Lanceiros Negros – Massacre de Porongos ou Traição dos Porongos foi o penúltimo confronto da Revolução Farroupilha.

1
6128

Fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre – Retrato de um Lanceiro Negro, óleo de Juan Manuel Blanes 

Lanceiros Negros é o nome dado a dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 426 lanceiros .

 Fonte – Nação | TVE – Massacre de Porongos – 07/10/2015 – You Tube  Não deixe de assistir esse                                   Vídeo, pois ele é extremamente esclarecedor.                                        

Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído, inicialmente, pelo coronel Joaquim Pedro, antigo capitão do Exército Imperial, que participara da Guerra Penísular e se destacara nas guerras platinas.Ajudou, nesta tarefa, o major Joaquim Teixeira Nunes, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Corpo de Lanceiros Negros em Campo do Menezes

O 1.º Corpo de Lanceiros Negros, ao comando do tenente-coronel Joaquim Pedro Soares e sub comandado pelo então major Teixeira Nunes, teve atuação importante na Batalha do Seival, em 11 de setembro de 1836, em reforço à Brigada Liberal de Antônio de Sousa Netto que surgiu por transformação do Corpo da Guarda Nacional de Piratini integrado por 2 esquadrões com 4 companhias, recrutados em Piratini e em seus distritos Canguçu, Cerrito e Bagé até o Pirai . As tropas para o combate de Seival foram dispostas por Joaquim Pedro, na qualidade de imediato e assessor militar de Antônio Netto. Deixou um esquadrão em reserva que foi empregado em momento oportuno, decidindo a sorte da luta. Segundo Docca, coube a este bravo e a Manuel Lucas de Oliveira convencerem Antônio Neto da proclamação da República Rio-Grandense, bem como “a grande satisfação de ler, a 11, no campo do Menezes, à frente da garbosa tropa por ele instruída, a Proclamação da República Rio-Grandense.”

Fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre.

Recrutamento dos Lanceiros Negros

O Corpo de Lanceiros Negros era integrado por negros livres ou libertados pela Revolução e, após, pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa. O 1.º Corpo foi recrutado, principalmente, entre os negros campeiros, domadores e tropeiros das charqueadas de Pelotas e do então município de Piratini (atuais Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, até o Pirai e parte de Arroio Grande).

                                              Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre                                                                Quadro “Rancho Grande (dos Tropeiros)”, de Benedito Calixto, de 1921.                          Ao fundo, o hospital e igreja da Misericórdia, em Santos.

Armamento individual

Excelentes combatentes de cavalaria, entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate. Manejam como grande habilidade suas armas prediletas – as lanças. Estas, por eles usadas mais longas do que o comum.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre 

Combinada esta característica, com instrução para o combate e disposição para a luta, foram usados como tropas e choque, uso hoje reservado às formações de blindados. Por tudo isto infundiram grande terror aos adversários. Eram armados também com adaga ou facão e, em certos casos, algumas armas de fogo em determinadas ocasiões. Como lanceiros não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros ponchos de lã – bicharás, que serviram-lhes de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Ponchos

Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o poncho (bichará) servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. No corpo a corpo desmontado, servia para aparar ou desviar um golpe de adaga ou espada em cuja esgrima eram habilíssimos, em decorrência da prática continuada do jogo do talho, nome dado pelo gaúcho à esgrima simulada com faca, adaga ou facão.

                  Adaga Neolithica                                           Facão e sua bainha                         

                                    Fonte fotos- Wikipédia, a enciclopédia livre

Alguns poucos eram hábeis no uso das boleadeiras como arma de guerra, principalmente para abater o inimigo longe do alcance de sua lança, quer em fuga, quer manobrando para obter melhor posição tática.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Boleadeiras

De peões a guerreiros

Eram rústicos e disciplinados. Faziam a guerra à base de recursos locais, Comiam se houvesse alimento e dormiam em qualquer local, tendo como teto o firmamento do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A maioria montava a cavalo quase que em pêlo, a moda charrua.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Lanceiros Negros  https://jornalnegritude.blogspot.com/2010/09/lanceiros-negros.html

Vale também lembrar que os Lanceiros Negros exerciam uma função de tropa de choque no exército farroupilha, pelo simples fato de manejar com eximia destreza a lança que é uma arma essencial para este tipo de combate.

Massacre de Porongos

O Massacre de Porongos, ocorreu na localidade de Porongos, hoje parte do município de Pinheiro Machado. Os dias 13 e 14 de novembro marcam o dia de homenagem aos Lanceiros Negros, tropa farroupilha formada por escravos, dizimada pelo exército imperial no chamado Massacre de Porongos. A chacina pode ter sido resultado de um acordo entre um chefe dos farrapos, David Canabarro, e o comandante do exército legalista, Barão (futuro Duque) de Caxias.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Guerra dos Farrapos – Guilherme Litran, Carga de cavalaria Farroupilha, acervo do Museu Júlio de Castilhos

Houve uma paz honrosa chamada Paz de Ponche Verde, com a liberdade para todos os negros e mulatos que lutaram pela República Rio Grandense, embora este tenha sido um ponto controverso. Ao final do combate o campo de Batalha dos Porongos ficou juncado com pelo menos 100 mortos farroupilhas, Lanceiros Negros. Poucos dos escravos envolvidos na luta sobreviveriam e seriam libertados. Passados 160 anos da traição do general David Canabarro (um dos líderes farrapos) e do comandante Duque de Caxias, que vitimou entre 600 a 700 negros farroupilhas, a história muda o curso e traz à tona a relevância dos Lanceiros Negros”, disseram os promotores da homenagem, num texto publicado na internet.

Fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre – Retrato de um Lanceiro Negro, óleo de Juan Manuel Blanes 

Tal divulgação do fato, pouco conhecido pela população brasileira, vem questionar a figura de Canabarro, sempre apresentado como um dos heróis da Revolta pelos historiadores oficiais. O Corpo de Lanceiros Negros, desarmado, desprotegido, foi dizimado. “Era a Surpresa de Porongos, que há décadas vem sendo discutida pelo movimento negro e agora passa a ser reescrita”, diz o texto das entidades.

Numerosos Lanceiros foram mortos. Mais de 300 farrapos, além de 35 oficiais foram presos. As entidades informam que os Lanceiros assassinados foram de 600 a 700. Outras versões falam de 100.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – David Canabarro

O derradeiro combate

Em 28 de novembro de 1844, Teixeira Nunes e remanescentes de seu legendário Corpo de Lanceiros Negros travaram o último combate da Revolução em terras do Rio Grande do Sul, consta que em terras do atual município de Arroio Grande, berço do Visconde de Mauá.

Fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre – O Visconde de Mauá

A morte de Teixeira Nunes foi assim comunicada pelo então Barão de Caxias, em ofício: Posso assegurar a V. Exa. que o Coronel Teixeira Nunes foi batido no campo de combate, deixando o campo, por espaço de duas léguas, juncando de cadáveres. Eram seguramente cadáveres de Lanceiros negros.

Teixeira Nunes foi um dos maiores lanceiros de seu tempo, e como uma ironia do destino teria caído mortalmente ferido por uma lança manejada pelo braço vigoroso do alferes Manduca Rodrigues.

         Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Coronel Joaquim Teixeira Nunes (1801-1844)        O maior lanceiro farrapo – Cláudio Moreira Bento – http://www.ahimtb.org.br/jteixeiran.htm

O único ponto controverso da paz firmada entre Caxias e farroupilhas, a liberdade dos escravos que lutaram com os rebeldes, foi resolvido de forma pragmática e cruel: o batalhão dos chamados Lanceiros Negros, desarmado por seu comandante, Davi Canabarro, foi massacrado em novembro de 1844, em Porongos.

A liberdade

Dos Lanceiros Negros restaram mais de 120, que após a Paz de Ponche Verde foram mandados incorporar pelo Barão de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na província.

Fonte foto – Declaração do Barão de Caxias  anunciando  o fim da Revolução  Farroupilha em 1845, Sob a guarda do Arquivo Nacional.

O império manteve suas liberdades na cláusula IV da Paz de Ponche Verde: São livres e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram à República. Cláusula respeitada por conta e risco pelo Barão de Caxias contrariando determinação superior de os recolher como escravos estatais para a Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro .

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Barão (futuro Duque) de Caxias

Caxias usou o seguinte expediente para não os enviar para o Rio. Considerou que eles haviam se apresentado livremente. E a seguir os libertou e os incorporou as três unidades de Cavalaria Ligeira do Exército Imperial no Rio Grande . E em Ponche Verde em D. Pedrito foram acolhidos pelos coronéis Manuel Marques de Sousa e Manuel Luís Osório comandantes de duas unidades de Cavalaria. Dentre em breve iriam lutar na Guerra contra Oribe e Rosas, pela integridade e soberania brasileiras no Sul, ameaçadas por caudilhos platinos.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre  –  Compilação de imagens da Guerra do Prata

Por Sergio Lima

Artigo anteriorFestival Porongos em Porto Alegre – Special Event
Próximo artigoPersonality of the Week – Renato craque do América do Rio dos anos 70
BIOGRAFIA ****** Sérgio Lima, ex-jogador profissional de futebol, natural de Campos dos Goytacazes, começou sua carreira no Americano onde jogou em todas as categorias e foi campeão Estadual no ano de 1969. Em 1970, transferiu-se para o juvenil do América do Rio, tornando-se artilheiro da Taça Guanabara de 1973 e vice-artilheiro brasileiro Carioca de 1973. Em 1974, sua história foi ilustrada luxuosamente com o Internacional de Porto Alegre, Hexa Campeão Gaúcho invicto. Em 1975, formou um excelente time do Guarani de Campinas, com grandes jogadores, Ziza, Amaral,Renato, Miranda, Davi, Alexandre Bueno, Edinaldo, Erb Rocha, Sergio Gomes, Hamilton, Rocha. que foi base do Campeão em 1978. Em 1976, transferiu-se para o futebol mexicano onde ficou por 8 anos: Club Jalísco, e Atlas Fútbol Club ambos da cidade de Guadalajara, Morélia da cidade de Morélia, Michoacan e Union de Curtidores da cidade de Leon, Guanajuato. Em 1984, retornou ao Brasil para o Botafogo do Rio. ****** Em 1985 foi contratado pelo Cabofriense, da cidade de Cabo Frio,estado do Rio, onde encerrou sua carreira. Presente em Guadalajara na Copa do Mundo 1986 no México, trabalhou como comentarista esportivo na rádio local chamada "Canal 58" de Guadalajara. Após a copa do Mundo de 1986, começou sua trajetória de 30 anos, nos Estados Unidos da América,, onde foi convidado pela Universidade de Houston Texas, através do seu responsável o excelentíssimo Professor Franco para participar como instrutor do “Cugar Soccer Summer Camp” durante duas semanas. Na sequência, depois de várias participações, em diferentes Soccer Camps no Texas, fundou, oficializou e legalizou a Brazilian Soccer Academy com o apoio espetacular do grande amigo Skip Belt. Com experiência de muitos anos dentro do campo, passou conhecimento e os fundamentos básicos do futebol do Brasil para um número incontável de jovens americanos. ****** Convidado pelo consulado Mexicano, idealizou e apresentou o projeto Houston Soccer After School Program para City of Houston Park and Recreation em 1994, para benefício de crianças e jovens entre 6 a 17 anos. Isso ocorreu na área metropolitana da cidade, onde concentrava a grande maioria de crianças e jovens negros e mexicanos, na época estavam com extremo e grande problema social que os envolvia com drogas e as abomináveis gangues. Desafio aceito, e o programa foi desenhado, aproveitando a infraestrutura dos Parks da cidade. O passo a passo foi dividido em três fases básicas: 1 - Criou-se liga em cada Park, onde havia jogos entre eles. 2 – Todos os meses havia Torneios entre todos os Parks. 3 - Criou-se seleções para jogarem contra jovens das outros áreas, e diferentes estados, sempre cuidando com os mínimos detalhes dos dispositivos e ensinamentos básicos do respeitado futebol do Brasil, para atrair e motivar a todos. O requisito principal era estar e manter boas notas e presença na escola, para desfrutar dos benefícios, recebendo gratuitamente todos os materiais de primeira linha doados por um conhecido patrocinador. Finalmente, aos 17 anos tinham a oportunidade de receber uma bolsa de estudos para ingressar em uma universidade americana. Foi apresentado e aprovado e Sérgio se transformou em funcionário público da cidade de Houston por 17 anos, até a sua aposentadoria. Muitíssimos jovens foram beneficiados pelo programa mudando radicalmente suas vidas, as drogas e gangues desapareceram. Sérgio fez o curso de treinador da Federação Americana de Futebol, recebendo a "Licença National B' e assumiu como Coach principal da South Texas Soccer Select Team Open Age From 1994 to 1996, tornando-se o primeiro treinador brasileiro e negro "Afrodescendente" a dirigir a Seleção do Sul do Estado do Texas. ****** No ano de 1992, Fundou o Jornal Vida Brasil Texas, tornou-se editor, onde ficou por 28 anos, sendo 24 anos impressos e os últimos 4 anos digital em português. Fundou em 2004, a Revista Brazilian Texas Magazine, é seu Editor . A revista até 2015 foi impressa, em 2016, passou a publicação digital em inglês. ****** 1 - Compositor, teve participação do CD Brasil Forever 1997 da Banda brasileira no criada no Texas em 1993 com finalidade de promover a cultura do Brasil. Banda “Atravessados de Houston” – Texas, com tiragem de 10 mil CDs. Sérgio Lima teve a participação com 10 músicas 8 autorais e mais duas com parcerias. 2 - Compositor da música “I Love Rio”, escrita e inglês em homenagem ao Rio de Janeiro, com a luxuosa interpretação da excelente Elicia Oliveira em ingrês (Está disponível no YouTube). https://www.youtube.com/watch?v=l39hfwOkyYU&t=18s ****** Representou a comunidade brasileira do Texas na I Conferência “Brasileiros no Mundo”, realizada em maio de 2008, com uma extrema característica acadêmica. ****** A II Conferência “Brasileiros no Mundo”, realizada em outubro 2009, se desenvolveu com uma acentuada conotação política, tornando, em certos momentos, o diálogo tenso, desconfortável e, até certo ponto, cansativo, devido à falta de elasticidade de algumas lideranças, acostumadas, creio, a pontuar e determinar o rumo das conversas e decisões, em suas áreas ou comunidades no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, de iniciativa da Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG, órgão ligado ao Ministério das Relações Exteriores – MRE. ****** Sérgio criou o espaço Brasil especial na Biblioteca central da cidade de Houston e conseguiu doações de livros de algumas instituições das comunidades brasileiras de outros estados americanos para compor o espaço. Recebeu o Prêmio Brazilian International Press Ward, por 3 vezes, em reconhecimento pelos trabalhos como editor do Jornal Vida Brasil Texas em português, e revista Brazilian Texas Magazine em inglês – 2011. ****** ORIGINAL ARTICLE “AFRO DECENDENTES NA MÍDIA BRASILEIRA”. You are a winner for the 15th Annual Brazilian International PRESS AWARDS. Your outstanding performance and contribution for the Brazilian Culture was recognized by the Media and Cultural Leaders of the Brazilian Community in the United States. Join us for the 15th celebration of the Brazilian Cultural presence in the U.S. The Award Ceremony will be held at the Cinema Paradiso • Fort Lauderdale May 3rd 2012.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui