Roberta Vieira.
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Por Sergio Lima.
Nossa “Personality of the Year” transita extraordinariamente por todas as vertentes da culinária brasileira. Usa com maestria o fogão a lenha de sua casa, que fica imponente, majestoso e desafiador. Suas deliciosas e mágicas criações nos fazem flutuar ao degustar cada um dos manjares apresentados por ela, sejam eles salgados ou doces. Todos eles nos instigam a provar algumas ou todas as delícias e gostosuras que prepara, fazendo qualquer ser humano (mesmo aqueles mais conscientes) a esquecer da famosa e teimosa dieta.
Roberta Vieira.
“O jornal Vida Brasil Texas tem a honra, e grande satisfação, de apresentar a todos Roberta Vieira, natural de Brasília, Distrito Federal”. Graduou-se em Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília – CEUB, em 2003, e possui graus acadêmicos de pós-graduação (MBA) em Gerenciamento de Projetos (2010) e em Gestão Empresarial Estratégica (2016), ambas pela Fundação Getúlio Vargas.
Roberta Vieira.
Entretanto, a culinária sempre foi uma paixão sua. Roberta realizou o curso de especialização “Cozinha Profissional”, do SENAC do Distrito Federal, iniciado em agosto de 2019 e, em virtude da pandemia do COVID-19, concluído em dezembro de 2020. Em seguida, em 2021, realizou o curso de “Aperfeiçoamento”, do Departamento Nacional de Cozinha do SENAC, no Distrito Federal. Atualmente faz o curso de gastronomia do Centro Universitário do Instituto de Ensino Superior de Brasília – IESB, o qual, desde 2006, vem impactando a culinária da capital federal, hoje considerada o terceiro polo da gastronomia nacional.
Roberta Vieira.
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ENTREVISTA
VB – Fale de sua família
RV – Sou filha de mineiros de Patos de Minas, nasci em Brasília, a caçula de três mulheres e depois de 18 anos ganhei um irmão carioca por parte de pai. Nas férias, na casa da minha avó Ana, mesa sempre posta, repleta de delícias, independente do horário, regada de muita comida e prosa boas.
Da esquerda para a direita, está Alessandra, irmã mais velha, Dona Sandra a mãe, Roberta Vieira, e a irmã do meio, Renata.
VB – Quando começou sua paixão pela cozinha?
RV – Desde muito nova, sempre fui muito boa de garfo e gulosa. Acho que tudo se explica porque nasci na hora do almoço. Lembro que antes dos 7 anos de idade, minha brincadeira favorita era fazer comidinha. Minha mãe montava fogãozinho de tijolos no quintal e cozinhávamos de verdade em panelinhas de ágata. Sempre ajudei e me meti muito nas panelas da minha mãe. Por conta das minhas “habilidades”, minha mãe com medo que eu colocasse fogo em casa, enquanto ela saía pra trabalhar, comprou um microondas. Nunca fui incentivada a ser cozinheira. Ao contrário, minha mãe sempre dizia para terminar a faculdade. Mas quando tive uma oportunidade, consegui um estágio numa cozinha profissional. Minha irmã mais velha me ligava questionando se eu estava feliz ali. E eu estava. Só saí dessa cozinha por que surgiu uma oportunidade remunerada de emprego na minha área de formação, relações internacionais, e queria muito minha independência.
Dona Sandra, mãe de Roberta Vieira.
VB – Cite 3 pratos que você mais gosta de preparar.
RV – Massa fresca, pão e bolos.
VB – Quem são Farofa, Amora e Torresmo?
RV – Meus três filhos caninos, com a ressalva de que a Amora só têm esse nome ”ligth”, porque foi adotada e assim já a chamavam.
VB – O que significa gastronomia pra você?
RV – É uma forma de respeitar e servir o alimento com afeto e técnicas.
VB – Você tem preferência pelo fogão a lenha.
RV – Sim, sem dúvida. O domínio do fogo, a compreensão do tempo, como tempero aliados à construção de sabores que se fazem nele me encantam e me trazem memórias afetivas muito confortantes.
Roberta Vieira, no seu fogão a lenha.
VB – Cite 3 pratos da culinária norte americana que mais te agrada
RV – Frango frito, crab cake e um belo steak mal passado – os norte americanos têm uma excelente qualidade de carne bovina.
VB – Da sua experiência no Haiti tem algum prato da culinária haitiana que te chamou atenção e você consegue preparar?
RV – Com certeza o Haiti me “abriu” para a carne de porco. Creio que o sabor do porco deles, pelo estilo da criação e alimentação, pelo menos quando morei lá, é/era superior ao nosso. Tem o Griot du porc, que são cubos de paleta suína marinados, refogados e cozidos em pimenta, alho, cebola e especiarias, e depois fritos, servidos com banana verdeprensada frita (banane peze).
Fonte foto – Wikipedia, the free encyclopedia.
VB – No mundo da gastronomia cite 3 dos maiores chef pra você.
RV – Brasileiros: Rodrigo Mocotó, Roberta Sudbrack e Ian Baiocchi
Estrangeiros: Anne Sophie Pic, Andoni Luis Aduriz e Cedric Grolet
VB – Se tivesse que escolher o seu melhor prato, qual seria?
RV – Carne cozida com angú, quiabo tostado e arroz branco.
VB – Porque o nome Gastronomia ?
RV – O nome vem para legitimá-la como ciência, indo além das técnicas culinárias e da compreensão comum sobre os alimentos. A Gastronomia nos leva a uma vasta reflexão, análise e compreensão dos diversos elementos multidisciplinares envolvidos que permeiam esta vastidão de pesquisa e estudo. E essa arte que envolve o beber, o comer e o servir acompanha o homem desde sempre, e é natural que continue a evoluir, se inovar e a ter maior robustez ao longo do tempo.
O kimchi é um prato muito enraizado na cultura coreana. Muitos elementos importantes envolvidos neste preparo com kimchi, todos tiveram sua contribuição: Chef Paulo Shin obrigada por compartilhar seus conhecimentos conosco.
VD – A comida mais típica do Brasil é a feijoada, muito apreciada de norte a sul do país. Diz a lenda que a feijoada é uma invenção dos escravos, mas vale lembrar que não é um prato brasileiro e sim de origem européia. Em que país foi inventada a feijoada?
RV – Somos um país novo, portanto muito natural que pratos brasileiros venham derivar de outras culinárias, que colonizadores adaptaram ao que a terra oferecia. É o caso da nossa feijoada, que tem origem no cassoulet francês, e provavelmente no guisado dos portugueses.
Fonte foto – https://es.wikipedia.org/wiki/Cassoulet#/media/Archivo:Bowl_of_cassoulet.JPG- cassoulet francês
Ambos preparados com todas as partes do porco, inclusive as ditas erroneamente como “menos nobres”. É um erro associá-la a uma invenção dos escravos, visto que esses nem tinham acesso e direito a “criar” algo. Já a farofa, a laranja e o torresmo da feijoada brasileira são criações nossas. A comida brasileira original tem em sua essência a cozinha indígena.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Por Sergio Lima.