Foto fonte: Desembarque de Cabral em Porto Seguro (óleo sobre tela), autor: Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo do Museo Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
Por: Mario Araújo.
O descobrimento das terras a Leste da linha traçada pelo Papa, no Tratado de Tordesilhas, em 1500, quando Cabral, em nome do Rei de Portugal assegurou para a Coroa Portuguesa sua posse definitiva, foi apenas “o descobrimento físico” do que viria a ser chamado de Brasil. Nos trezentos anos que seguiram, essas terras não se constituiriam no que se poderia chamar de um país, eram nada mais do que uma colônia de Portugal regida com mão de ferro pelos portugueses. Habitadas por um população heterogênea de portugueses, índios de etnias diversas e negros trazidos de nações diferentes da África, falando mais de um idioma, português e tupy, a chamada língua geral, não tinha vontade própria. Não podia reger o seu próprio destino, e muito menos se relacionar com as demais nações.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Nau de Pedro Álvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas, atualmente na Academia das Ciências de Lisboa
Portugal determinava o que podia ou não ser feito, O que devia ser produzido e com quem negociar. Não permitia a criação de industrias e escolas para a população. A formação acadêmica dos poucos que lá chegavam tinha de ser feita em Coimbra. Todas as decisões importantes tinham que ser submetidas à aprovação de Lisboa. Foi nesse período que, mesmo com as restrições impostas pelos portugueses, começou a brotar uma nação. Uma nação que surgia com trezentos anos de atraso vencendo toda sorte de dificuldades. já que os movimentos contrários à Portugal eram punidos com extrema severidade. O modelo adotado nesse surgimento não podia ser outro senão o modêlo Português, o único até então conhecido.
O segundo descobrimento.
começou a tomar forma quando Napoleão, já tendo dominado a Espanha, ameaçava invadir Portugal. Ante a ameaça de invasão a Corte Portuguesa fugiu para o Brasil trazendo consigo não somente a Côrte Real, mas também o erário, as joias da Corôa e nobres de linhagem menores. Chagando a colônia, D. João VI, rei de Portugal na época, deparou com uma triste realidade .
Foto origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Atrasada, isolada, endemicamente doente, a colonia, não apresentava condições adequadas à uma nação. Seria preciso modificá- la. Como primeiro passo nessa direção decretou em 28 de Janeiro de 1808 a abertura dos portos brasileiros às nações amigas a fim de incentivar o livre comércio entre as mesmas. Em seguida, tomou medidas indispensáveis ao funcionamento de uma nação. Com essas medidas descobria-se o Brasil pela segunda vez, agora como parte do Reino Unido, Brasil, Portugal e Algarves.
Em 1 de Abril do mesmo ano, assinou o alvará que liberava a atividade industrial no Brasil. Fundou a biblioteca Nacional, a Imprensa Régia, trouxe da Europa missões científicas etc. Em 7 de Setembro de 1822, com a declaração da Independência, D.Pedro I, seu filho, pôs fim ao período colonial. O Brasil com trezentos anos de atraso, passou enfim a ser uma uma nação livre e soberana.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Brasil era agora uma Nação, mas faltava ainda que os seus habitantes se descobrissem como povo. Mais uma vez, os acontecimentos na Europa propiciariam essa terceira descoberta.
Terceira descoberta.
A invasão da Polônia pela Alemanha, em 1939, deu início a uma guerra que no ano seguinte se transformaria em uma conflito mundial. O Brasil, por força do tratado Pan-Americano, foi obrigado a entrar no conflito quando os Estados Unidos foi atacado pelos Japoneses em Pearl Harbor, em Dezembro de 1941. A pressão dos Estados Unidos e a clamor popular ante os torpedeamentos dos navios brasileiros pelos submarinos alemães levou o Governo Brasileiro, em troca de concessões por parte dos Americanos, a concordar com o envio de tropas para participar dos combates.
Tal acôrdo ante os olhos da população representava uma temeridade já que o sentimento de inferioridade do povo era notório. Qualquer estrangeiro falando um português atravessado era olhado como um ser superior. A incipiente indústria brasileira não inspirava confiança. Só tinha valor o que vinha de fora. O sentimento de inferioridade do povo era tanto que falavase nas ruas que seria mais fácil ver uma cobra fumando um cachimbo do que ver os soldados brasileiros combaterem os super-homens alemães.
Foto fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Foi sob essa atmosfera que os soldados brasileiros, identificados pelo emblema de ombro onde se via uma cobra fumando um cachimbo, combateram na Itália, e brilharam. Embora a participação brasileira na guerra tenha sido modesta ela representou uma nação que buscava para o seu povo uma identidade até então desconhecida. Acabada a guerra com a vitória dos aliados, era preciso voltar para casa. Essa volta triunfal, recebida por uma multidão nunca vista, com desfile de papel picado na Avenida Rio Branco,no Rio de Janeiro, repercutiu no Brasil inteiro. Os brasileiros sentiram-se como um povo que tinha do que se orgulhar perante aos olhos do mundo.
Foto fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A partir daí os ventos da democracia sopraram em direção a um pais que em menos de 200 anos se tornou, graças ao trabalho e a criatividade do seu povo, a sétima maior economia do Mundo. Quando o escritor Austríaco Stephan Swieg, que se refugiou no Brasil fugindo da furia Nazista, escreveu o seu livro “Brasil País do Futuro “, ele não estava sendo somente profético, mas também realista. Nota A interpretação dos fatos históricos mencionados representam a opinião do autor e não devem ser considerada como oficial.
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Por Mario Araújo.