Crônica – Aldeci, xerifão destemido, excepcional zagueirão raiz, do America do Rio anos 70.

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1955

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077

Por Sergio lima.

Aldeci! Fera! Grande amigo! Zagueirão que impunha respeito. Mal encarado, barbudo, cara feia e que botava pra quebrar. Marcava maravilhosamente bem, jogava duro, mas na bola. Não era mal intencionado, e sim, rude, viril, desprovido de sorriso e gestos amáveis dentro do campo. Dava carrinhos na bola e conseguia às vezes, jogar a bola e o atacante adversário para fora do campo. Não olhava e nem discutia com os árbitros, somente olhava para o além, a esmo raivosamente, mas seu olhar tinha uma leitura visual que significava: se me expulsar, pode até ser a última vez que faz isso na sua vida.

Fora de campo era irreconhecível, amável, educado, simples, gentil, super gente boa, culto e bem humorado. Aldeci, Jeremias,Tião, Mareco, Terezo, Luizinho, Caio e Batista faziam parte do grupo de atletas, amigos inseparáveis de Niterói. Em um jogo contra o Botafogo, a defesa botafoguense estava chegando junto seguidamente em umas dessas jogadas, (a bola estava parada devido a falta que eu havia sofrido, cometida por um defensor botafoguense), o nosso massagista havia entrado para me atender.

                                                                                                                               

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077

O juiz não tinha punido o autor da falta devidamente, aplicando-lhe um cartão, formou-se a costumeira rodinha. Aldeci, com sua postura peculiar, nada amável, com o dedo em riste, esbravejou em direção aos jogadores botafoguenses e gritou: “agora eu vou meter a PORRADA em quem se aproximar da nossa área”. A partir daí, para justificar o dito, na primeira jogada após a quase mortal ameaça, o nosso xerifão deu um carrinho que quase acertou a alma do Ferreti do Botafogo.

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077

Na sequência, Aldeci partiu em direção do Zequinha (que escapuliu de banda) e apontou o dedo para o Paulo Cesar. A partir desse momento o jogo ficou legal, suave para todos nós que jogávamos na frente, dali em diante, Aldecir, o xerifão, gritava para mim: “Sergio, vai pra cima deles que eu vou meter a porrada aqui”. Ele era o guardião da nossa defesa, era o primeiro a dar combate aos atacantes adversários, se expunha, era destemido. Ia com tudo, de corpo e alma, muitas vezes facilitava o trabalho do nosso sistema defensivo.

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077

Obrigado, grande Aldeci. Tenho orgulho em ter jogado com você, ser seu amigo e receber os cuidados, proteção e carinho que você sempre dispensou para com todos nós jovens  que subíamos do juvenil para o time principal, sua postura inigualável, como se fosse um irmão mais velho.                                                                                                                 

Reunião com a rapaziada do nosso América em 2018 na Tijuca  – Uma resenha monstra.  De amaelo: Iata Anderson, Mauro Pedrazzi, Sergio Lima, e Aldeci – De azul: Eraldo, que jogou na Portuguesa Carioca e America, Antonio Carlos ” Cabeça” e Rodrigo seu filho.

História

Aldeci Ramos Teixeira, ex-zagueiro do América do Rio, continua vivendo no Rio de Janeiro, em Macaé, no bairro Aeroporto, onde é aposentado da Petrobrás. É pai de sete filhos e avô de nove netos. Nascido no dia 5 de novembro de 1946, Aldeci, que também comandou a zaga do Remo (onde foi campeão paraense, em 1973) e do ABC de Natal-RN.

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077

O ex-zagueiro sente saudades de sua época de jogador, lembrando e contado muitas histórias da bola. Ele ainda tem uma marca no nariz, quebrado em um determinado episódio. “Foi o Suingue, num jogo entre Corinthians e América, em 1971, lá em São Paulo”, lembra Aldeci. No dia 24 de novembro de 1971, no estádio do Pacaembu, o América foi derrotado pelo Corinthians por 1 a 0 (gol de Adãozinho).

Fonte foto – https://www.meutimao.com.br/confrontos-entre-corinthians-e-america

O árbitro José Luis Barreto não viu o meia corintiano Suingue quebrar o nariz de Aldeci, torto até hoje. Dentro do futebol, um de seus melhores amigos foi o médio-volante Badeco, trazido do Corinthians para o Ameriquinha pelo jovem técnico Evaristo de Macedo, e que depois continuou a fazer sucesso na Lusa do Canindé. “Eu e o Badecão já usávamos barba naquela época e isso causava muita polêmica, já que vivíamos uma ditadura militar”, recorda o ex-zagueiro.

Fonte foto – Site do Milton Neves – https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/aldeci-3077  – Escalação: Alex, Ubirajara Terezo, Bedeco, Aldeci, Paulo Mauricio – Antônio Carlos, Gilmar, Taquito, Tadeu e Mauro.

Aldeci atuou pelo América do Rio de 1965 a 1973. Encerrou a carreira em 1977, no ABC de Natal-RN. Em sua carreira, disputou 39 jogos válidos por campeonatos brasileiros.

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Fonte do texto – Site do excelente Milton Neves – Por Gustavo Grohmann. Quem nos enviou as informações foi o  Carlos Magno Faturini Abreu, de Macaé-RJ. Muito obrigado, Carlos. 

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BIOGRAFIA ****** Sérgio Lima, ex-jogador profissional de futebol, natural de Campos dos Goytacazes, começou sua carreira no Americano onde jogou em todas as categorias e foi campeão Estadual no ano de 1969. Em 1970, transferiu-se para o juvenil do América do Rio, tornando-se artilheiro da Taça Guanabara de 1973 e vice-artilheiro brasileiro Carioca de 1973. Em 1974, sua história foi ilustrada luxuosamente com o Internacional de Porto Alegre, Hexa Campeão Gaúcho invicto. Em 1975, formou um excelente time do Guarani de Campinas, com grandes jogadores, Ziza, Amaral,Renato, Miranda, Davi, Alexandre Bueno, Edinaldo, Erb Rocha, Sergio Gomes, Hamilton, Rocha. que foi base do Campeão em 1978. Em 1976, transferiu-se para o futebol mexicano onde ficou por 8 anos: Club Jalísco, e Atlas Fútbol Club ambos da cidade de Guadalajara, Morélia da cidade de Morélia, Michoacan e Union de Curtidores da cidade de Leon, Guanajuato. Em 1984, retornou ao Brasil para o Botafogo do Rio. ****** Em 1985 foi contratado pelo Cabofriense, da cidade de Cabo Frio,estado do Rio, onde encerrou sua carreira. Presente em Guadalajara na Copa do Mundo 1986 no México, trabalhou como comentarista esportivo na rádio local chamada "Canal 58" de Guadalajara. Após a copa do Mundo de 1986, começou sua trajetória de 30 anos, nos Estados Unidos da América,, onde foi convidado pela Universidade de Houston Texas, através do seu responsável o excelentíssimo Professor Franco para participar como instrutor do “Cugar Soccer Summer Camp” durante duas semanas. Na sequência, depois de várias participações, em diferentes Soccer Camps no Texas, fundou, oficializou e legalizou a Brazilian Soccer Academy com o apoio espetacular do grande amigo Skip Belt. Com experiência de muitos anos dentro do campo, passou conhecimento e os fundamentos básicos do futebol do Brasil para um número incontável de jovens americanos. ****** Convidado pelo consulado Mexicano, idealizou e apresentou o projeto Houston Soccer After School Program para City of Houston Park and Recreation em 1994, para benefício de crianças e jovens entre 6 a 17 anos. Isso ocorreu na área metropolitana da cidade, onde concentrava a grande maioria de crianças e jovens negros e mexicanos, na época estavam com extremo e grande problema social que os envolvia com drogas e as abomináveis gangues. Desafio aceito, e o programa foi desenhado, aproveitando a infraestrutura dos Parks da cidade. O passo a passo foi dividido em três fases básicas: 1 - Criou-se liga em cada Park, onde havia jogos entre eles. 2 – Todos os meses havia Torneios entre todos os Parks. 3 - Criou-se seleções para jogarem contra jovens das outros áreas, e diferentes estados, sempre cuidando com os mínimos detalhes dos dispositivos e ensinamentos básicos do respeitado futebol do Brasil, para atrair e motivar a todos. O requisito principal era estar e manter boas notas e presença na escola, para desfrutar dos benefícios, recebendo gratuitamente todos os materiais de primeira linha doados por um conhecido patrocinador. Finalmente, aos 17 anos tinham a oportunidade de receber uma bolsa de estudos para ingressar em uma universidade americana. Foi apresentado e aprovado e Sérgio se transformou em funcionário público da cidade de Houston por 17 anos, até a sua aposentadoria. Muitíssimos jovens foram beneficiados pelo programa mudando radicalmente suas vidas, as drogas e gangues desapareceram. Sérgio fez o curso de treinador da Federação Americana de Futebol, recebendo a "Licença National B' e assumiu como Coach principal da South Texas Soccer Select Team Open Age From 1994 to 1996, tornando-se o primeiro treinador brasileiro e negro "Afrodescendente" a dirigir a Seleção do Sul do Estado do Texas. ****** No ano de 1992, Fundou o Jornal Vida Brasil Texas, tornou-se editor, onde ficou por 28 anos, sendo 24 anos impressos e os últimos 4 anos digital em português. Fundou em 2004, a Revista Brazilian Texas Magazine, é seu Editor . A revista até 2015 foi impressa, em 2016, passou a publicação digital em inglês. ****** 1 - Compositor, teve participação do CD Brasil Forever 1997 da Banda brasileira no criada no Texas em 1993 com finalidade de promover a cultura do Brasil. Banda “Atravessados de Houston” – Texas, com tiragem de 10 mil CDs. Sérgio Lima teve a participação com 10 músicas 8 autorais e mais duas com parcerias. 2 - Compositor da música “I Love Rio”, escrita e inglês em homenagem ao Rio de Janeiro, com a luxuosa interpretação da excelente Elicia Oliveira em ingrês (Está disponível no YouTube). https://www.youtube.com/watch?v=l39hfwOkyYU&t=18s ****** Representou a comunidade brasileira do Texas na I Conferência “Brasileiros no Mundo”, realizada em maio de 2008, com uma extrema característica acadêmica. ****** A II Conferência “Brasileiros no Mundo”, realizada em outubro 2009, se desenvolveu com uma acentuada conotação política, tornando, em certos momentos, o diálogo tenso, desconfortável e, até certo ponto, cansativo, devido à falta de elasticidade de algumas lideranças, acostumadas, creio, a pontuar e determinar o rumo das conversas e decisões, em suas áreas ou comunidades no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, de iniciativa da Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG, órgão ligado ao Ministério das Relações Exteriores – MRE. ****** Sérgio criou o espaço Brasil especial na Biblioteca central da cidade de Houston e conseguiu doações de livros de algumas instituições das comunidades brasileiras de outros estados americanos para compor o espaço. Recebeu o Prêmio Brazilian International Press Ward, por 3 vezes, em reconhecimento pelos trabalhos como editor do Jornal Vida Brasil Texas em português, e revista Brazilian Texas Magazine em inglês – 2011. ****** ORIGINAL ARTICLE “AFRO DECENDENTES NA MÍDIA BRASILEIRA”. You are a winner for the 15th Annual Brazilian International PRESS AWARDS. Your outstanding performance and contribution for the Brazilian Culture was recognized by the Media and Cultural Leaders of the Brazilian Community in the United States. Join us for the 15th celebration of the Brazilian Cultural presence in the U.S. The Award Ceremony will be held at the Cinema Paradiso • Fort Lauderdale May 3rd 2012.

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