tenho bolsa de estudos, estamos iniciando um projeto novo, talvez consiga tocar o pós doutorado.
VB: Técnico em Mecânica com atribuições do artigo 4º do Decreto nº 90.922/85, pode responsabilizar-se tecnicamente pela manutenção mecânica em aeronaves?
F: Pela escrita do artigo acredito que sim. Porém o que ocorre hoje são muitas pessoas sem a formação realizando o trabalho de um técnico/engenheiro.
VB: Quais são as atribuições e diferenças entre o Tecnólogo e o Engenheiro Mecânico?
F: A principal diferença entre um tecnólogo em um engenheiro é a possibilidade de assinar um projeto de engenharia. O engenheiro apenas tem essa prerrogativa.
VB: Engenheiro Mecânico pode emitir ART’s de projetos de pequenas construções e reformas civis? Existe limite de área?
F: O engenheiro mecânico pode, embora eu acredite que falta um conhecimento mais a fundo em termos de materiais para engenharia para os engenheiros mecânicos, tenho que defender minha área né. Como sempre aprendi com meus mestres da metalurgia, temos que trabalhar com conceitos modernos, sempre buscando os materiais mais adequados e buscando um menor impacto ambiental. Se mantivéssemos a utilização de materiais convencionais, os automóveis teriam todos duas toneladas e desta forma teríamos um grande gasto de combustível e também uma grande quantidade de gases enviados para atmosfera. As áreas devem se complementar, e não atuar isoladamente.
OBS:
Quero fazer uma menção especial a minha formação ao LAMEF – Laboratório de Metalurgia Física, que tem um nível de profissionais e tecnológicos que não perde para país algum no mundo e permite que muitos alunos se tornem excelentes profissionais em praticamente em todas as áreas.
Laboratório de Metalurgia Física (LAMEF) – Origem: Foto Wikipédia, a enciclopédia livre
Por Sergio Lima.
Parabéns.