Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Cais do Valongo.
Por Sergio Lima.
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O Cais do Valongo é um antigo cais localizado na zona portuária do Rio de Janeiro , entre as atuais ruas Coelho e Castro e Sacadura Cabral. Recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 9 de julho de 2017 por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Porto do Rio de Janeiro. O porta-aviões brasileiro NAe São Paulo ( A-12), antigamente da Marinha Francesa, ancorado no Porto do Rio de Janeiro. Ao fundo, o Morro do Pão de Açucar.
Construído em 1811, foi local de desembarque e comércio de escravizados africanos até 1831, com a proibição do tráfico transatlântico de escravos . Durante os vinte anos de sua operação, entre 500 mil e um milhão de escravizados desembarcaram no cais do Valongo.
Fonte foto – The inspection and sale of a Negro. This reproduction of a wood engraving was originally published in Captain Canot; or, Twenty Years of an African Slaver by Brantz Mayer. It depicts an African man being inspected by a white man while another white man talks with slave traders.
Em 1843, o cais foi reformado para o desembarque da princesa Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias , que viria a se casar com o imperador D. Pedro II. O atracadouro passou então a chamar-se Cais da Imperatriz.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias.
Entre 1850 e 1920, a área em torno do antigo cais tornou-se um espaço ocupado por negros escravizados ou libertos de diversas nações – área que Heitor dos Prazeres chamou de Pequena África.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Pedra do Sal, Rio de Janeiro.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Morro da Providência situado em Santo Cristo.
Até meados da década de 1770, os escravizados desembarcavam na Praia do Peixe, atual Praça XV, e eram negociados na Rua Direita (hoje Rua 1º de Março), no centro do Rio de Janeiro, à vista de todos. Em 1774, uma nova legislação estabeleceu a transferência desse mercado para a região do Valongo, por iniciativa do segundo Marquês de Lavradio, Dom Luis de Almeida Portugal Soaes de Alarcão d’Eça e Melo Silva Mascarenhas, vice-rei do Brasil, alarmado com “o terrível costume de tão logo os pretos desembarcarem no porto vindos da costa africana, entrarem na cidade através das principais vias públicas, não apenas carregados de inúmeras doenças, mas nus”.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Praça XV.
O mercado foi transferido, mas ainda não havia o ancoradouro, e a alternativa encontrada foi desembarcar os escravizados na alfândega e imediatamente enviá-los de bote ao Valongo, de onde saltariam diretamente na praia. Em 1779 , o comércio de escravizados finalmente se estabeleceu na área do Valongo, onde teve seu auge entre 1808, com a chegada da família real portuguesa, e 1831, quando o tráfico negreiro para o Brasil foi proibido, passando a ser feito clandestinamente.
Vejam o vídeo.
Fonte vídeo. – YouTube.
A partir de 1808 o tráfico quase dobra, acompanhando o crescimento da cidade que, após a transferência da corte portuguesa para o Brasil, passa de 15 mil para 30 mil habitantes. Todavia só em 1811 o cais foi construído, passando o desembarque a ser feito diretamente no Valongo. De 1811 a 1831, entre 500 mil e um milhão de escravos ali desembarcaram. No fim dos anos 1820, o tráfico de escravizados para o Brasil vive o seu apogeu. O Rio de Janeiro era então um importante entreposto comercial de escravizados, e o Valongo era a principal porta de entrada dos negros vindos de Angola, da África Oriental e Centro-Ocidental – enquanto no Maranhão e na Bahia chegavam navios vindos da Guiné e da África Ocidental, respectivamente.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Vista da Gamboa em 1882, óleo sobre tela de Hipólito Caron.
Em 1831, o tráfico transatlântico de escravos foi proibido, por pressão da Inglaterra, e o Valongo foi fechado. Os traficantes passaram então a fazer o desembarque em portos clandestinos. Em 1843, foi feito um aterro de 60 centímetros de espessura sobre o cais do Valongo para a construção de um novo ancoradouro, destinado a receber a princesa Teresa Cristina, futura esposa de D. Pedro II. O cais foi então rebatizado ‘Cais da Imperatriz’. Mas este também acabaria por ser enterrado em 1904 , durante a reforma urbana empreendida pelo prefeito Pereira Passos.
Redescoberta
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Foto de Marc Ferrez do século XIX retratando o bairro da Saúde.
Em 2011, durante as escavações realizadas como parte das obras de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, foram descobertos os dois ancoradouros – Valongo e Imperatriz -, um sobre o outro, e, junto a eles, uma grande quantidade de amuletos e objetos de culto originários do Congo, de Angola e Moçambique. O IPHAN e a prefeitura do Rio de Janeiro elaboraram um dossiê para a candidatura do sítio arqueológico do cais ao título de Patrimônio da Humanidade da Unesco. O sítio foi declarado patrimônio da humanidade na 41ª sessão do comitê da Unesco, em 2017.
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Por Sergio Lima.
Fonte texto – Wikipédia, a enciclopédia livre.