Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077
Por Sergio lima.
Aldeci! Fera! Grande amigo! Zagueirão que impunha respeito. Mal encarado, barbudo, cara feia e que botava pra quebrar. Marcava maravilhosamente bem, jogava duro, mas na bola. Não era mal intencionado, e sim, rude, viril, desprovido de sorriso e gestos amáveis dentro do campo. Dava carrinhos na bola e conseguia às vezes, jogar a bola e o atacante adversário para fora do campo. Não olhava e nem discutia com os árbitros, somente olhava para o além, a esmo raivosamente, mas seu olhar tinha uma leitura visual que significava: se me expulsar, pode até ser a última vez que faz isso na sua vida.
Fora de campo era irreconhecível, amável, educado, simples, gentil, super gente boa, culto e bem humorado. Aldeci, Jeremias,Tião, Mareco, Terezo, Luizinho, Caio e Batista faziam parte do grupo de atletas, amigos inseparáveis de Niterói. Em um jogo contra o Botafogo, a defesa botafoguense estava chegando junto seguidamente em umas dessas jogadas, (a bola estava parada devido a falta que eu havia sofrido, cometida por um defensor botafoguense), o nosso massagista havia entrado para me atender.
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O juiz não tinha punido o autor da falta devidamente, aplicando-lhe um cartão, formou-se a costumeira rodinha. Aldeci, com sua postura peculiar, nada amável, com o dedo em riste, esbravejou em direção aos jogadores botafoguenses e gritou: “agora eu vou meter a PORRADA em quem se aproximar da nossa área”. A partir daí, para justificar o dito, na primeira jogada após a quase mortal ameaça, o nosso xerifão deu um carrinho que quase acertou a alma do Ferreti do Botafogo.
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Na sequência, Aldeci partiu em direção do Zequinha (que escapuliu de banda) e apontou o dedo para o Paulo Cesar. A partir desse momento o jogo ficou legal, suave para todos nós que jogávamos na frente, dali em diante, Aldecir, o xerifão, gritava para mim: “Sergio, vai pra cima deles que eu vou meter a porrada aqui”. Ele era o guardião da nossa defesa, era o primeiro a dar combate aos atacantes adversários, se expunha, era destemido. Ia com tudo, de corpo e alma, muitas vezes facilitava o trabalho do nosso sistema defensivo.
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Obrigado, grande Aldeci. Tenho orgulho em ter jogado com você, ser seu amigo e receber os cuidados, proteção e carinho que você sempre dispensou para com todos nós jovens que subíamos do juvenil para o time principal, sua postura inigualável, como se fosse um irmão mais velho.
Reunião com a rapaziada do nosso América em 2018 na Tijuca – Uma resenha monstra. De amaelo: Iata Anderson, Mauro Pedrazzi, Sergio Lima, e Aldeci – De azul: Eraldo, que jogou na Portuguesa Carioca e America, Antonio Carlos ” Cabeça” e Rodrigo seu filho.
História
Aldeci Ramos Teixeira, ex-zagueiro do América do Rio, continua vivendo no Rio de Janeiro, em Macaé, no bairro Aeroporto, onde é aposentado da Petrobrás. É pai de sete filhos e avô de nove netos. Nascido no dia 5 de novembro de 1946, Aldeci, que também comandou a zaga do Remo (onde foi campeão paraense, em 1973) e do ABC de Natal-RN.
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O ex-zagueiro sente saudades de sua época de jogador, lembrando e contado muitas histórias da bola. Ele ainda tem uma marca no nariz, quebrado em um determinado episódio. “Foi o Suingue, num jogo entre Corinthians e América, em 1971, lá em São Paulo”, lembra Aldeci. No dia 24 de novembro de 1971, no estádio do Pacaembu, o América foi derrotado pelo Corinthians por 1 a 0 (gol de Adãozinho).
Fonte foto – https://www.meutimao.com.br/confrontos-entre-corinthians-e-america
O árbitro José Luis Barreto não viu o meia corintiano Suingue quebrar o nariz de Aldeci, torto até hoje. Dentro do futebol, um de seus melhores amigos foi o médio-volante Badeco, trazido do Corinthians para o Ameriquinha pelo jovem técnico Evaristo de Macedo, e que depois continuou a fazer sucesso na Lusa do Canindé. “Eu e o Badecão já usávamos barba naquela época e isso causava muita polêmica, já que vivíamos uma ditadura militar”, recorda o ex-zagueiro.
Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077 – Escalação: Alex, Ubirajara Terezo, Bedeco, Aldeci, Paulo Mauricio – Antônio Carlos, Gilmar, Taquito, Tadeu e Mauro.
Aldeci atuou pelo América do Rio de 1965 a 1973. Encerrou a carreira em 1977, no ABC de Natal-RN. Em sua carreira, disputou 39 jogos válidos por campeonatos brasileiros.
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Fonte do texto – Site do excelente Milton Neves – Por Gustavo Grohmann. Quem nos enviou as informações foi o Carlos Magno Faturini Abreu, de Macaé-RJ. Muito obrigado, Carlos.