Por – Fernanda Teixeira – Psicóloga e Terapeuta (cuidesebemm@gmail.com)(www.cuidesebem.com) www.cuidesebem.com
Olá, amigos.
É muito bom estar aqui escrevendo para vocês! Dessa vez, o estímulo veio da curiosidade despertada pela novela das seis da Globo, Espelho da Vida, sobre a regressão de memória. Tal como um filme ou uma música, uma obra instiga saber mais sobre, e assim a novela trouxe para as sessões de psicoterapia perguntas e indagações a respeito da ferramenta da psicologia transpessoal: a regressão.
Então, fui pesquisar a novela, a inspiração, a autora e assisti a uns capítulos e… voilá. Vamos esclarecer e nos aprofundar um pouco sobre o tema despertado pela telenovela!
No final do século XIX, na capital da Bahia, Salvador, um casal havia firmado compromisso de noivado. Por motivos não ditos, Julia resolve traçar novos caminhos e interrompe o noivado. O noivo, José, movido pelo sentimento de rejeição, dissolve as alianças do compromisso de noivado, fabrica uma bala de ouro e dispara contra sua noiva, que morre aos 20 anos de idade.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – O “sobrado” onde morava Júlia Fetal.
O noivo, preso e condenado a quatorze anos de prisão, teve a chance de diminuir a sua pena ao receber indulto do Imperador Dom Pedro II, em 1859; entretanto, a sua culpa não permite aceitar a liberdade. Escreveu ao imperador que não se julgava merecedor desse perdão e cumpriu o restante da pena. Inspirado nesse crime da época, o baiano Pedro Calmon publica o romance A BALA DE OURO, cem anos depois.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre. – Pedro Calmon Moniz de Bittencourt
A autora da novela Espelho da Vida, a mineira Elizabeth Jhin, integra à história baiana contada por Pedro Calmon pitadas de romances espíritas e inspirações do cotidiano, resultando na obra de ficção Espelho da Vida.
Apostando na ideia de voltar ao passado para mudar alguma coisa, a autora busca levar à reflexão o presente, passado e futuro e suas consequências.
O desejo de descobrir quem fomos no passado, ou o que aconteceu em vidas passadas, para aqueles que creem em vida após a morte, move a busca pela terapia regressiva. É importante esclarecer que não é necessário ter crenças espiritualistas para acessar uma memória desconhecida ou inconsciente.
Na novela, os personagens são convidados a “fazer regressão” e encontrar respostas no passado e explicações sobre o presente. A ferramenta terapêutica da Terapia Regressiva Consciencial visa trazer consciência e conhecimento sobre uma memória, que não é uma mera lembrança. Ao acessarmos uma memória, sensações físicas e emocionais são rememoradas pelo corpo e sentidas emocionalmente com intensidade, para as pessoas mais cenestésicas.
Foto fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre – Representação gráfica de consciência do século XVII.
De uma forma geral, a terapia regressiva não é uma terapia “agradável” como uma visita a uma vida passada em especial, como a vida da rainha Cleópatra, tampouco uma sessão de mensagens espiritualmente edificantes. É um desafio que convida os clientes a entrar em contato com partes difíceis de si e não as mais fáceis, o que é de costume no exercício psicoterápico, como esclarece Roger Woolger em seu livro As várias vidas da alma.
Foto fonte – Wikipédia, a enciclopédia livre – A morte de Cleópatra, de Reginald Arthur
A palavra regressão representa o ato ou efeito de regressar, retorno, retrocesso, revinda. Também representa uma fase de desenvolvimento anterior, ou um retorno a um modo de agir ou comportamento antigo, geralmente na sequência de obstáculo ou diante de uma situação frustrante.
Todos os dias, nossas experiências geram lições equivocadas que merecem esclarecimentos maiores; entretanto, o tempo segue e o próximo dia, o hoje, já se tornará passado, por força do tempo, colocando outros assuntos em prioridade. A terapia regressiva visa esclarecer fatos que se tornaram memórias em qualquer momento do tempo, ontem, na infância, na vida intrauterina ou memórias mais antigas.
A psicóloga americana Edith Fiore, no livro Já Vivemos Antes, com uma vasta contribuição à terapia transpessoal, acrescenta que muitas fobias e problemas com que hoje nos debatemos encontram sua origem em experiências traumatizantes vividas anteriormente.
Muitos avanços são facilitados no processo psicoterápico e, em especial, com o recurso da regressão; boas tomadas de consciência são ampliadas, durante e depois das sessões regressivas; traços da personalidade são visualizados, tendências de comportamento, entre outros insights.
Todas as nossas experiências formam marcos e marcas na vida, algumas mais profundas e marcantes, e é certo que todas elas influenciam consideravelmente o curso da vida.
Procure um psicólogo com habilitação em terapia regressiva e aproveite o potencial de transformação positiva desta terapia. O processo terapêutico facilita tomadas de decisões, novos rumos e contribui para um novo ponto de equilíbrio interior.
Fontes:
WOOLGER, Roger J.. As Varias Vidas da Alma: um psicoterapeuta junguiano descobre as vidas passadas. São Paulo: Pensamento- Cultrix. 6ª reimpressão, 2012.
FIORE, Edith. Já Vivemos Antes. Sintra (Portugal): Publicações Europa-América, 1978.