Por Sergio Lima
Fonte Texto Wikipédia, a enciclopédia livre.
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José Carlos do Patrocínio (Campos dos Goytacazes, 9 de outubro de 1853 – Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1905) foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Monarquista no país. Foi também idealizador da Guarda Negra da Redentora, que era formada por negros e ex-escravos, sendo vanguarda do movimento negro no Brasil e formada para proteger a Monarquia contra a aristocracia e os militares.
De cima para baixo, da esquerda para a direita: Câmara de Vereadores de Campos, AV. Dr. Nilo Peçanha, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Praça do Santíssimo Salvador, Vista panorâmica da cidade, e Praia Farol de São tadul do Thomé.
Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador de reputação na Capela Imperial , com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava mina de quinze anos, cedida ao serviço do cônego por dona Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região.
Embora sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima , onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Lagoa de Cima situada no município de Campos dos Goytacazes. Ao fundo temos as Serras das 5 pontas que pertence ao Parque Estadual do Desengano. O acesso a essa paisagem é via Ibitioca.
Aos catorze anos de idade, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve ao pai, autorização para ir ao Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (1868), empregando-se posteriormente na casa de saúde do doutor Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos no externato de João Pedro de Aquino, prestando os exames preparatórios para o curso de Farmácia.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (1868).
Aprovado, ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Nesse momento, desfazendo-se a república de estudantes em que vivia, Patrocínio viu-se na iminência de precisar alugar moradia, sem dispor de recursos para tal. Um amigo, antigo colega do externato de Aquino, João Rodrigues Pacheco Vilanova, convidou-o a morar no tradicional bairro de São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena, abastado proprietário de terras e imóveis. Para que Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – O Palácio de São Cristovão.
Patrocínio aceitou e, desde então, passou também a frequentar o “Clube Republicano” que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Pardal Mallet e outros. Não tardou que Patrocínio se apaixonasse por Maria Henriqueta, uma das filhas do militar, sendo também por ela correspondido. Quando informado do romance de ambos, o capitão Sena sentiu-se ofendido a princípio, porém veio, após o matrimônio (1879), a auxiliar Patrocínio em diversas ocasiões. Nessa época, Patrocínio iniciou a carreira de jornalista em parceria com Demerval da Fonseca, publicando o quinzenário satírico”Os Ferrões”, que circulou de 1 de junho a 15 de outubro de 1875, no total de dez números.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Quintino Bocaiuva – Lopes Trovão, Pardal Mallet.
Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão (Patrocínio) e Eurus Ferrão (Fonseca). Dois anos depois (1877), admitido na Gazeta de Notícias como redator, foi encarregado da coluna Semana Parlamentar, que assinava com o pseudônimo de Prudhome. Foi neste espaço que, em 1879, iniciou a campanha pela abolição da escravatura no Brasil. Em torno de si, formou-se um grupo de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Menezes (proprietário da Gazeta da Tarde), Joaquim Nabuco, João Clapp, Lopes Trovão, Paula Nei, Teodoro Fernandes Sampaio e Ubaldino do Amaral, todos da Associação Central Emancipação . Por sua vez, Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Charge da proclamação da República do Brasil, com José do Patrocínio em primeiro plano.
Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Com o falecimento de Ferreira de Meneses (1881), com recursos obtidos junto ao sogro, adquiriu a Gazeta da Tarde, assumindo-lhe a direção. Em maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista , congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redigiu e assinou, juntamente com João Clapp, André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, Patrocínio não se limitou a escrever: também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública etc.
No ano seguinte (1886), iniciou-se na política , sendo eleito vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com votação maciça.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – 1823 Camara Municipal do Rio de Janeiro.
Participou da Maçonaria, atuando no processo de emancipação do trabalho escravo, defendendo o fim da escravidão a partir de discussões no Parlamento, de debates entre a elite branca e da defesa de uma abolição da escravatura, por intermédio da Sociedade Brasileira contra a Escravidão .
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – 2019 Camara Municipal do Rio de Janeiro.
Em setembro de 1887, abandonou a “Gazeta da Tarde” para fundar e dirigir um novo periódico: o “A Cidade do Rio”. À frente deste periódico, intensificou a sua atuação política. Aqui, fizeram escola alguns dos melhores nomes do jornalismo brasileiro da época, reunidos e incentivados pelo próprio Patrocínio.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Foi nele que Patrocínio saudou, após uma década de intensa militância, a 13 de maio de 1888, o advento da abolição. Logo após a assinatura da Lei Áurea, com os entornos do palácio tomados de celebração e uma chuva de flores caindo sobre todos, Patrocínio aproximou-se de Isabel, ficou de joelhos e beijou-lhe as mãos, sendo seguido nesse gesto por outros abolicionistas.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Sessão do Senado em que se aprovou a Lei Áurea, a 12 de maio de 1888.
Obtida a vitória na campanha abolicionista, as atenções da opinião pública se voltaram para a campanha republicana. Por ironia do destino, o “A Cidade do Rio” e a própria figura de Patrocínio passaram a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Nessa fase, Patrocínio, rotulado como um “isabelista”, foi apontado como um dos mentores da chamada Guarda Negra, um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos. Esse grupo iniciou um verdadeiro culto à princesa Isabel, o chamado isabelismo, e combateu diversos ativistas contrários a um eventual Terceiro Reinado.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Isabel do Brasil.
Após a proclamação da República (1889), entrou em conflito em 1892 com o governo do marechal Florino Peixoto ao apoiar a Revolta da Armada contra o regime republicano recém-estabelecido, sendo detido e deportado para Cucuí, no alto rio Negro , no estado do Amazonas.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre. – Tropas do Exército fortificando a zona portuária do Rio durante a Revolta da Armada.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Pedra de Cucuí, Amazonas, 1929-1930.
Retornou discretamente ao Rio de Janeiro em 1893, mas, com o estado de sítio ainda em vigor, a publicação do “A Cidade do Rio” continuou suspensa. Sem fonte de renda, Patrocínio foi residir no subúrbio, em Inhaúma.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nos anos seguintes, a sua participação política foi inexpressiva, concentrando-se a sua atenção no moderno invento da aviação. Iniciou a construção de um dirigível de 45 metros, o “Santa Cruz”, com o sonho de voar, jamais concluído. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, quando discursava saudando o inventor, foi acometido de uma hemoptise, sintoma da tuberculose que o vitimou. Faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado, por seus biógrafos, o maior de todos os jornalistas da abolição.
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Fonte Texto Wikipédia, a enciclopédia livre.
Por Sergio Lima.