Crônica – O afeto sem contato.

Fonte foto – Arquivo pessoal de Luciana Dornelles

Por Luciana Dornelles

Esses dias vi um vídeo de um americano contando sobre coisas que ele aprendeu ao morar no Brasil. Uma das coisas que ele falou, foi sobre como o brasileiro não tem tabu com o contato. A gente beija, abraça, demonstra carinho e afeto publicamente sem nem pensar que em outros lugares isso pode ser algo que chame atenção.

Fonte foto – Arquivo pessoal de Luciana Dornelles

Agora, vivendo o isolamento social talvez alguns lugares não sintam como nós a falta do contato. Que difícil cumprimentar uma pessoa que a gente ama sem aquele beijo, controlar o impulso de abraçar, de dar aquele afago. Que difícil se despedir com um tchau distante. Ou ver uma de nossas crianças correndo para pular no nosso colo e ganhar aquele abraço gostoso, mas freando quando chegam perto porque lembram que agora os tempos são outros. Agora não podem por causa do corona.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Isso é algo a mais para reinventar. Como demonstrar carinho sem o contato, como lidar com a falta dele.

Vivemos novos tempos onde cuidar dos outros é cuidar se si. Onde o isolamento é uma forma de carinho e cuidado, onde ficar longe de pessoas importantes é a maior demonstração de amor que podemos fazer por elas. E isso, para gente que é o povo do calor humano, dos abraços afetuoso, dos beijos de oi e de tchau, é algo bem difícil.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tempos difíceis, tempos de perdas, tempos de saudades, tempos de se readaptar e se reinventar diariamente. Nos resta ficar em casa(quem pode, claro), cuidar da saúde física e mental, encontrar outros caminhos para demonstrar afeto, e ter a esperança de que vai passar.

Fonte foto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fica a vontade daquele samba pra renovar as energias, abraçar os amigos, cantar fazendo coro, naquela energia de arrepiar. Ah corona… quando tu for embora, vamos pensar duas vezes antes de dispensar aquele convite para uma aglomeração, o abraço vai ser regra, e a gente vai finalmente poder trocar afetos, como bem gosta o povo brasileiro.

Fonte foto – Arquivo pessoal de Luciana Dornelles

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Por Luciana Dornelles Ramos.

 Professora antirracista.
Mestranda em Educação pela UFRGS.
Idealizadora do projeto Empoderadas IG.