Esta é uma homenagem a todos esses cidadãos maravilhosos que fizeram parte da minha vida profissional. Foram extremamente importantes e brilhantes em suas funções. Dedicaram suas vidas, e trabalharam em prol do nosso grupo no América Futebol Club do Rio de Janeiro.
Passaram despercebidos pelos focos das câmeras da imprensa na época em que comecei a jogar no juvenil do América em 1969. A importância desses dedicados cidadãos era fundamental para que pudéssemos viver e brilhar. Sem eles nada poderia ter sido feito ou ter acontecido. O tempo passou. Quando me comunico com alguns dos amigos, ex-jogadores do passado pergunto, e sobre por fulano? ou beltrano? As respostas são quase as mesmas, fulano já foi, beltrano também, e fulano de tal, não sei. Emociono-me ao saber e lembrar de todos sem exceção.
Algumas vezes fecho os olhos e viajo como em um sonho. Vejo um por um aparecer sorrindo para mim como fosse depois de uma partida no Maracanã ou qualquer outro estádio onde nos apresentávamos. Lembro também quando fazia um gol e esses genias cidadãos acompanhavam minha felicidade como um familiar. Quando perdíamos uma partida o sofrimento e a tristeza era igual. Eles estavam sempre juntos na mesma sintonia. Salve a minha seleção de todos os tempos do América.
Escalação
Goleiro – Sr. Osni do Amparo, extraordinário ser humano, nosso treinador de goleiros, conhecedor profundo da posição e um profissional respeitado .
Lateral direito – Pegado, motorista do ônibus velho, cidadão de primeira linha, profissional extremamente confiável, alto astral, era de baixa estatura mas sempre disposto a mostrar suas habilidades, dizia saber se defender usando os punhos como boxeador e com grande desenvoltura fazia os movimentos como se estivesse em uma luta.
Pegado o motorista do ônibus velho, não aparece na foto – Acervo – Paulo Cezar Carreira.
Zagueiro central – Tonhão, motorista do ônibus novo, exatamente como o Pegado era alto astral, profissional dedicado. A diferença entre os dois motoristas? Tonhão era alto tinha mais ou menos 1.90 e uma barriga extremamente volumosa, isso servia como motivo para as brincadeiras e gozações. Ele ria descontraidamente e procurava encontrar nos outros um motivo para brincar e dar o troco.
Sarão na frente do ônibus novo e o Tonhão na janela onde aparece só o braço dele.
Quarto zagueiro – Paulão, era um dos nossos massagistas, um profissional exemplar e maravilhoso, tinha estilo próprio e peculiar, agressivo e algumas das vezes os jogadores gentilmente selecionava ele ou Getúlio dependendo do momento.
Lateral esquerdo – Getúlio, outro dos nossos massagistas, grande profissional, alto astral, educado, esperto e muito bem humorado. Getúlio sabia levar a vida, gostava de um samba, trabalhava sem brigas ou confusões, era gente do bem.
Getúlio
Meio campo – cabeça de área camisa 5. O inesquecível e querido Tio Vitorino, ele era magistral, ajudante de cozinheiro e fazia milhares de outros afazeres na concentração no Km. 18, ele ouvia e fazia tudo que tia Vina pedia e mandava.
Meio campo – camisa 10. Tia Vina, é inesquecível, queridíssima, Tia Vina! Tia Vina! Tia Vina! Dona da cozinha da concentração no Km.18 da Rio Petrópolis. Que saudades.
Depoimento do nosso amigo Sarão craque dos anos 70
O Jorge Cuíca faleceu? Caramba Sérgio, eu não sabia, que pena. Mas tu tens razão e faz muito bem falar sobre as pessoas que cuidavam da gente no anonimato, que alegria chegar em nossa casa em Petrópolis e ser recebido com amor e o sorriso do tio Vitorino e da tia Vina. Ver nossa cama bem arrumadinha com as toalhas em cima e o feijão no fogo com as latas de leite condensado dentro para virar sobremesa, isso não tinha preço. Falo nossa casa, pois nós que morávamos no apartamento do America na rua Barão de Iguatemi 118, quando chegávamos na concentração era nossa casa sim! Nós não precisávamos sair para almoçar, lembra?
O craque Expedito, ilustra o texto na foto da concentração no Km. 18 da Rio Petrópolis
Meio campo – camisa 8. Titio Evaristo, responsável pelo casarão, a concentração dos juvenis na rua Gonçalves Crespo 63 esquina com Campos Sales na Tijuca. Titio era um paizão para todos nós, dava broncas, reclamava quando não íamos a escola, da arrumação das camas, mas ficava muito triste quando chegava a hora em que tinha que informar sobre a BARCA! Que significava os jogadores que iriam embora no final da temporada.
Concentração da Gonçalves Crespo 63
Ponta direita – Bira, outro dos nossos massagistas camisa 7, imagine um ponta habilidoso e rápido . O Bira era um profissional extremamente capaz e muito bem humorado, engraçado. Sua entrada no gramado quando algum de nós estávamos no chão machucado precisando ser atendido, ele chamava atenção de todos no estádio. Começava a correr, com a língua para um dos lados da boca parecendo morder, e partia em alta velocidade para dentro do campo, muitas das vezes ao chegar onde era requisitado, se dava conta que tinha esquecido a mala com os medicamentos para o atendimento ao jogador, então bruscamente, fazia um gesto de surpresa e espanto, repentinamente dava meia volta em alta velocidade voltando para pegar a dita maleta que tinha ficado na beira do gramado. O riso no estádio era geral.
Bira
Centro avante arisco, extremamente profissional. Gessi, nosso querido roupeiro, cuidava do nosso material como ninguém, tudo estava sempre impecável. Nós o chamava carinhosamente de “Cici” . Gessi, sabia tudo da sua profissão, era um sábio inteligente, super bem humorado, estava sempre rindo, nunca o vi reclamar de nada, falar mal ou criticar alguém, estava sempre de bem com a vida. Pessoa maravilhosa. Tenho muitas saudades do grande e genial Cici.
Ponta esquerda camisa 11 – Tuca, assistente geral, era um personagem especial que foi inserido no grupo a pedido de uns diretores do club para ajudar em todas as tarefas e afazeres. Era querido por todos, aproveitou a oportunidade da vida dele para trabalhar conosco e foi maravilhoso para nós o aprendizado ao conviver com ele.
Treinadores – Sr. Washington e Sr. Moacir Aguiar.
Treinador senhor Washington sabia tudo sobre futebol amador, um dos melhores que vi, sempre calmo, falava quando era necessário, educado, um dos grandes homens dentro do ambiente do futebol que conheci. O mesmo sem tirar uma palavra o Sr. Moacir Aguiar, esse como diretor do departamento amador.
Na foto destacamos, titio Evaristo acima de todos de camisa preta, Sr. Moacir de preto sorrindo na segunda linha no meio, Sr. Natalino e Sr. Wilson de branco na ponta.
O titio Evaristo, inesquecível exemplar e paizão coordenador da concentração dos juvenis na Gonçalves Crespo 63 na Tijuca. Para compor esse genial grupo, tínhamos como enfermeiros, o Sr. Natalino e Sr. Wilson, todos grandes e maravilhosos profissionais campeões juvenil em 1969.
Departamento médico. O genial Dr. José Fernandes, profissional nota 1000! O melhor dos melhores, amigo, educado, gentil, sabia tudo de medicina. Dr. José Fernandes, muitas das vezes mesmo sem querer atuava como psicólogo , pois sabia o momento exato para um bom papo, esclarecedor e motivador.
Departamento médico enfermaria . Os enfermeiros, Sr. Wilson e Sr. Natalino, pessoas simples e extremamente profissionais, carinhosos que entendiam como ninguém a gravidade das lesões no momento exato em que presenciavam, nunca perdia a linha, nem deixava transparecer e o jogador perceber. Saudades, muitas saudades.
Sr. Natalino
Jornalistas, Valter Sales e Iata Anderson. Dois gênios do jornalismo esportivo de todas as épocas para mim, com estilos e caminhos diferentes. Valter direcionando as notícias para sua rádio Mauá e o excelente Iata Anderson trabalhando na rádio Tupi, como plantonista. Foi para a Rádio Globo, ainda no plantão e fazia grande e especial cobertura no América.
Iata Anderson
Eraldo, Antonio Carlos e Rodrigo seu filho – Iata , Mauro, Sergio Lima e Aldeci
Nosso grande amigo Iata nos acompanhou em várias viagens: Cidade Rosário na Argentina, Moçambique, Angola na África e Lisboa em Portugal. Valter e Iata são dois sábios, jornalistas e radialistas, amantes e grandes torcedores do America.
Dirigente Sr. Gerson Coutinho, fazia a parte dele como dirigente amador, coordenava, ajudava quando tinha que ajudar, dava broncas quando era necessário, mas era um grande profissional do futebol amador da época.
Torcedor, Sangue! O espetacular “Tizil”. Ele foi o primeiro e solitário torcedor negro do America que eu conheci e marcou minha vida no clube. Era emocionante vê-lo, corria como louco com a bandeira do America enrolada no corpo de um lado para o outro, no último degrau da arquibancada do Maracanã, aquilo emocionava.
Foto: Acervo – Paulo Cezar Carreira
Todas as vezes que fazia um gol, corria em direção a maravilhosa torcida americana com os braços erguidos dedicando o gol para todos eles, nesse mesmo instante ficava bem lá no fundo, bem no fundo do meu coração, orgulhosamente a dedicação especial para o solitário negrão Tizíl.
Nossos eternos e memoráveis mascotes marcaram época, eram marca registrada no futebol carioca pois suas figuras, ilustravam e faziam a diferença na entrada em campo e também nas fotografias do America. Hoje, Luis Roberto e Carlos Roberto são homens feitos, aproveito para agradecer por fazerem parte da minha história.
Luis Roberto e Carlos Roberto
O nosso inesquecível campo do Andaraí, Andaraí, Andaraí. Todos os comentários imagináveis.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Por Sergio Lima
Amigo, Sergio. Vc foi extremamente feliz nesta maravilhosa matéria sentimental, retratando de maneira lúcida, e genial, a conduta de exemplares profissionais do nosso magnífico tempo de América F.C. Tempos de vitórias em todas as categorias. Tempo de representatividade Nacional com a formação, por vários anos, de equipes de altíssimo nível. Tempo de revelações de jogadores das categorias de base , para a equipe principal. Tempo de respeito mútuo, de aprendizado constante e de total interação familiar. Justamente por efeito participativo dessas inesquecíveis figuras. Sua seleção é , de fato, uma grande convocação ao sentimento de apreço, gratidão, admiração e carinho. Na soma desses quesitos, podemos , fàcilmente , acrescentar que o amor foi a mola propulsora de toda a evolução de cidadania ,ética e moral . Olhar com os olhos do coraçao , me faz chegar às lágrimas diante de tanta saudade. Feliz de nós que tivemos essas relevantes figuras, dando o suporte necessário para os avanços profissionais e sociais que tivemos, sem dúvida alguma. Te cumprimento pela sensibilidade, e clareza, desse depoimento, que deveria ser guardado na sala de troféus, como parte marcante da belíssima História do América FC . Os verdadeiros ídolos das principais gerações que “vestiram a camisa do clube” com carater ilibado, acima de quaisquer outros requisitos. Sérgio Lima é “o Rei da Ternura Humana”. Os anos que passou fora, não lhe tirou a essência do puro brasileiro que todos deveriam seguir como exemplo. Que honra ter convivido contigo e te-lo como amigo até hoje. Parabéns ” Ébano do Amor ” ! Obs: dos mascotes citados que encantavam a formacao das equipes para as fotos da mídia , apenas o Carlos está vivo. Ternas lembranças, inclusive do Pai, que tb faleceu, infelizmente. Grande abraço , SL.
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A correçao qto a conjugacao verbal fica por conta de quem é expert em portugues. Ok ? Meu conhecimento
serve, apenas, para dizer o quanto é bom ter amigos nesta vida de Deus.
Comentário do meu querido amigo Eduardo Antunes Coimbra “Edu” o maior jogador de todos os tempos do America Futebol Club do Rio de Janeiro.
Maravilhoso esse seu depoimento parabens Sergio Lima nos convivemos muinto pouco no America mas ja dava para ver o tamanho do seu caráter abraço saude e muinta felicidade
Só senti a falta do Dr. Luciano, que nas categorias de base nos dava muito apoio. Espetacular essa matéria, rever amigos que já se foram é viver um passado onde tínhamos verdadeiros amigos, independente de suas funções. Parabéns.