Por Sergio Lima
Sergio Lima camisa 10 – Abelão camisa 8?
Maio de 1973, jogo entre América do Rio e Fluminense, tarde noite no antigo maior do mundo Maracanã super lotado. Eu, Sergio Lima, passava pelo melhor momento da minha carreira e quero contar algumas curiosidades desse jogo. Eu entrei com a camisa número 10, camisa que era confeccionada sob medida há muitos anos para o extraordinário, o super craque e ídolo do América, Eduardo Antunes Coimbra “Edu”, devido nossa diferença física, os responsáveis tiveram que mudar o procedimento a respeito do tamanho da camisa número 10 para que eu pudesse usar.
Cabrita, Miguel Banana, Alex, Djair, Alvaro e Maréco – Flexa, Caio, Ivo, Sergio Lima, Tadeu. O genial massagista Getulio e os dois eternos gandulas.
O baixinho tinha se machucado e sua recuperação demorada, também existia comentários de alguns problemas contratuais que atrasou sua volta, mas nesse jogo ele voltou ao time, mas como eu estava jogando bem e era o artilheiro do campeonato, ele “EDU” mostrou sua grandeza, e por uma destas razões é querido por todos nós jogadores e torcida e considerado o maior jogador da história do América, não contestando a decisão do treinador e com extrema humildade aceitou jogar com a camisa 8. O nosso técnico na época era o Amaro um sábio do futebol, conhecia tudo sobre tática e gestão de grupo, sua visão sobre o jogo era espetacular, acima da média.
Amaro, excelente técnico de futebol e o cracão meu amigo Edu A. Coimbra.
Ele me escalou com a 10 e bancou o sistema tático por toda a temporada, eu fui o titular absoluto e era nessa posição onde me sentia extremamente confortável, terceiro atacante vindo de trás, Caio Cambalhota pelo centro na frente, o Flexa aberto na direita na frente, Sarão, Mauro, ou Tadeu na esquerda recuado, onde atraía o lateral adversário abrindo espaço nas costas do mesmo, eu usava esse espaço, recebia e partia em direção ao gol ou buscando uma tabela com o Caio, vezes Espedito ou Luizinho. Quando perdíamos a bola, eu voltava para fechar e montávamos um quadrado super interessante que deu certo. Fiquei super feliz pois me tornei artilheiro da Taça Guanabara e Vice Artilheiro do campeonato com 13 gols, dois gols atrás do Dario, pois CURIOSAMENTE deixamos de jogar a metade da partida contra o Olaria, que acontecia na preliminar da grande final Fla x Flu, devido a chuva forte o árbitro deu por encerrado a partida, tirando minha oportunidade de poder fazer os gols que me levaria a artilharia isolada do campeonato. Ainda por cima e má sorte, o Dario fez 2 gols chegando a 15, Manfrine também fez 2 e chegou a 13.
Estou até hoje com 13 gols, esperando para jogar o restante do jogo contra o Olaria, como foi prometido ao América pela federação carioca 13 gols.
Jair, Sergio Lima, Alex, Flexa e Mauro, trocando ideias amigávelmente com o juiz.
Em 1973 viajamos para a África, jogamos contra o grande time do Benfica do cracão Eusébio, perdemos de 1 a 0 em Lourenço Marques hoje “Maputo” Moçambique, o segundo jogo foi na cidade de Luanda em Angola, ganhamos de 1 a 0 com um gol meu e o jogo foi decidido nos penaltys onde conquistamos o troféu a Taça TAP.
Levantamos a Taça TAP em Luanda
De volta ao Brasil devolvi a camisa 10 a seu dono, o genial jogador, grande amigo e espetacular ser humano, Eduardo Antunes Coimbra “Edu”. Antes do final da temporada de 1973, com a morte do meu pai, o meu mundo desabou, preferi sair e seguir a minha vida em outros lugares.
Segunda curiosidade, antes de entrarmos em campo soubemos, que o Fluminense dos Tri-Campeões do mundo no México, Gerson, Felix, Marco Antonio, não teria a participação do grande Gerson, soubemos qual a razão pela qual ele foi substituído, teria tido um desentendimento com o treinador Duque que decidiu pela entrada do Silveira, escalado no meio campo e Abelão, hoje vitorioso treinador entrou com a camisa número 8, para surpresa de todos como se vê na foto no gol do América.
Gerson o Canhotinha de Ouro
5/maio 1973
América 1 x Fluminense O
Local: Maracanã.
Juiz: Manuel Espezim Neto.
Renda: Cr$ 20 092,00.
Público: 2.473
Gol: Sérgio Lima, 23 do 1.º tempo.
América: Pais; Tereso, Alex, Mareco (Geraldo) e Alvanir; Tadeu e Edu (Ivo): Flecha, Caio, Sergio Lima e Mauro.
Fluminense: Félix; Toninho, Abel, Assis e Marco Antônio; Denílson e Silveira; Cafuringa (Nílton), Manfrini, Dionísio (Ivair) e Adilson.
Técnico: Duque.
Ganhamos de 1 a 0, gol meu antecipando o Abelão e cabeceando para o fundo da rede.
O Flecha ria e dizia, “vou te consagrar Tchê quando eu for no fundo e levantar a cabeça, mando no segundo pau, quando eu for direto de cabeça baixa, vai no primeiro pau”. E assim foi sempre, ele cruzava eu subia e pímba! caixa, exatamente como esse gol feito contra o Fluminense.
Obrigado, Flexa grande fera.
Por Sergio Lima
Show Sérgio Lima, vc foi um dos grandes craques do futebol brasileiro, da geração tri-campeã, me lembro quando vos saiam do treino no Andarai, o Aldeci sempre os levava em casa, na Barão de São Francisco esquina com Maxwell, eu garoto, convivi com meus ídolos de infância, coisa rara no futebol de empresários de hoje, só nos resta saudades do nosso Mequinha, do velho Maraca e de vcs.