Por Sergio Lima.
Marcos Bocatto, Professor de Educação Física e atual Presidente do Sindicato de Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo. Marcos é um grande amigo, ser humano ímpar, extraordinário profissional que transita com extrema tranquilidade e sabedoria no ambiente do futebol brasileiro, às vezes trágico, onde encontramos diversos personagens que complicam coisas simples, que poderiam ser benéficas para o futebol no Brasil.
Convido a todos, para viajarmos através desta reportagem e saber um pouco da história deste mestre e profundo conhecedor das bases e estruturas do futebol, que introduziu em nosso país e o levou para outros lugares no mundo, onde deixou seus preciosos ensinamentos.
No México, no Japão, na Arábia, e hoje como Presidente do Sindicato dos Treinadores, faz um trabalho digno de aplausos. Damos ênfase e contamos sobre sua passagem pelo futebol Mexicano e também outros países citados acima.
Por Sergio Lima.
Club Deportivo Unión de Curtidores, Guanajuato, México – O Jogo da minha vida…em Irapuato.
Entrevista.
VB – Porque você foi trabalhar no futebol Mexicano?
MB – No início do ano de 83, Eu estava trabalhando no nacional Atlético Clube, da capital Paulista, depois de ter iniciado minha carreira como auxiliar de preparação física, da equipe profissional do São Paulo Futebol Clube, dirigido por Rubens Minelli.
Fui informado que o treinador brasileiro, José Gomes Nogueira, que dirigia no México, estava contratando preparador físico para a sua nova equipe, o Unión de Curtidores. busquei o professor Nogueira e entreguei a ele o meu currículo, que apesar de pequeno, era consistente, com minha vida como atleta de futebol e mais 3 anos na equipe profissional do São Paulo futebol clube, então o campeão brasileiro de 1979 e vice campeão Paulista.
Professor José Gomes Nogueira e Marcos Bocatto.
VB – Quantas temporadas você ficou no México?
MB – Ficamos, Nogueira e eu, apenas a temporada de 1983/1984 e regressamos para o Brasil.
VB – Em que estágio estava o futebol Mexicano 1983/1984 em relação ao mundo, quando você esteve lá?
MB – Nos anos 80 a seleção mexicana não desfrutava de um bom futebol e não havia se classificado para a copa de 1982 e não era uma força na região da CONCACAF. Só veio tornar-se protagonista nos anos 1990.
Club Deportivo Unión de Curtidores, Guanajuato, México, 1983 -1984.
VB – Diga sobre a sua experiência profissional ao trabalhar com o extraordinário professor José Gomes Nogueira.
MB – Trabalhar com o professor Nogueira, foi uma escola para mim, canto no México, como no Al Hilal da Arábia Saudita e no sindicato dos treinadores de futebol profissional do estado de São Paulo, onde hoje sou o presidente.
No Al Hilal, Tivemos um dos maiores sucessos de nossas carreiras, quando fomos campeões e finalistas todos os torneios disputados sendo o principal deles, a Copa do Golfo de Clubes Campeões ( o mesmo que a Libertadores) que nos dias atuais nos levaria ao Mundial da FIFA, como aconteceu com o Al Hilal na última edição em 2022. Nogueira tela completa, tinha a vivência prática como ex atleta e a base acadêmica da escola educação física.
Campeão do Golf Árabes de Clubes.
VB – Fale sobre o projeto do Clube Union de Curtidores que vinha preparando um grande investimento para contratar, o ótimo atacante brasileiro Sergio Lima, o extraordinário goleador brasileiro Cabinho, o excelente zagueiro Argentino do America do México, Miguel Angel Cornero, e o diferenciado meio campista brasileiro Kalu, ex Leon e fazer um grande time, e o sonho acabou com a morte do presidente em um acidente aéreo com o seu avião particular. E você poderia estar junto.
Union de Curtidores 2 – América do México 3 – Temporada 1983 – 1984 – Foram 2 Gols do brasileiro Sergio Lima – Estádio Azteca.
MB – Chegamos na cidade de León no início de julho de 1983, recebidos pelo então presidente El Poyero, pelos Vices-presidentes, Dom Arturo Villegas Torres e pelo Licenciado Bauptista. Foi uma recepção calorosa e de pronto ganhei amizade do presidente Poyero e de Dom Arturo, com quem delineamos um grande projeto de futuro promissor para o Clube Union de Curtidores.
Tudo caminhava perfeitamente, até que alguns dias antes da competição da primeira divisão futebol mexicano, El Poyero, me convidou para conhecer sua casa de veraneio em Puerto Vallarta. Tudo certo para nossa viagem no final de semana, pois não teríamos atividade com o clube, mas de última hora professor Nogueira acertou um amistoso em Irapuato e claro, comprometimento profissional, deixei para conhecer Puerto Vallarta em outra oportunidade.
De maneira trágica, o avião do presidente teve problemas, que culminando com a morte em todos os passageiros. Nunca mais esquecerei da urna funeral do presidente Poyero.
Dom Arthuro assumiu a presidência, mas o projeto inicial, nunca mais foi a frente, inclusive no que diz respeito as contratações, que finalizaram Sérgio Lima, um grande atacante e e um novo volante Uruguaio Juan Carlos da Rosa ( El Charrua).
VB – Ao finalizar o seu compromisso com o futebol do México qual foi o seu trabalho na sequência?
MB – No meu regresso fui trabalhar no Esporte Clube Taubaté, onde conheci o Presidente Reinaldo Carneiro Bastos, hoje presidente Da federação Paulista de futebol e nossa amizade perdura até hoje. Em seguida, 1986 fui para Arábia Saudita, depois América de Rio Preto, quando neste clube, assumir o papel de treinador profissional, pela primeira vez em 1987.
Após este início, fui para o Japão, onde fiquei por 8 anos, ganhamos todos os títulos e inclusive fui nomeado, como o primeiro estrangeiro a ser treinador da seleção principal do estado de Tóquio.
Campeão Japonês.
VB – Quais são os seus projetos para 2023?
MB – Hoje, envolvido também na política de esporte de nosso país, fui nomeado pela Presidência da República, como Diretor Nacional de Esporte de Base e Alto Desempenho no Ministério do Esporte e o projeto coletivo, é construir um plano de fortalecimento, expansão do esporte e para todos os brasileiros, sejam eles jovens, adultos, idosos, homens e mulheres, bancos negros e negras, indígenas e de todas as classes sociais, respeitados em seu direito constitucional da prática esportiva e a formação cidadã.
Final de ano jogo Amigos do Esporte Clube Água Santa.
Não poderia deixar de citar aqui, um de meus maiores orgulhos, que foi o fato de em 2011, ter profissionalizado o Esporte Clube Água Santa, da cidade de Diadema. Pegamos, eu, Julinho e Paulo korek, o clube da Várzea da cidade de Diadema e teimosamente, contra tudo e contra todos, filiamos na federação Paulista de futebol, nos desenvolvemos, com nossas raízes e nosso povo na cidade de Diadema e hoje estamos jogando afinal da primeira divisão do futebol Paulista, contra uma das maiores equipes no futebol Sul-Americano e mundial, a Sociedade Esportiva Palmeiras.
8 de dezembro de 2011, profissionalização do Esporte Clube Água Santa.
VB – Porque os treinadores brasileiros perderam espaço para vários estrangeiros, principal mente para alguns competentes portugueses, que não são figuras no seu país, mas se impõe, falam, contestam tudo e todos através da imprensa, com comportamento no Brasil como se eles sim, tivessem ganho 5 vezes a Copa do Mundo de Futebol?
MB – Falando de minha área, ou seja, dos treinadores profissionais de futebol brasileiros, faça a seguinte análise; realmente somos uma categoria profissional de muito sucesso, com 5 mundiais, ter levado diversas seleções internacionais para uma Copa do Mundo e outros torneios internacionais, diversos torneios sul americanos, tanto de seleções como de clubes, o domínio no futebol do mundo árabe e do Japão. Porém “sentamos em cima do rabo” e não nos qualificamos, nem nos modernizamos, como fizeram os europeus, que nos estudaram até raiz dos cabelos.
Além da falta de fundamentação técnica e científica, muitos de nós, pensando serem deuses, donos absolutos da verdade, começaram a criar seus feudos, com amigos e familiares, perdendo a respeitabilidade de torcedores, dirigentes e da mídia esportiva. Mas ainda assim, o conhecimento adquirido com a vivência prática, no melhor futebol do mundo, não deixamos de sermos os maiores vencedores e potencialmente os melhores profissionais do mercado.
VB – Você está de acordo que a seleção brasileira tenha um técnico estrangeiro?
MB – Eu não ficaria triste, se a CBF contrata-se o italiano Carlo Ancelotti, pois além da condução de nossa seleção, seria um espelho para nossos treinadores brasileiros.
VB – Com toda a sua experiência e conhecimento dentro do futebol, tem algum treinador no Brasil que você indicaria para seleção brasileira?
MB – Finalizando Sérgio, acredito que apesar estamos vivendo um hiato temporal, para o surgimento e fortalecimento, de novos treinadores brasileiros, eu ainda, acreditaria em Renato gaúcho ( que não conheço) e em Fernando Diniz.
Vejam o Vídeo.
Fonte do vídeo – YouTube
Fonte foto – http://www.sitrefesp.com.br/sitrefesp-tem-nova-diretoria-e-planos-concretos-para-o-treinador-do-estado/ – Marcos Boccatto
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Por Sergio Lima.