Buttice e Jonas.
Por Sergio Lima.
Resenha. Anos 70. Antes de começarmos o treino formal do América do Rio, no Andaraí, em nosso campo, tínhamos um bate bola e chutes a gol descontraídos. Os goleiros, eram Jonas (estatura mediana, mas excelente goleiro), super amigo e querido por todos, e o Argentino chamado Buttice, grandão, outro excelente goleiro.
Campo do America do Rio no Andaraí.
Foto do Andaraí – Fonte foi retirada do – https://www.facebook.com/photo/?fbid=1450307328522511&set=nos-conta-o-ex-craque-mauro-pedrazzi-que-o-nosso-ex-goleirojonas-certa-vez-adqui&locale=pt_BR http://americario.net americario.net
Começávamos com o Edu, na manha, na malícia. Batia na bola como os mestres. Pimba. No ângulo. Gol. O Jonas ficava doido de raiva, pois tinha sido o primeiro chute.
Jerê e Edu.
Daí, era a vez do Buttice. Vinha o Dito. Pimba. O Buttice pegava. Minha vez, Sérgio Lima. Pimba. Ele pegava, de novo. Vez do Gilmar. Pimba. E mais uma vez o Buttice pegava. O Jonas ficava irritado, doido para entrar no gol novamente. E lá vinha o Badeco. Pimba. Buttice pegava. Aí foi a vez do Mauro e, pimba. Gol. Jonas ficava super feliz.
Mauro Pedrazzi.
Jonas voltava para o gol. Olhava para o Buttice, meio de lado, com o “Rabo do olho” como quem insinuasse para o gringo que deveria sair logo. Na sequência, era a vez do Tadeu Ricci, craque, uma FERA. Batia na bola maravilhosamente bem, sem usar de muita força. Dava três passos para trás, corria para a bola e pimba. Ele batia na bola de uma maneira, que ela saía, subia com meia força e descia dentro do gol.
Dr. Badeco e Tadeu Ricci.
O nosso querido Jonas ficava enfurecido e se recusava a sair do gol. A rapaziada ria muito. Dizíamos para ele que tinha que sair, sim. O Buttice ficava parado, olhando sério. Então o Jonas saía. Morríamos de rir, pois ele ficava de 5 a 10 minutos esperando o Buttice sair, porque ninguém conseguia fazer um gol no Argentino. Mas na vez do Jonas, nós conseguíamos acertar a bola no ângulo, logo no primeiro chute.
Na sequência do bate bola, o Jonas, na bronca, encostou em um dos postes do gol. E então entrou o Buttice. O Sarão partiu para o chute. Pimba. O Buttice segurou. Em seguida foi a vez do Cabeça. Pimba. O Buttice pegou. Vez do Badeco. Pimba. E o gringo pegou de novo a bola. Ai foi a vez do Djair. Pimba. A bola saiu rasteira, e bateu na trave onde o Jonas estava encostado. Ele rapidamente, meio sem querer, mas querendo, meteu o pé, meio de lado, e fez o gol. Caminhou para o meio do gol, em direção do argentino, dizendo para ele sair, pois tinha sido gol.
Demos risadas, muitas risadas. Alguns gritaram que não tinha sido gol. Mas mesmo assim ele entrou. O Buttice simplesmente aceitou a brincadeira e saiu.
Já estávamos no “Bate bola” sério, sendo parte do treinamento do dia.
Bate bola. Cuíca fez o passe para o Renato e ele, pimba na bola. O Donato fez o passe para o para o Cabeça e ele, pimba. Quando foi a minha vez, eu gritei: rola Jerê. Ele se jogou no chão e saiu rolando, rolando. A rapaziada caiu na gargalhada. Eu disse: Jerê, você está maluco? Ele rindo, respondeu: você gritou rola Jerê! Eu rolei. Risada geral.
Na pelada quando pedíamos para o Jerê virar o jogo, coisa normal dentro do campo de futebol. Vira Jerê. Ele virava e ficava de costas, parado com a bola. Ninguém aguentava, tínhamos que rir. Assim era o maravilhoso ambiente do nosso querido América do Rio de Janeiro, dos anos 70.
Campo do America do Rio no Andaraí.
Mas na hora dos jogos, seja no Maracanã ou fora dele, no Brasil ou fora dele, nós botávamos para quebrar e honrávamos a camisa do nosso America. Por esta razão muitos de nós, fomos negociados e jogamos em outras grandes equipes do Brasil.
Torneio na Argentina.
Na Africa em Angola, na Cidade de Lourenço Marques, hoje Cidade (Maputo), tínhamos perdido de 2 a 1, era o primeiro jogo contra o extraordinário Benfica, comandado no campo pelo genial craque Eusébio. Eles estavam cheios de PERNAS, no hotel antes e depois do jogo. Em Luanda corremos atrás, e demos o troco com um belo jogo e um “chocolate”, ganhando de 1 a 0, gol de Sergio Lima (Gol meu) e levamos para disputa de pênaltis. Ganhamos e nos tonarmos os Campeões da Taça TAP.
Na África – Estádio do primeiro jogo na cidade Lourenço Marques, hoje (Maputo), Maputo, é a capital de Moçambique, na África Oriental.
Dr. Zé Fernandes, Vanderlei, Alex, Alvaro, Paulo Maurício, Ivo e Mareco e o Sr. Natalino. Antonio Carlos, Tadeu Ricci, Luizinho, Sergio Lima e Mauro.
Esta é uma foto marcante e inesquecível, com o nosso grande capitão Alex, (Kid) como era chamado carinhosamente na intimidade do grupo, levantando orgulhosamente a TAÇA TAP, Transportes Aéreo Português.
Luanda OTE é a capital e a maior cidade de Angola. Localizada na costa do Oceano Atlântico, é também o principal porto e centro econômico do país.
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OBS – Quero informar que alguns termos usados neste texto são de pura brincadeira, lembranças, nunca e jamais com intenção de ofender, diminuir ou avacalhar alguém. Quero simplesmente lembrar o tempo que jogávamos e éramos felizes, 50 anos atrás. Sei que as coisas mudaram e por esta razão tenho o cuidado em fazer essa observação. Informo também, que tenho imenso prazer em dizer que o tempo que estive no America do Rio, desde os juvenis em 1969 até 1974, jamais tive conflito ou desentendimento com qualquer companheiro do plantel, dentro ou fora do campo.
Por Sergio Lima.
Tivemos o extraordinário apoio do grande amigo Claudio Teixeira.