Os três torcedores Alemães postos à prova pela Bundesliga
A menos de cem dias da Copa do Mundo de Futebol na Rússia, nada mais apropriado que comentar sobre o ‘maior esporte do mundo’, portanto, trago aqui uma das mais espetaculares demonstrações de paixão pelo futebol, dentre as tantas que já vi até agora, e que certamente qualquer um que acompanhe esse esporte também já viu alguma demonstração de ‘fanatismo’ por um clube de futebol.
Longe de mim a intenção de ‘polemizar ou politizar’ esse tema, pois o que sempre narro em minhas crônicas são fatos genuinamente verídicos, colhidos de experiência própria ou da realidade disponível ma mídia em geral sobre o texto escrito, e assim, como sempre, deixarei para cada um que tire suas conclusões, pois como digo, não dou opiniões nem sugestões sobre os temas que aqui relato, somente descrevo situações que considero, no mínimo, marcantes e de inequívoca sensibilidade, deixando a cada um a sua interpretação.
Exemplos de paixão, amor, fanatismo por um clube de futebol, seja lá qual for o sinônimo cabível, são inúmeros no esporte mais popular do mundo, e cada torcida reage com alguma característica singular a esse encanto por seu clube de futebol.
Tampouco aqui estou para filosofar sobre o futebol e sobre a importância que o mundo dá ao futebol, pois para isso também há muitos pensadores sobre o assunto, mas antes de narrar o fato principal dessa crônica e só para exemplificar um pouco mais essa questão da ‘paixão’, lembro aqui a famosa excursão que o time do Santos fez à África em 1969 e tinha um jogo marcado em Benin, na Nigéria, onde na época estava ocorrendo a Guerra Civil.
Essa guerra durou de 6 de julho de 1967 a 13 de janeiro de 1970 e foi um conflito político causado pela tentativa de separação das províncias ao Sudeste da Nigéria, como a República auto proclamada do Biafra, mas a guerra ‘foi parada’ para que o povo pudesse assistir ao Santos de Pelé, e segundo historiadores, foi a primeira e única vez que isso ocorreu na história.
A chegada do time do Santos (e de Pelé) foi tão importante que o governador da região decretou feriado na parte da tarde. Ele ainda autorizou que a ponte sobre o rio que ligava Benin à cidade de Sapele tivesse a passagem liberada para que todos, indistintamente, pudessem assistir ao jogo.
Segundo o site oficial do clube, o ex-goleiro Gilmar afirmou que esse foi o jogo da famosa “guerra suspensa” para ver o Santos jogar, e tão logo o time subiu a bordo do avião de volta ao Congo, as hostilidades reiniciaram na região.
Fontes:http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2013/02/ha-44-anos-liderado-por-pele-santos-parava-guerra-na-nigeria.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_da_Nig%C3%A9ria
Retornando ao foco da crônica de hoje que é a paixão do torcedor por seu clube do coração, relato uma campanha feita recentemente pela Federação Alemã de Futebol, a “Bundesliga”, para ‘testar a lealdade dos torcedores alemães para com seu clube do coração’.
Repito, considero essa campanha uma das mais espetaculares demonstrações de paixão pelo futebol (a “guerra suspensa” deixo à parte), dentre as tantas que já vi durante a vida, pois comprovou que talvez seja a única paixão do homem que o dinheiro não pode comprar, ou seja, a sua paixão pelo clube de futebol do seu coração, pois envolveu uma alta soma em dinheiro, o bem mais cobiçado pelo homem e que muitas vezes (ou na maioria delas) é colocado acima de tudo.
Narrado assim poderá parecer um ‘roteiro de novela de rádio’, mas fato é que, na citada campanha da “Bundesliga”, eles não conseguiram ‘comprar’ nenhum dos três torcedores alemães, nem com toda a fortuna que ofereceram à eles para ‘virar a casaca’, e o vídeo da campanha merece ser visto, no mínimo para reflexão sobre a nossa conduta, pois não faltaram palpites de que aqui no Brasil “a coisa seria bem diferente”!
A campanha consistiu de entrevistas com os três torcedores símbolos das três maiores torcidas de futebol da Alemanha, “Bayer de Munique”, “Borussia Dortmund” e “Borussia Mönchengladbach”, onde dois “supostos” Agentes de Futebol tentariam ‘comprar’ cada um desses torcedores símbolos para que trocassem de time, pois diziam os dois “Agentes de Futebol” que a ‘figura’ de cada um deles representaria uma aquisição muito boa para a torcida da equipe rival, tal qual como se compra um jogador de um clube e o vende para outro.
A reação dos três torcedores é impressionante e bastante emocionante, ainda mais pelas razões que eles alegavam e o motivo de não poderem aceitar nenhuma oferta em dinheiro para ‘virar a casaca’, e como dizem alguns, inimaginável aqui no Brasil, repito, sem querer polemizar, mas é o que se escuta quando mostramos o vídeo a quem nunca o viu.
A oferta dos dois ‘Empresários’ começa com menos de 100 mil euros e mais um grande carro alemão e chega a 200 mil euros, e nenhum torcedor aceitou ‘virar a casaca’, mesmo com o carro e a chave à sua disposição e uma maleta de dinheiro em sua frente, e na saída da entrevista cada um é recepcionado por sua torcida, que já sabia que eles estavam sendo submetidos a essa tentativa de ‘compra de seus passes’! Impactante!
Nos vídeos dos links a seguir, com legenda em português também, vê-se a verdadeira paixão pelo futebol, o amor por seu time do coração, e o filme criado pela Agência de Marketing Belga Duval Guillaume mostra que o verdadeiro torcedor não pode ser comprado nem com muito dinheiro (há muita notícia na Internet sobre esse fato). Com legendas em português.
Os dois ‘falsos agentes que comprariam’ os torcedores
Michael Ziman Torcedor símbolo do Bayern Munich em cena do vídeo.
‘Indumentária’ para os jogos do Bayern
Imagem do vídeo da campanha
Histórias sobre corrupção, e aqui me refiro somente ao futebol, são também inúmeras, daí a importância dessa campanha alemã, pois demonstra a verdadeira simbologia do torcedor de clube de futebol,e que bom seria se essa lealdade fosse aplicada em outros setores do nosso cotidiano.
Em uma crônica recente publicada aqui na Revista comentei sobre a estrutura do futebol no mundo, e da “idiossincrasia” dos seus torcedores e dirigentes em geral, e essa campanha alemã demonstra cada vez mais a importância que os Europeus dão a este que é um dos maiores ‘empreendimentos’ e fonte de negócios da atualidade, portanto, deve sempre ser tratado com essa paixão pelo esporte.
A paixão do torcedor pelo futebol e pelo seu time de coração é demonstrada como em nenhum outro esporte em todo o mundo, e aqui no Brasil também temos inúmeros torcedores símbolos de seu time, porém, em nenhum outro lugar do mundo os torcedores foram ‘testados ao extremo’, por assim dizer, como na Alemanha!
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No Brasil também não é diferente e cada time médio ou grande tem o seu torcedor símbolo ou no mínimo o que mais demonstra sua paixão pelo Clube, e aqui destaco apenas alguns:
Bacalhau, torcedor do Santa Cruz que tem os dentes laqueados com as cores do time.
Da. Valquiria, ‘Tia da Fiel’ torcedora símbolo do Corinthians
Alemão, torcedor símbolo do Santos com 13 tatuagem do clube no corpo, incluindo uma na testa. http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2014/02/fanatico-fc-santista-tatua-escudo-ate-na-testa-para-recordar-titulos.ht
‘Xuxu’, torcedor símbolo do Internacional Porto Alegre
‘Vovó do Galo’, torcedora símbolo do Clube Atlético Mineiro
Desde Charles Miller são infinitas, curiosas e muitas vezes intrigantes as histórias sobre o futebol, e do nosso ‘folclore futebolístico’ também temos infindáveis fatos e contos que encantam a memória dos fãs do futebol mundial, e finalizo com uma foto de um álbum de coleção de autógrafos da época ainda em que o “Edson” assinava e “indicava” que Edson=Pelé, talvez porque na sua cabeça ainda precisasse indicar o seu nome ou apelido, em uma das raríssimas coleções de autógrafos com os 22 membros Seleção brasileira em uma única folha de papel (diz o dono que é única), e também com a assinatura do saudoso João Saldanha (que era avesso a dar autógrafos) junto com o “Edson”!
Mas essa já é outra história que um dia contarei!
Por: Osvaldo Tetaze Maia