Dia da formatura, Sergio Luis Craveiro Lima na frente do seu lado direito no final da fila.
Sérgio Luís Craveiro Lima Filho. Chamado carinhosamente de Serginho por todos seus amigos e familiares. Era sinônimo de determinação, de garra, de humildade e de grande vencedor. No primeiro instante, quando recebeu a notícia através de sua avó Georgina, que seu pai o havia convidado para ir para os Estados Unidos, respondeu:
– Vó, diga a meu pai que não quero ir passear. Só vou se for para ficar definitivamente.
Sergio Luis Lima , Vovó Georgina, Gabriela, Aline e Giovana “Gigi”
E na sequência tudo aconteceu como ele aspirava. Ele contará a vocês, com os mínimos detalhes, através da belíssima entrevista dada ao nosso jornal, publicada ao final deste texto.
Sergio Luis Lima em Dakota do Sul
Curioso que, logo ao chegar a Houston, Texas, nos primeiros meses, Serginho usava sua inseparável camisa do Flamengo, short e uma bela sandália havaiana. E, de brincadeira com os amigos Carlinhos, André, PC Alvarado, Claudinho, Valfredo, Roberto, Augusto e Seu Claudio Teixeira (a turma que compunha o Grupo musical “Atravessados de Houston”), dizia, orgulhosamente, em alto e bom som: “Eu sou o Serginho da São Francisco Xavier”. E o riso era geral.
Carlinhos Lessa, Sergio Lima, Iara, Serginho, Ernesto, André Lessa, Abaixo: Claudio Teixeira, Pc Alvarado, Augusto, Roberto, Claudinho.
Passados uns dias de adaptação, veio, pertinente e oportunamente, uma recomendação de dentro de casa, que deu início ao processo de mudanças: “você agora já não é o Serginho da Tijuca, da São Francisco Xavier; você agora é o Serginho de Houston, Texas. Deixe a camisa do Mengão guardada, troque as sandálias por um par de tênis e a comunique-se na língua local, atitude que será fundamental para se chegar à vitória aqui”. Recado dado, e por ele recebido com a humildade e a sabedoria de quem quer vencer.
Sergio Luis Lima participação de um importante evento social da Termeléctria “EDF” Norte Fluminense S.A
Sérgio Luís chegou a participar de vários e diferentes times de futebol amador da cidade de Houston. Entretanto, dada sua destacada performance, acabou sendo convocado para servir à Seleção do Sul do estado do Texas (“South Texas Select Team”), em 1995, pelo qual disputou o torneio Regional, no estado de Tennessee .
Seleção do Sul do Estado do Texas, 1995. Coach Lima.
Fonte foto – Arquivo Vida Brasil Texas – South Texas Select Team 1995 – Coach Sergio Lima
Não poderia deixar de citar a generosidade do André Lessa, quem, sabedor da dificuldade que o Serginho tinha em se deslocar do trabalho para a escola, deu-lhe de presente uma bicicleta, facilitando assim sua locomoção casa-trabalho-escola-casa.
Augusto, Serginho, André, Claudinho e Carlos Lessa.
No horizonte havia luz, e sinalava-se muito trabalho, muita luta e muitas barreiras para serem ultrapassadas. Ah! Saudades da família no Brasil. Mas com foco, visão e determinação, a vitória foi inevitável. Deus sempre está presente quando existe fé. E, assim, tudo deu certo.
Sergio Luis e os amigos da American University em Rapid City
Entrevista
Dia da formatura de Sergio Luis Lima e os amigos da American University em Rapid City.
VB – Como você chegou a National American University of South Dakota ?
Por intermédio de um amigo que conheci fazendo um try-out para o time profissional de futebol/soccer da cidade El Paso,Texas, fui indicado para fazer um teste na National American University na cidade de Rapid City- South Dakota.
Sergio Luis e os amigos da American University em Rapid City
Fiz alguns contato telefônicos com o coach da Universidade que após algumas semanas me enviou uma passagem para conhecer a universidade. Ao chegar em Rapid City fui super bem recepcionado pelo coach/comissão técnica, pelos companheiros de equipe/estudantes e pela diretoria da universidade.
Sergio Luis Lima em um treinamento específico na American University
Após alguns dias de visita à universidade e a cidade, recebi uma proposta oficial da universidade de uma bolsa de estudos para representar o time de soccer da universidade.
Sergio Luis Lima chegando para participar com a Seleção do Sul do Texas no regional no estado de Tennessee
Iniciei a minha jornada em 1996 estudando e jogando futebol ao mesmo tempo. Fui o capitão do time, viajei por diversos estados dos EUA e fiz grandes amigos que mantenho até hoje. Foram aproximadamente 5 anos de muito aprendizado educacional e cultural, porém com uma grande saudade da família e do Brasil. Em 2000, finalmente conclui o meu bacharelado em Business Administrastion , e me despedi daquela cidade que me acolher com muita ternura, carinho e respeito.
Sergio Luis e os amigos da American University em Rapid City
VB – Conte sobre sua experiência em receber a seleção brasileira feminina em 1996?
SL – Foi um experiência incrível, pois assim que cheguei em Rapid City, fui informado que a seleção brasileira de futebol feminino iria fazer a sua pré-temporada para as Olimpíadas de Atlanta em Rapid City. Por ser um dos dois brasileiros residentes na cidade, tive a felicidade de ser selecionado para fazer parte da equipe de logística da seleção durante os 30 dias de preparação das meninas.
Sergio Luis Lima e a seleção brasileira feminina de futebol na American University em Rapid City em 1996.
Assim que a comissão técnica e as jogadoras chegaram na cidade, fui recepciona-los no aeroporto e depois os transportei diretamente para um dos prédios do campus onde eles iriam se hospedar.
Fonte foto – Acervo pessoal da jogadora Michel Jackson (camisa 9) – Zé Duarte, no centro – Marisa, Suzy, Fanta, Elane, Márcia Taffarel, Formiga – jogadora do Paris Saint-Germain –, Sissi (Nenê), Sônia (Michael Jackson), Pretinha e Roseli. Perderam a semifinal contra a China e o terceiro lugar contra a Noruega.
Durante alguns dias eu já estava super inteirado com o pessoal, que precisava obviamente de auxílio para se comunicar e se deslocar pela cidade. Após alguns dias de convívio, alguns membros da comissão técnica me falaram que eu tinha nome de jogador de futebol.
Sergio Luis Lima e a seleção brasileira feminina de futebol na American University em Rapid City em 1996.
Fiquei muito surpreso, e os questionei porquê. O técnico da seleção o Sr. Zé Duarte, o auxiliar técnico o Sr. Cidinho e o treinador de goleiros o Sr. Sérgio Gomes, me disseram que eu tinha o mesmo nome de um colega (Sergio Lima) que tinha jogado com eles no Guarani de Campinas na década de 70, que por ironia do destino era o meu pai.
Serginho, Sergio Gomes, Seu Zé Duarte, Dr. Paulinho Magnúciio
A seleção conclui o seu período de pré-temporada, e aquele período maravilhoso de participação nos treinamentos e jogos, e muitas risadas ficou para trás, porém eternizado na minha vida.
Jovem auxiliar,Serginho e Seu Zé Duarte
Por mais incrível que pareça, mantenho contato com alguns membros da comissão técnica, e algumas jogadoras (Maravilha e Marisa).
Sergio Luis Lima e a seleção brasileira feminina de futebol na American University em Rapid City em 1996.
VB – Quais foram os momentos mais importantes para você ao receber a seleção?
SL – Poder participar diariamente dos treinamentos, e poder ficar na beira do campo durante os jogos-treino.
Sergio L. Lima e Zé Duarte e seus auxiliares
VB – Você pensou algum dia estudar nos Estados Unidos?
SL -Durante a minha infância e adolescência, eu nunca tinha imaginado de um dia poder ir para os EUA, e tão pouco ter a oportunidade de ingressar em uma universidade. Antes de chegar nos EUA com 19 anos, eu tinha concluído o segundo grau técnico em Edificações e o meu maior objetivo era ingressar na faculdade e cursar engenharia civil.
Sergio Luis Lima e a comissão Técnica da seleção brasileira feminina de futebol na American University em Rapid City em 1996.
VB – O que você sentiu quando te chamaram para entregar o seu diploma?
SL – O dia da minha formatura foi um dos dias mais felizes da minha vida, quase igual ao sentimento que tive quando as minhas filhas nasceram.
Sergio Luis Lima e suas Professoras da American University em Rapid City no dia da formatura
VB – Você já falava inglês antes de ir para os Estados Unidos?
SL – Não, o meu inglês era aquele básico que aprendi até concluí o segundo grau. Tive que Aprender na marra, fazendo alguns cursos gratuitos na cidade de Houston, Texas. Não foi fácil, mas graças a Deus tive o apoio do meu pai e de grandes amigos. Para estar apto para ingressar no curso superior na National American University, participei do curso de imersão integral (ESL-English as a second Language) por um período de um ano.
Daí em diante, tudo mudou e até hoje venho colhendo aqueles frutos.
Serginho, Gabriela, sua mãe Vera, Giovana e a esposa Aline
VB – Você trabalhou em Houston antes de ir para Universidade e qual era seu meio de transporte?
SL – Como a grande maioria dos imigrantes estrangeiros que se mudam para a terra do tio Sam, trabalhei em diversas áreas antes de me mudar para Rapid City.
Sergio Jobell, Sergio Lima, Sergio Luis, trabalhando em um Summer Camp, organizado pelo seu pai e junto com seu irmão.
Dei aula de futebol para crianças e adolescentes, trabalhei como pintor e com pequenos reparos residenciais, como cozinheiro e depois como caixa em um restaurante Fast Food, cortador de grama etc.
Trabalhando no Popeyes Fried Chicken – Augusto, Serginho e Antonio –
VB – Porque você veio trabalhar no Brasil?
SL – Antes de retornar para o Brasil em setembro 2001, trabalhei por um ano como assistente de compras na Petrobras Inc. na cidade de Houston, Texas. Durante este período, apesar de estar empregado, participei de dois processos seletivos abertos por empresas americanas que buscavam profissionais para representa-las no Brasil.
Trabalhando na Usina termelétrica
Como eu tinha um grande desejo/vontade de retornar ao Brasil, e muita saudade da minha mãe, fui selecionado por uma destas empresas em participei do processo seletivo, e aceitei a vaga de emprego para trabalhar em uma usina termelétrica localizada na cidade de Macaé, Rio de janeiro.
Trabalhando na Usina termelétrica
VB – Qual a sua ocupação profissional atualmente?
SL – Após 18 anos trabalhando para a segunda empresa após ter retornado ao Brasil, assumi oficialmente a vaga de gerente de suprimentos, comércio exterior e facilities na empresa “EDF” Norte Fluminense S.A., com sede na cidade do Rio de Janeiro, Janeiro.
Em Paris, participando de um curso pela “EDF” Norte Fluminense S.A
VB – Qual seu time de futebol do coração?
SL – Ter retornado ao Brasil e ao Rio de janeiro, voltei a curtir uma dos meus maiores robbies, que é de ir ao Maracanã torcer pelo Clube de Regatas do Flamengo.
Gigi, Aline, Vera mãe do Sergio, Gabriela, Sergio Luis, Dudu primo e a Tia Lena.
Sou sócio torcedor, e não perco um jogo no Maracanã, e/ou pela TV quando os jogos são fora do Rio de janeiro, sempre vestido com o “manto sagrado”.
Primo Arthur, Tia Valdevez (Tia Leleu) Gabriela, Serginho, Aline, Giovana (Gigi ) e Tio Adilson
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Por Sergio lima
Extraordinária colaboração do amigo de sempre, Claudio Teixeira.
Tenho um enorme prazer em conhecer essa fera. Um ótimo amigo excelente pai e um baita de um profissional .
Um cara que eu aprendi muito…
Joga muita bola, e sabe tocar um samba como poucos .
Parabéns meu amigo !!!
Tenho muito orgulho de ser sua tia.leleu,você é merecedor de tudo em sua vida,porque sempre foi um ótimo menino,de bom coração,caráter e amigo.
Sérgio, não nos conhecemos, mas sou amigo do teu pai o que muito me motiva em lhe dar parabéns por esta bela trajetória de obstinação e consequentes sucessos ora obtidos e aos vindouros…parabéns!
Serginho querido, que orgulho de sua trajetória, luta e vitória. Parabéns. Que Deus derrame bençãos infinitas sobre sua vida e família. Beijos .👏🏻👏🏻👏🏻❤️