Tenho orgulho e grande prazer em apresentar para todos, a segunda parte da belíssima e interessante biografia desta expoente, extraordinária representante e divulgadora da arte brasileira. Flavia, reside há vários anos em Houston, Texas, onde vem desenvolvendo um ótimo trabalho, dando aulas e fazendo memoráveis shows, na cidade e em todo o estado. É diferenciada, sua forma de interagir com os alunos, torna suas aulas um eterno deleite, atrai, envolve, motiva a todos com extrema sabedoria e facilidade. Nos seus shows e apresentações ela se torna inigualável. Flavia é o orgulho da comunidade brasileira do Texas.
Por Sergio Lima.
Flavia dos Santos Rocha Dodson.
Flavia Rocha é natural de Cabo Frio e viveu sua infância e parte de sua adolescência em São Pedro da Aldeia, Município do Estado do Rio de Janeiro. Flavia é filha do senhor Baiano, Hermínio Pereira Rocha, advogado e um grande escritor de poesias, e a senhora Alice dos Santos Rocha, uma mãe doce, carinhosa, que infelizmente faleceu aos 54 anos de idade em 2008.
Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre – Praça da Matriz – São Pedro da Aldeia, Município do Estado do Rio de Janeiro.
Aos 6 anos de idade Flavia começou a dançar o ritmo de samba quando seu avô tocava cavaquinho, era apenas free style de criança, mais já então expressando uma tendência em dançar esse ritmo. Entre apresentações de danças em escola, aula de jazz e expressão corporal, shows de cover de Paquitas da Xuxa, e até performances em festas de rua para centenas de pessoas. Ela demonstrou desde pequena uma paixão pelo palco e pela dança
Flavia aos 15 anos de idade já dava aula de dança para iniciantes. Aos 16 anos morava em Ilhéus na Bahia quando a lambada estava estourando, e já fazia performances profissionais de lambada e Afro Axé. Depois de haver aprendido a base nesses ritmos dançando sozinha, se juntou a um grupo cultural de dança e teatro na Bahia onde teve aulas personalizadas para poder aperfeiçoar-se em Lambada, Samba de Roda, Afro e Axé. Flavia mesmo tendo nascido de pele clara sempre teve afinidade com a cultura Afro e os ritmos de origem africana. Ela fez alguns trabalhos de modelagem durante a juventude e até chegou a ficar em segundo lugar no concurso Miss Ilhéus, quando tinha apenas 16 anos de idade, mas ela sofria uma grande resistência por parte da família sobre dar continuidade na vida artística.
Por se sentir incompreendida e não levada a sério em suas vocações artísticas, Flavia decidiu trilhar o seu próprio caminho. Voltou para o Rio de Janeiro aos 17 anos e estava decidida a se dedicar a uma carreira artística; queria ser atriz e dançarina de teatros, foi quando então começou a enfrentar dramas de famílias muito fortes, que a impediam de se concentrar na carreira artística. Aos 18 anos viu um anúncio no jornal procurando dançarinas de danças brasileiras, Samba, Afro-axé e Lambada especialmente.
Era um grupo da Lapa que trabalhava com dançarinos e percussionistas, e a maioria deles já eram membros das Escolas de Samba no Rio. Esse grupo que eles estavam organizando eram para show business na Europa. Flavia fez audição e passou, tirou licença no Sindicado dos Artistas no Rio para fechar um contrato para uma turnê na Europa.
Foi assim que tudo começou a expandir, como ela tinha apenas 19 anos, precisou da autorização dos pais, que no início não estavam de acordo mas depois concordaram. Foi assim que Flavia, desde os 19 até os 23 anos de idade, fez performances em 12 países da Europa. Durante esse tempo o grupo passava alguns meses na Europa e alguns meses no Brasil, pois tinha que modificar o show, modificar o vestuário e ensaiar para uma nova temporada. E assim foram várias turnês, até que Flavia decidiu residir no Rio, estudar em uma escola de atuação e trabalhar, não só com dança, mais também com teatro.
Flavia estudou na Cal de Laranjeiras, uma das melhores escola de atuação do Rio, fez dança contemporânea e Forró com Duda Maia, aulas de Jazz, no “Nós Da Dança”, “Máscara Balinesa” com Stephane Broot. Também teve professores como Marcelo Tosta, Aglaia e outros que enriqueceu muito o seu conhecimento abrindo novos horizontes para o caminho da arte. Participou de uma montagem do “Il Campielo de Carlos Goldoni”, com a direção de Renato Laje, que teve a presença de Wolf Maya na platéia com suas risadas escandalosas.
Trabalhou também em um projeto no museu da república no Rio “Shakespeare para crianças”, e em algumas peças no teatro Municipal de Cabo Frio. Participou de um filme para um festival de cinema em São Paulo, entre outros trabalhos pelo Brasil. Aos 27 teve sua filha, no ano de 2001.
Decidiu da um tempo da carreira artística e trabalhar em trabalhos mais estáveis e tranquilos, pois precisava seguir uma rotina para poder educar sua filha como mãe solteira. Em 2005 mudou-se para o México onde morou durante 3 anos. Nesse período estudou atuação com Patricia Reyes Spíndola e Julio Aréola no curso de Cine e TV M&M Studio, D.F., México, interpretou um personagem de peso em “Anjos e Demônios” direção de Patricia Reyes Spíndola e Julio Aréola. Participou também de uma obra de teatro “27 Vagões de algodão” de Tennessee Williams direção de Alberto Strella e Ofélia Medina, no El Círculo Teatral/ Distrito Federal, México City.
El Círculo Teatral – Distrito Federal, México City.
Em 2008 se mudou para os Estados Unidos, com sua filha Nathalia, se casou na Califórnia, mas não funcionou. Em 2009, Flavia e Nathalia se mudaram para San Antonio, no Texas, onde começou a trabalhar para a Aliança Latina, dando aulas de samba e aulas de teatro para crianças, na sequência foi convidada para dirigir uma peça de Gabilondo Soleir “Cricri” em espanhol, não pensou duas vezes, aceitou, e a peça de teatro foi um sucesso, também exibida no teatro da Universidade “Our Lady of the Lake”. Depois disso Flavia deu algumas entrevistas para Telemundo e Televisa para falar sobre a peça.
Em 2010 Flavia e Nathalia se mudaram para Houston, onde Flavia conheceu James Dodson “Jim”, e começaram um relacionamento sério. Ainda em 2010, procurou ajuda para projetos artísticos no consulado brasileiro, mas não havia nada disponível. Tentou então no Brazilian Arts Foundation, que também não havia vaga disponível para instrutores. A Sra. Santos chegou a fazer alguns “gigs” com o “Brazilian Arts Foundation” mas não era suficiente para manter seu custo de vida. Então teve que trabalhar em outros trabalhos para cobrir os gastos dela e da filha aqui em Houston, chegou até ser assistente gerente de um restaurante buffet mexicano. Em 2011 Flavia e Jim se casaram, pelo civil e religioso, vivem uma relação saudável, de muito amor. Jim cumpriu e cumpre muito bem o papel de pai da Nathalia e marido de Flavia.
Flavia, James Dodson “Jim”, e Nathalia.
Em 2012, Flavia montou uma companhia de dança brasileira “Morena Flor” que não foi adiante por problemas de discórdia com a sócia. Foi quando decidiu tocar a companhia sozinha, então mudou o nome da companhia para “Sambabom Brazilian Dance Company”. A companhia hoje é bem sucedida e está bem ativa, fazendo “gigs” nos eventos locais até os dias de hoje. De 2012 ate 2017, Sambabom fez muitos “gigs”, não só em Houston, como também em Austin, Dallas e San Antonio. Com toda a experiência de turnês pela Europa, Flavia criava coreografias únicas que encantavam o público, e montava shows com percussionistas, cantores, enfim.
Flavia também dava aulas de Samba, Axé, Forró, Salsa e Bachata, fazia workshop algumas vezes por ano. Nossa estrela nunca conseguiu ficar parada, e nos dias que não tinha dança, ela frequentava cursos de atuação para cinema com Deke Anderson e Lee Stringer, atores consagrados em Holywood que vivem aqui em Houston, Texas. Flavia dos Santos, também fez parte de uma agência de atuação em Houston, e outra em Austin, capital Texana, que de vez em quando tinha que se deslocar para fazer audições. Ela conseguiu ser reconhecida pelo IMDB nos Estados Unidos, pelo filme “Seven Hundred Miles” e pelo filme “The Rim Job”.
Em 2018 Flavia teve que se aposentar como dançarina devido a um problema nos joelhos, pois o excesso de atividades causou desintegração das cartilagens (“Artrose”). É sabido que mesmo com dores e inchaços ela levou até as últimas conseqüências as performances, e que se sente realizada pois pode produzir duas comédias para o Teatro Bilíngue de Houston, antes de se retirar como dançarina, a última performance feita por Flavia foi em 2017 ”Wild Apples in Town”, comédia burlesca estilo Broadway, que contou com a presença de artistas locais como Tony Paraná e Luana da Silva.
Tony Paraná e Luana da Silva.
Flavia entrou em depressão quando parou de dançar, mas começou a focar em outras coisas, fez um curso e se graduou como especialista de fragrâncias, onde trabalha até hoje com eventos da Chanel. Foi gerente no setor de fragrâncias e cosméticos na companhia Dillard, mas logo veio a pandemia, então, os quase dois anos de quarentena, ela utilizou para faculdade de fisioterapia assistente, no “Lone Star”, College-North Harris, onde já cumpriu todas as matérias gerais e no momento está aguardando vaga para concluir as matérias específicas da área.
Flavia também é criadora de conteúdo para o Youtube, afinal é uma forma de expressão. Ela tem dois canais no youtube, Fada Rosa, que é um canal infantil educativo e Flafla Vlog, que é um canal informativo de entretenimento, com notícias vlogs, enfim! Flavia como artista nunca deixou de propagar a cultura brasileira pelo mundo, seja através da dança, da arte de atuar, ou simplesmente através da sua expressão única de se comunicar.
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Por Sergio Lima.