Por Osvaldo Tetaze Maia
Sempre quando quero me referir a uma grande façanha, a um grande feito, a alguém que venceu em sua carreira, e aqui vamos falar somente em carreira esportiva, me vem à memória a frase do título – “O Alpinista de Sandálias” – criada pelo meu amigo já falecido Wander Moreira, futebolista da década de 60 e 70 na época da mais pura essência do futebol brasileiro, o que chamaríamos hoje de “futebol raiz”, que depois virou Juiz de futebol e foi o primeiro a ser contratado por uma oura Federação, pois apitava no Paraná e a Federação Paulista o contratou para apitar o campeonato paulista no meio dos grandes ‘apitos’ da sua época.
Posteriormente virou técnico de futebol e foi se aventurar na África na década de 70, sendo um dos primeiros brasileiros a fixar residência por vários países comandando seleções nacionais e algumas equipes, de onde só voltou após a virada do século XX, vindo a falecer vítima de um derrame cerebral com 74 anos em 2012, em Apucarana no Paraná onde vivia nos últimos anos de vida.
A frase tinha um significado, pois essa metáfora servia para aqueles que tinham vindo de uma condição de vida perto dos limites da miséria ou tendo que quebrar as mais variadas e inimagináveis barreiras sócio-econômicas para atingir seu objetivo, pois vencer no Brasil no futebol e em qualquer esporte, numa época em que não havia ainda as grandes negociações de hoje, era como dar uma Sandália a um alpinista e mandar ele escalar um montanha, sentenciava Wander! Pois bem, sem querer criar nenhum dogma ou determinar alguma regra, pois toda ela tem exceção, no meu entendimento e conhecimento do esporte, poderia nomear alguns ‘Alpinistas de Sandálias’ que venceram aqui no Brasil subindo algumas ‘montanhas’ por aqui, mas no tema de hoje destaco dois esportistas brasileiros que podemos considerar que ‘receberam um par de Sandálias, cada um em suas épocas, e disseram a eles: vocês deverão escalar o Monte Everest com estas Sandálias, e aí vencerão e serão os melhores do mundo, sempre!
Estádio Philippe Chatrier em Roland Garros, Paris
Cartaz com a foto de Roland Garros na Estação do Metrô de Boulogne, Porte d’Auteuil, estação de chegada para o torneio; Roland Garros foi um herói e o primeiro aviador francês da Primeira Guerra Mundial e que pilotava o famoso avião ‘Mademoiselle’ de Santos Dumont, e que empresta o nome ao complexo de tênis de Paris.
Inimaginável! Impossível! Nem em mil anos! Não, eles nunca disseram algo parecido com isso, e se tornaram juntos os melhores do mundo na sua modalidade, em um esporte onde no país, com raríssimas exceções, ninguém sequer sabia fazer a contagem dos pontos do jogo quando as televisões começaram a mostrar suas façanhas!
São incontáveis as histórias de atletas que superaram as mais diversas dificuldades e obstáculos para atingir o estrelato, o sucesso e a fortuna, e no Brasil, só temos um esporte onde isso já aconteceu dezenas ou centenas de vezes. Fortuna, no sentido literal de independência financeira, talvez somente de uns trinta anos para cá, isso em se falando em futebol, o esporte número um do país.
Mas enfim, poderia ficar dias aqui tecendo paralelos e considerações sobre as dificuldades do esporte no Brasil, mas o que eu quero transmitir é a façanha de dois personagens que estarão associados por seus nomes eternamente, independente de que só apareça um na foto, mas o outro sempre será associado aquela imagem também.
Larri Passos e Gustavo Kuerten, há anos tentavam chegar ao topo da montanha e talvez já tivessem imaginado que estavam ‘subindo o Everest de sandálias’, e surgiram para os olhos do Brasil em 1997 quando Guga foi à sua primeira final de Roland Garros em Paris e venceu o Espanhol Sergi Brugera, que ninguém aqui conhecia, o Guga, eu quero dizer; do Espanhol então nem falar, pois nem sequer sabia-se falar o nome dele por aqui! Larry Passos, treinador de Tênis do Guga, nem comentavam sobre ele, pois fora do circuito do tênis, não se sabia que tenista tinha treinador também!
Guga e Larri Passos
Guga e Brugera na final de Roland Garros de 1997
Larri é daquelas personalidades fortíssimas, porém com a mais pura e simples maneira de agir dentro de seu ‘metier’, característica que deve ter trazido de sua vida de batalha por um lugar ao sol, e bota sol nisso, pois desde a pré-adolescência viveu dentro de uma quadra de saibro, o chamado pó de tijolo, e iniciou como ‘boleiro’ nas quadras de tênis da Sociedade Esperança, o Clube da cidade onde foi residir com sua família, Novo Hamburgo, na grande Porto Alegre da década de 60.
Já na adolescência Larri notou que sua vocação era a de ensinar tênis, ser técnico de tênis, isso em 1975 na Sociedade Aliança de Novo Hamburgo! E aí eu fico a imaginar: como que naquela época um rapaz diz pra si mesmo que quer ser técnico de tênis no Brasil?
Outro dia encontrei uma série de frases no Instagram de um rapaz americano, o chamado ‘self made man’, aquele que venceu por conta própria partindo do zero absoluto, ou seja, um ‘Alpinista de Sandálias’ dentro de sua profissão, e lembrei-me exatamente desse texto que venho amadurecendo para escrever a algum tempo, pois algumas frases têm a ver com o sentido dessa trajetória do Larri e do Guga, as quais me atrevo a traduzir literalmente:
i) Ou você faz aquilo, ou não faz, não existe tentar (“Either do it. Or don’t. There is no try”);
ii) ii) O erro não é o oposto do sucesso. É parte do sucesso; (Failure is not the opposite of success. It is part of success;
iii) iii) O medo é temporário, o arrependimento é para sempre; (Fear is temporary. Regret is forever);
iv) iv) Eu nunca encontrei uma pessoa forte com um passado fácil; (I‘ve never met a strong person with an easy past).
Na minha ótica, Larri age assim a sua vida toda, ele realiza, não tenta, pode ter falhado, mas obteve sucesso, nunca teve medo, e, conseqüentemente não teve arrependimento, além de ter tido um passado nada fácil, daí a razão de sua força hoje.
Larri Passos
Larri Passos
Larri viajava para a Europa desde o início da década de 80, sempre com algum tenista juvenil junto para disputar quantos torneios fossem possíveis com o pouco dinheiro que conseguia de patrocínio no Brasil, em uma época que uma viagem dessa poderia ser comparada as grandes viagens de Marco Polo, pois eram meses fora do país contando sempre as moedas para poder manterem-se o maior tempo possível nos torneios.
Larri Passos nasceu em Rolante, uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul em 1957, e formou-se em Educação Física em 1983 em Novo Hamburgo, e então resolveu mudar-se para Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde já conhecia alguns tenistas e previa que naquele estado poderia ter maiores oportunidades como treinador, já que o Clube Aliança de Novo Hamburgo havia lhe oferecido a função de Diretor de tênis, o que poderia ter tolhido a sua pretensão de ser um grande técnico de tênis.
Em Santa Catarina Larri começou a treinar os grandes nomes do tênis da época, até que em 1986 foi ser treinador de seu primeiro grande tenista com potencial para se destacar mundialmente, Marcos Vinicius Barbosa, o “Bocão”, o qual já havia treinado com Larri em Novo Hamburgo dos 12 aos 15 anos.
“Bocão”, Marcos Vinicius Barbosa em sua Academia em B. Camboriú
“Bocão” chegou a ser semifinalista juvenil em Wimbledon em 1988, mas uma contusão precoce em seu pulso quando estava para fazer a transição do juvenil para o profissional acabou encerrando a sua carreira, e hoje também é treinador e dono de Academia de tênis em Balneário Camboriú.
Em Santa Catarina Larri treinava pela manhã o “Bocão”, e a tarde treinava a equipe de tenistas da Ceval, uma empresa multinacional da cidade de Gaspar, a 40 km de Balneário Camboriú, e lá conheceu Guga que fazia parte da equipe, então com 13 anos.
Guga que tinha como ídolo o próprio “Bocão”, além de uma outra grande promessa do tênis na época, Moacir Werner, o Macita, tenista de Itajaí, SC, começou a destacar-se no tênis nacional, e após o falecimento precoce de seu Pai, Larri passou a ser uma espécie de mentor e conselheiro de Guga, e o resto é história que está contada e registrada nos quatro cantos do mundo, e que um dia o Larri, provavelmente, irá terminar de contar em algum ou alguns livros todas as façanhas dessa parceria inigualável e de sua carreira nos bastidores do tênis.
Guga com 11 anos ao lado de seu ídolo Macita, 10 anos antes de seu primeiro título em Roland Garros
Vibração no primeiro título de Campeão em 1997 em Roland Garros
Com essa breve narrativa cronológica que pretende somente dar uma pequena orientação ao leitor, pode-se imaginar o quão difícil foi chegar ao topo do ranking mundial do tênis em 1997 como tenista; imaginem ainda chegar ao topo do mundo como treinador de tenista!
E imaginem ainda, chegar ao topo do mundo como treinador de tenista no Brasil!
No tênis, até que você não seja um verdadeiro expoente mundial, os obstáculos são muitos e os benefícios e patrocínios são raríssimos, e no Brasil então, nem se atreva a pedir patrocínio para fazer um circuito Europeu para disputar pequenos torneios e acumular pontos, e na era pré Guga é possível imaginar o que foi essa montanha a ser escalada.
Larri em treino em Roland Garros
Mas como ‘Deus é brasileiro’, dizem, Larri e Guga caíram nas graças do Braguinha, Antônio Carlos de Almeida Braga, o maior Mecenas e Filantropo do esporte brasileiro até hoje, pois já alavancou a carreira de inúmeros esportistas brasileiros auxiliando com patrocínio em suas carreiras, sem pedir um centavo sequer em troca.
Como conta Guga no livro de sua biografia, ele relembra as primeiras impressões do empresário sobre ele: “O magrelo bate forte, o menino é bom, tá na cara que tem futuro, mas precisa engordar, está muito magrinho, precisa comer para ganhar força”, disse o empresário, antes de abrir a carteira para garantir ao jovem tenista que cumpriria à risca a profecia “uma contribuição”. “Na época uma fortuna para a gente”, escreveu Guga.
A Mãe Da. Alice, Guga e Braguinha
E aí começou uma amizade que perdura até hoje, assim como muitos outros esportistas que foram patrocinados por Braguinha. Airton Senna era por assim dizer, o ídolo de Braguinha, que mantinha um quarto para o piloto em sua Quinta em Sintra, ao lado de Lisboa, e o tratava como o filho desportista que não teve.
Guga homenageando Braguinha no Rio Open 2016
No final de Abril de 1994, Larri e Guga foram disputar um torneio Challenger em Lisboa, e Braguinha que já acompanhava a carreira dos dois, telefonou para Larri e disse que o Airton iria correr em Ímola na Itália no domingo, 1º/05/1994, e que depois o Airton iria para a sua Quinta em Sintra descansar alguns dias, e os convidou para irem lá para conhecer Airton Senna. Aquela seria a última corrida de Fórmula 1 de Airton Senna.
Braguinha e Airton Senna
Já em 1997, Larri sabia do potencial de Guga, e com 21 anos de idade e desde 1995 atuando como profissional, sendo o número dois do Brasil, estando já entre os 70 tenistas do mundo, mas sem ter ainda ganho um grande torneio, era chegado o momento em que o tenista teria que dar os últimos passos para atingir o topo da montanha, e no caso dessa dupla, eles estavam tentado escalar o Everest de Sandálias!
Larri então saiu em busca de mais patrocínio para o ano 1997 com os dois títulos profissionais de Guga, Campeão do ATP Challenger de 1996 em Campinas, São Paulo, e Campeão do ATP Challenger de Curitiba, Paraná, no início de 1997.
Após o título de Curitiba, Larri e Guga partiram para disputar o Torneio de Lisboa em Abril de 1997, e uma vez mais foram ao encontro de Braguinha que perguntou quanto a dupla precisaria aquele ano para percorrer o circuito Europeu de tênis no saibro até a disputa de Roland Garros, e era justamente isso que Larri buscava, e foi então que receberam US$ 15.000 para as despesas até o final do torneio em Paris.
Guga e Braguinha com Meligeni e Thomaz Koch, dois grandes tenistas brasileiros também.
O resto também é história, pois a partir daquele Roland Garros, Guga e Larri tornaram-se o que são até hoje e eternizaram seus nomes no ‘Hall’ da Fama, não só do tênis, mas também no cenário esportivo mundial, equiparando-se á única tenista brasileira que também eternizou seu nome no ‘Hall’ da Fama, asaudosa Maria Ester Bueno.
Guga no Hall da Fama
Maria Ester Bueno (11 de outubro de 1939 – São Paulo, 8 de junho de 2018)
E como disse Larri em entrevista à Revista Tênis: “Eu já estava há 12 anos na estrada, estava preparado para o dia em que alguém da minha equipe ganhasse um Grand Slam”.
Larri e Guga em 1996
O Tênis, para 99% dos brasileiros, é a mesma coisa que falar de “curling”, “rugby”, e por aí vai, daí espera-se as inúmeras histórias que um dia deverão ser escritas em livros pelo próprio Larri, para os amantes do tênis poderem conhecer a fundo os bastidores desse esporte e da escalada dessa dupla de esportistas.
Por ora me permito aqui a contar alguns “causos” contados pelo próprio Larri, e um deles nos contou o Professor essa semana na noite das pizzas que o Dr. Igor ofereceu em sua residência de Camboriú.
Após vencer o seu terceiro título de Roland Garros em 2001, Guga passou a ser o Primeiro do Ranking Mundial, mas lá por 2002 as contusões começaram a surgir, os títulos já não vinham com tanta freqüência, e um dia o Larri pega um táxi em São Paulo e o motorista o reconhece e diz:
– “Larri, o Guga não ganha mais nada né, só ganha Roland Garros”!
Na concepção do torcedor brasileiro que só conhece futebol, vice-campeão é o último colocado, no tênis então, chegar a uma semi-final, quartas de final de um “Grand Slam” ou mesmo de um ATP 1000, não quer dizer nada!
Só ganha Roland Garros! Isso é pouco para o brasileiro!
Comemoração do título de RG em 2001
Há um humorista que imita o sotaque dos Ilhéus de Florianópolis, a terra do Guga, e em uma de suas apresentações ele conta que um “manezinho”, apelido que são chamados carinhosamente os nativos da ilha, ao passar por um bar que estava transmitindo a última final de Roland Garros que o Guga venceu, entrou no bar e viu todos assistindo o jogo, e então o ‘manezinho” pergunta:
– Quanto tá a partida?
– 30 x 0 grita um lá do canto do balcão, no que o “manezinho” imediatamente responde:
– Ah, então não perde ‘máz’, com o familiar sotaque açoriano da Ilha de Florianópolis!
Essa ainda é, por incrível que pareça, a concepção sobre o entendimento do tênis no Brasil, que apesar de tudo o que o Larri e o Guga conseguiram no esporte, podemos dizer que ainda devemos estar no patamar de 1% da população que entende e gosta de tênis.
Já vitorioso e com Guga sendo o Primeiro do Ranking mundial em 2001, um dia o seu amigo e ex-tenista profissional Ivan Kley, de Novo Hamburgo também e um dos grandes nomes do tênis brasileiro na década de 70 até 90, chegando a estar entre os primeiros sessenta tenistas do mundo e que vive há quase vinte anos em Balneário Camboriú, marcou uma reunião na Academia do Larri em Camboriú, pois iria levar um dos maiores empresários do Brasil e do mundo, aficionado por tênis e ex-tenista profissional também, para que o homem conhecesse o Larri e sua Academia, e por fim começasse a patrocinar o Guga e o Larri.
Igor Flório ladeado por Larri Passos e Ivan Kley, dois grandes nomes do tênis brasileiro
Naquele dia Ivan chega cedo na Academia do Larri, e por volta do meio-dia pousa um enorme helicóptero para oito pessoas no campo da propriedade em Camboriú, e desce o Empresário com mais alguns assessores e seguranças, e são recepcionados pelo Larri, que já o conhecia muito bem.
Conta Ivan que após as apresentações e amenidades da conversa inicial, o Empresário vira-se para Larri e diz:
– Larri, eu quero ajudar você e sua Academia, e o Guga também;
Larri levanta-se da mesa, olha para Ivan, e diz ao Empresário:
– Mas eu não quero a sua ajuda, pois nós não precisamos mais agora, eu precisei em 1995 quando fui à sua empresa pedir patrocínio e nem fui atendido por você, e falou para o Ivan que a quadra já estava pronta e liberada e que poderiam começar o jogo entre eles que estava marcado.
Academia Larri Passos, Camboriú, SC
Larri Passos em sua Academia de Tênis em Camboriú, SC
Treinamento infantil na Academia Larri Passos
Ivan conta que ganhou o jogo do Empresário e depois ainda foi levado alguns dias mais tarde para jogar em sua quadra no Rio de Janeiro, para dar a revanche do jogo que havia ganhado naquele dia na Academia do Larri. Hoje Larri e o tal empresário são grandes amigos e Ivan dá muita risada quando conta este episódio, pois diz que até hoje fica lembrando que queria entrar pelo menos embaixo da mesa naquele dia.
Eu tenho a felicidade de conhecer Larri Passos e Guga em razão de que um dos grandes amigos que tenho e ex-tenista juvenil também, hoje Médico Pediatra, Dr. Igor Flório, é da mesma idade do Guga e jogaram juntos, além de que meu filho Rodrigo treinou por um ano na Academia do Larri em Camboriú, e essa semana fizemos uma recepção ao Larri que mora desde 2014 na Flórida, nos Estados Unidos, e estava de passagem em Balneário Camboriú para tratar de assuntos de sua Academia.
Marcos Bassani, o “Ironman” do nosso tênis do Clube, Igor Flório, imbatível dentro do grupo ‘Bola Murcha de Tênis’ do Itamirim Clube de Campo de Itajaí, este “Escriba” Tetaze, Larri Passos e Ivan Kley na noite das pizzas do Dr. Igor; despedida do Larri antes da viagem à Flórida para passar o Natal onde vive com a família.
Regina e Igor Flório com Ivan Kley e Larri Passos
Geraldinho filho do Igor, Bassani, Ivan Kley, o “Escriba”, Igor e Larri registrando a excelente pizza do Dr.Rodrigo Maia com Guga após treino na Academia do Larri no ano de 2000
Dr Osvaldo Tetaze e Guga em Florianópolis
Dr. Osvaldo Tetaze em 2015 com Rafael Kuerten irmão de Guga na Copa Davis em Florianópolis
Dr. Osvaldo Tetaze 2016 com a camisa do mengão, com Igor Florio e Rafael Kuerten em Miami Open de Tenis
Dr. Osvaldo Tetaze em Miami Open de Tenis
Dr. Osvaldo Tetaze em Miami Open de Tenis com Igor e Geraldinho Florio
A trajetória profissional de Larri e Guga, como disse, está contada nos quatro cantos do mundo, portanto, o que o Larri e o Guga conseguiram no Tênis mundial, é como se tivessem escalado o Everest de Sandálias, e mais importante ainda, permanecem no topo do ranking mundial até hoje.
Intermináveis são as histórias do mundo do tênis também, e um fato que marca o que foi a era Larri/Guga, e que para mim define o verdadeiro significado da expressão “Alpinista de Sandálias’, é contada por um de seus maiores adversários da época e hoje seu grande amigo, o Russo Kafelnikov, que perdeu para Guga nas quartas de final nos três torneios de Roland Garros em que Guga foi campeão, fato completamente inusitado, devido às coincidências de terem que se enfrentar sempre em quartas de final, quando Guga sagrou-se Campeão.
Quartas de final de Roland Garros em 1997, contra o Russo Kafelnikov
Kafelnikov, terceiro do Ranking mundial na época, diz que em 1997 em Roland Garros nunca tinha ouvido falar em Gustavo Kuerten, e que durante o torneio somente se preocupava em chegar a final novamente e tornar-se bi-campeão, pois já havia vencido em 1996 em simples e duplas!
Guga e seu amigo Kafelnikov em partida de apresentação em Florianópolis na comemoração dos 20 anos do primeiro título de RG
Em uma entrevista após o terceiro título de Guga em 2001, o repórter pergunta o que ele sentia de ter perdido por três vezes para Guga em Roland Garros, e sempre nas quartas de final, e então o Russo responde:
– Em 1997 eu não o conhecia e entrei despreocupado, pois tinha certeza de que passaria por ele, já que pensei que ele estivesse ali ainda por um golpe de sorte, e acabei perdendo sem entender o motivo, e então fiquei me questionando por muito tempo com aquela derrota, e continua o Russo:
– Em 2000 o Guga já estava entre os ‘Top 10’ do mundo e era respeitado por todos no circuito, então me preparei muito para aquele jogo, pois seria o segundo encontro nosso em quartas de final de Roland Garros e não queria perder novamente naquela fase, mas não teve jeito, o Guga era já o melhor do mundo, e joguei uma das minhas melhores partidas daquele ano e mesmo assim perdi, comenta o Russo;
Então o jornalista pergunta como ele se preparou para aquele ano de 2001 quando viu que iria enfrentar o Guga novamente nas quartas de final, e Kafelnikov responde imediatamente:
– Ah, naquele eu jogo eu também entrei muito tranqüilo, igual a 1997, só que dessa vez eu já sabia que iria perder de novo, então nem me preocupei, provocando gargalhadas nele e no repórter!
Larri e Guga após Roland garros de 1997
Em 2000 em Lisboa, Guga foi o Primeiro Campeão do Master Cup, criado naquele ano pela ATP – Associação de tenistas Profissionais – para fechar o ano com uma disputa entre os oito melhores tenistas do ano, tornando-se o primeiro Sul Americano a terminar o ano como Primeiro do Ranking Mundial de tênis, além do primeiro tenista vencer o Master Cup, hoje Master Finals, e o último tenista líder do século 20. Isso não é pouca coisa no tênis!
Guga e Larri foram realmente os “Alpinistas de Sandálias’ do Tênis, e haviam chegado ao topo do Everest!
TRAJETÓRIA DE GUGA EM ROLAND GARROS EM 1997
E você, se considera um ‘Alpinista de Sandálias’, parece querer perguntar Larri Passos!
Sobre Ivan Kley, o Pai do Vitor Kley, o novo sucesso nacional da música pop que largou o tênis para ‘desespero’ do Pai, os quais também considero mais dois ‘Alpinistas de Sandálias’, voltarei a comentar em outra oportunidade.
Por Osvaldo Tetaze Maia.